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Super Smash Bros. for Nintendo 3DS

Claudio Prandoni

Do UOL, em São Paulo

07/10/2014 11h09

Era só questão de tempo e, na real, demorou, mas finalmente a série "Smash Bros." ganhou uma versão portátil e a espera valeu.

"Smash Bros. for 3DS" é um jogo extremamente competente, divertido e vasto, que transporta a experiência 'smash' da melhor maneira possível para um pequeno console. Certas limitações técnicas e até mesmo físicas podem incomodar, como controles, tamanho de tela e opções online regulares, mas não são o bastante para diminuir o valor e a diversão.

Além de um já esperado cardápio recheado de modos de jogo bem diferentes e uma oferta de lutadores extremamente variada e eclética, este "Smash" faz bonito no conteúdo exclusivo para portátil, em especial o Smash Run, que alia variedade e desafio em doses rápidas e satisfatórias.

"Smash Bros. for 3DS" brilha com identidade e qualidade próprias, mas também serve como bom indicador do que esperar da versão 'maior' para Wii U, com gráficos ainda mais bonitos e a possibilidade de compartilhar lutadores personalizados.

Introdução

"Smash Bros." nasceu como um estranho projeto de Nintendo 64 exclusivo para o mercado japonês e em menos de uma década se elevou à condição de franquia essencial da Nintendo.

Assim, era de se estranhar então que ela ainda não tivesse aparecido em um console portátil da empresa, um dos principais pilares da companhia. A quarta geração da série de luta (ou não) corrige essa falha fazendo uma dobradinha com o Wii U, que recebe mais para o final do ano praticamente o mesmo jogo com gráficos em alta definição e outras pequenas diferenças.

"Smash Bros. for Nintendo 3DS" busca transportar para o pequeno videogame a experiência intensa e competitiva do antigo "Melee", de GameCube, com o vasto conteúdo de "Brawl", do Wii, indo desde a imensa seleção de lutadores e modos de jogo até músicas e troféus e outras curiosidades do universo Nintendo.

Pontos Positivos

Conteúdo de sobra

Impossível não se impressionar com a quantidade de opções que "Smash Bros." oferece. No começo, os muitos menus e botões de ajustes podem até assustar e confundir, mas é rápido e intuitivo se habituar a tudo - e daí pra frente é só alegria.

O game oferece diversas maneiras de jogar sozinho ou em grupo, em rede local ou online. Como de costume, é possível personalizar quais itens aparecem ou não nos combates. A variedade de cores para cada lutador aumentou e agora há oito opções para cada um - isso quando a roupa não muda completamente, como acontece com Wario, Zero Suit Samus e alguns outros.

As dezenas de centenas de troféus com figuras marcantes dos games da Nintendo também voltam, privilegiando figuras que apareceram no hiato de tempo entre "Brawl" e estas novas versões, como jogos de 3DS e Wii U.

Convidados especiais marcantes dão mais cor à festa: Sonic volta com seus rápidos golpes acompanhado dos queridinhos Mega Man (e um Final Smash brilhante, prestando tributo a várias gerações do herói) e o imortal Pac-Man, mascote da Namco Bandai, estúdio que ajudou na produção destes novos "Smash".

Muito disso soa como repeteco, mas há grandes novidades. Agora é possível personalizar guerreiros, elegendo desde insígnias que mudam atributos a exemplo de força e velocidade e até mudando completamente os golpes deles. Link, por exemplo, pode ganhar bombas maiores e mais potentes enquanto Sonic pode mudar seu Spin Dash para incluir fogo no golpe. Cada lutador customizado pode ser salvo para ser selecionado rapidamente e, futuramente, ser enviado para a versão de Wii U.

Ainda assim, há concessões que podem incomodar veteranos. Não há um modo campanha tão elaborado quanto o fantástico Subspace Emissary e o editor de estágios também ficou de fora.

Exclusivos do 3DS

Boa parte do novo "Smash Bros." de 3DS é igual ao que veremos no game de Wii U, mas a equipe do dedicado Masahiro Sakurai dedicou tempo a criar conteúdo de qualidade exclusivo para o portátil - e isso faz boa diferença.

De cara, há cenários inspirados em games do portátil, homenageando eras diversas. Kirby ganha uma fase com moldura do bom e velho Game Boy 'tijolão', enquanto os filhotes - caninos e felinos - de "Nintendogs" aparecem em fase própria. "Zelda: Spirit Tracks", "Kid Icarus Uprising" e dois 'Marios' - "3D Land" e "New Bros. 2" - são outros exemplos de títulos portáteis que inspiraram fases no game.

Porém, a estrela dessa vibrante árvore de Natal é o Smash Run, em que quatro lutadores exploram uma enorme fase durante cinco minutos, coletando tesouros e outros power ups, para depois se enfrentarem em um combate final. A tal decisão pode variar desde lutas todos-contra-todos até batalhas em equipes ou inusitadas corridas.

O bacana é que o Smash Run consegue aliar a exploração de um jogo de aventura com a competitividade marcante de "Smash Bros." de uma maneira intensa e rápida. Em pouco mais de cinco minutos tudo acabou e já dá pra começar outra disputa ou fechar o videogame e voltar a cuidar do que estava fazendo.

Mecânica refinada

O ajuste é fino, mas notável. "Smash Bros. for Nintendo 3DS" muda de leve a jogabilidade, achando um ótimo meio termo entre "Melee" e "Brawl".

Os combates são um pouquinho mais lentos e os lutadores parecem mais 'sólidos', com um peso que ajuda a ter melhor noção do impacto dos golpes. Como já divulgado, elementos aleatórios, como o polêmico escorregão ficam de fora em prol de combates mais técnicos.

A princípio, algumas pessoas podem estranhar a velocidade mais cadenciada do game, mas com o tempo é fácil notar como isso só traz benefícios. Novatos podem se habituar mais facilmente ao caos das lutas e guerreiros mais técnicos conseguem calcular melhor os golpes e traçar estratégias mais eficientes.

Pontos Negativos

Tela pequena

Não tem jeito: "Smash Bros." é um tipo de jogo que foi projetado originalmente para televisões e funciona melhor assim, em telas grandes.

Não que seja impossível jogar no 3DS, mas claramente não é a maneira ideal de curtir as lutas do game. Claro, jogar em um 3DS XL diminui bastante o problema e muitas pessoas sequer vão se importar com isso, mas é inevitável ficar com a sensação de que algo está se perdendo - seja uma visão melhor da bagunça toda, sejam pequenos detalhes nos heróis e cenários que se perdem nos diminutos pixels do portátil.

Lutadores cortados

O poderio técnico - ou falta de - do 3DS foi responsável por ao menos uma vítima no plantel: o casal Ice Climbers. Segundo o próprio diretor Masahiro Sakurai, o hardware do portátil não conseguiu rodar de forma decente os dois lutadores ao mesmo tempo, resultando no corte deles do elenco.

Outra ausência sentida é de Solid Snake, agente secreto da série "Metal Gear" que apareceu em "Brawl". O motivo, ao menos até agora, não foi revelado. Será que a Konami desta vez não deixou? Será que Sakurai achou que seria exagero ter quatro convidados especiais? Rumores sugerem que ele e outros foram guardados para serem lançados no futuro, como conteúdo extra para download.

A lista se prolonga, com figuras como Mewtwo e Roy, mas o resumo é que alguns lutadores ficaram de fora em detrimento de (ótimos!) novos guerreiros. Não chega a ser algo pior ou melhor, apenas diferente, mas que muitos veteranos devem levar em conta.

Nota: 9 (Excelente)