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Resident Evil: Revelations

Claudio Prandoni

do UOL, em São Paulo

16/02/2012 17h14

"Resident Evil: Revelations" é um título sensacional. Os gráficos fazem bonito (incluindo aí o efeito 3D), os controles funcionam de forma satisfatória e, principalmente, a história consegue equilibrar momentos de puro terror e suspense com trechos de muita adrenalina e tiroteios intensos. A campanha dura cerca de 8 a 10 horas e o jogo ainda traz um extenso modo multiplayer online, várias fases para habilitar e diversos equipamentos personalizáveis.

O único ponto negativo contundente é a necessidade do desajeitado acessório Circle Pad Pro (que adiciona um disco analógico extra ao 3DS) para que os controles funcionem perfeitamente. Fora isso, é um cartucho obrigatório na coleção de qualquer dono de Nintendo 3DS, ao lado de "Super Mario 3D Land" e "Mario Kart 7".

Introdução

Quando o Nintendo 3DS foi revelado oficialmente no meio de 2010, um dos títulos prometidos que mais chamou atenção foi "Resident Evil: Revelations", episódio da série exclusivo para o portátil que prometia não apenas expandir ainda mais o universo da popular série de zumbis da Capcom, mas também resgatar o terror e suspense que tanto marcaram os primeiros títulos e foram deixados de lado nas últimas versões.

Além da campanha principal para um jogador, o game apresenta também o Raid Mode, uma opção de partida multiplayer online (seja em rede local ou pela internet) que oferece fases cheias de desafios e armas diversas que podem ser personalizadas.

Pontos Positivos

Estilos afinados

"Revelations" consegue achar o equilíbrio que as versões para consoles maiores não encontraram nos últimos: há sintonia total entre momentos de suspense com partes de tiroteios frenéticos. De fato, enquanto a clássica Jill Valentine e o novato Parker exploram o navio de cruzeiros Queen Zenobia, há momentos que remetem àquela antiga mansão, do primeiro "RE", com corredores estreitos, quartos e salões luxuosos e monstros em cada canto (e armário).

Em contrapartida, há trechos em que a dupla enfrenta hordas imensas de inimigos, um atrás do outro, e o lance é sentar o dedo no gatilho e torrar a munição nos monstros. "Revelations" introduz também um competente sistema de capítulos, com cerca de meia hora cada um, que ajudam a renovar a experiência, mostrando outros personagens em locais diferentes, ajudando também a mostrar mais elementos da trama.

Seja você um fã saudoso dos velhos "RE" ou um recruta mais recente na luta contra o bioterrorismo, "Revelations" certamente traz o bastante do estilo que você gosta assim como variedade para não cansar.

Multiplayer online

A Capcom foi a única produtora a utilizar jogatina online no início de vida do Nintendo 3DS, com "Super Street Fighter IV 3D Edition", e agora volta para aprimorar a participação do portátil na internet. "Revelations" traz um incrível multiplayer, chamado Raid Mode (e habilitado apenas depois de vencer o terceiro capítulo da campanha principal), que permite que duplas encarem fases repletas de monstros.

Conforme o jogador avança, os personagens e armamentos evoluem, ganhando novas roupas e habilidades. As partidas não contam com suporte a chat por voz, mas nem precisam: as fases são tão lineares que não há como se perder ou mesmo muito o que planejar, é só seguir em frente mandando bala em tudo que se mexer.

Gráficos excelentes

Mais uma vez a Capcom dá show com o hardware do 3DS, apresentando um visual impressionante em "Resident Evil: Revelations". Os modelos de personagens são bem detalhados e com boas animações, enquanto os cenários convencem, ainda que sem esbanjar demais. Claro, é possível encontrar uma ou outra textura estourada demais, mas de forma alguma isso compromete a experiência.

O modo 3D estereoscópico é bem eficiente, sem incomodar mesmo na intensidade máxima e durante partidas extensas. Uma novidade: pelo menu de opções é possível deixar o efeito ainda mais forte, para aqueles que acharem que está muito fraco. Aliás, pelo menu é possível mexer também em outros detalhes, como cor da mira e visão em primeira ou terceira pessoa para atirar.

O preço de tanta qualidade vem na forma de alguns loadings bem extensos, no meio da partida, ao tentar abrir uma porta ou pegar um elevador, por exemplo. Felizmente, são bem raros.

Resgate do estilo clássico

"Resident Evil" fez seu nome sendo um game de 'horror de sobrevivência' - aliás, a série praticamente cunhou o termo. Por isso, é uma boa surpresa ver que "Revelations" retoma a fórmula clássica, mas sem esquecer de modernizar os controles.

O game é conduzido basicamente pela personagem Jill Valentine, uma veterana de "Resident", que explora o navio Queen Zenobia. O ambiente luxuoso transporta o jogador imediatamente para a Mansão Spencer, icônico cenário do primeiro "Resident Evil".

Os ambientes são claustrofóbicos e as cenas de Jill alternam exploração e combates contra criaturas horrendas - e eventualmente alguns sustos. A dificuldade vem na medida certa: nem difícil demais para desanimar, nem fácil ao extremo para perder a tensão. Em "Revelations", você fica apreensivo ao dobrar uma esquina ou passar por uma janela.

Quando a personagem não é a Jill, o game ganha mais contornos de um título de tiro, com mais ação no lugar da exploração. Nessas horas, o game tende a ficar mais tedioso, mas, por sorte, é a menor parte do jogo.

Controles melhores

A não ser que se use o desajeitado acessório Circle Pad, os controles nos consoles e PC ficaram bem melhores. Com um esquema similar a um game de tiro em primeira pessoa, que usa os dois analógicos para mover os personagens, os comandos não são problema em "Revelations".

Pontos Negativos

Controle dividido

"Resident Evil: Revelations" consegue a proeza de colocar todos os comandos de um controle normal de videogame nos botões do 3DS. Funciona? Sim, mas não é perfeito. Por exemplo, "Revelations" permite andar e atirar ao mesmo tempo, mas para isso você deve deixar a mira travada. Ou seja, não dá para recuar de um monstro e atirar na perna para diminuir a velocidade e depois emendar um balaço na cabeça - ao menos não de forma ágil.

A questão se resolve com o desajeitado apetrecho Circle Pad Pro, que acrescenta um disco analógico e mais dois botões de ombro ao 3DS. Nesta configuração, andar e mirar fica muito mais fácil e atirar ganha os mesmos contornos do joystick convencional, com gatilho superior esquerdo para mirar e o da esquerda para atirar. O problema, claro, é que o acessório é grande, feio, representa um gasto adicional e ainda por cima é difícil de ser encontrado no Brasil.

Poucos puzzles

"Revelations" faz um bom trabalho em reviver o terror sinistro dos primeiros "RE", mas para por aí no resgate à velha fórmula. Os enigmas ficaram de lado, representados apenas por um único tipo de minigame, em que se deve colocar bolinhas em pontos luminosos para ativar painéis, e que aparece bem pouco durante o game.

Falta conteúdo

Para um game de preço cheio, "Resident Evil: Revelations" fica devendo um pouco de substância. Trata-se, basicamente, do mesmo conteúdo da versão para Nintendo 3DS. No portátil era suficiente, mas um game de console exige-se um pouco mais.

Não se engane: o conteúdo em si é ótimo, mas a campanha dura por volta de dez horas, e o modo raide, também muito divertido, não parece suficiente para ocupar muito mais tempo do jogador.

Visual inconsistente

Sendo uma conversão de um game para 3DS, claro que não dava para esperar gráficos do nível de um "Resident Evil 6", que já nasceu nos consoles. Dito isso, há uma discrepância grande entre os elementos bem-feitos e outros não muito legais.

Não tem o que falar dos personagens, principalmente os femininos - parece que a Capcom capricha bem mais para fazer as mulheres -, que estão excelentes. Além disso, os cenário dentro do navio, em geral, estão muito bonitos.

Porém, o mesmo não pode ser dito de outros ambientes, como é o caso do prédio da Terragridia, um tanto genéricos. Também nota-se algumas texturas muito 'estouradas', perdendo completamente a definição.

Nota: 9 (Excelente)