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Starcraft II: Legacy of the Void

Rodrigo Guerra

Do UOL, em São Paulo

19/11/2015 11h40

Quando "StarCraft II" foi anunciado, oito anos atrás, a Blizzard disse que seria um game dividido em três partes, uma dedicada a cada raça do jogo. A primeira parte, chamada "Wings of Liberty", saiu em 2010, a segunda, "Heart of the Swarm", veio em 2013 e neste último dia 10 de novembro chegou "Legacy of the Void", marcando o final de uma campanha que se arrastou por cinco anos e o início de uma nova era dos games da empresa no âmbito do eSport.

Aqui a Blizzard consegue mostrar que, quando se trata de jogos de estratégia em tempo real, ela é imbatível e, atualmente, não existe nenhum jogo que rivalize com "Legacy of the Void".

Campanha empolgante, mas repetitiva

O final da trilogia conta como os Protoss lutam contra uma ameaça que pode por o fim na raça inteira - de uma maneira que eles nunca imaginavam ser possível. Não entrarei em detalhes, mas é fácil dizer que esta é a melhor campanha da Blizzard nesse universo.

Ainda existem muitos diálogos para mostrar as motivações e os caminhos escolhidos pelos protagonistas, mas isso não estraga o ritmo: o roteiro é instigante e cresce de forma eletrizante, encerrando em uma cena em computação gráfica de tirar o fôlego, digna do que se espera dos jogos da Blizzard. Talvez a história seja mais empolgante devido à sua curta duração – levei cerca de seis horas de jogo para chegar ao fim.

Já a estrutura das missões segue o mesmo padrão visto anteriormente em "Wings of Liberty" e "Heart of the Swarm", no qual o jogo se presta mais como um grande tutorial básico dos Protoss, mostrando como controlar unidades em missões que tentam se diferenciar, mas que podem ser resumidas em "controlar pontos estratégicos do mapa" ou "segure a posição o maior tempo possível".

São poucas as missões que permitem uma aproximação diferente, nas quais é possível controlar heróis com habilidades especiais. Algumas missões do Prólogo, por exemplo, são jogadas na pele de Zeratul, um dos principais guerreiros dos Protoss. Infelizmente, esses momentos são raros e escassos. A campanha ainda faz homenagem aos primeiros games da série, com unidades antigas que só podem ser criadas nesse modo.

Porém, ainda existem segredos por trás da Lança de Adun, a grande nave ancestral dos Protoss que serve como base de operações para a campanha. Assim como nos games anteriores, o jogador tem em suas mãos o poder de criar upgrades e personalizar seu exercito para as batalhas.

A Lança ainda possui poderes especiais que podem ser usados durante as missões, como criar Cristais Energéticos em qualquer lugar do mapa ou soltar um raio devastador em cima das tropas inimigas. A Lança gera outras possibilidades de estratégia e permite que você jogue a campanha mais algumas vezes só para melhorar o desempenho e, quem sabe, conseguir novas Conquistas e Retratos de Perfil.

Multiplayer disputado

Por mais que a campanha dos Protoss seja o principal motivo de vendas, é o multiplayer competitivo que vai fazer a comunidade se movimentar nos próximos anos. Com novas unidades, "Legacy of the Void" revitaliza as partidas online do jogo ao mesmo tempo em que não foge das suas raízes.

Não sou o melhor jogador do gênero, nem tenho pretensão de ser, mas é fácil notar que novas estratégias vão se formar em torno das duas novas unidades que chegam em cada exército, sem falar que o balanceamento constante da Blizzard nos dá um certo conforto que as coisas não saiam do eixo.

A forma de jogar continua inalterada, o que é ótimo, já que a série "StarCraft II" acertou em cheio em suas mecânicas. Os jogadores de longa data vão notar que existem 'mini campeonatos' que acontecem todos os dias, uma ideia bem legal por parte da Blizzard, já que o potencial de engajamento é exponencialmente aumentado apenas com um troféu virtual que fica no perfil do jogador – eu mesmo já fiquei feliz por ter conseguido não ficar entre as últimas colocações nos embates que disputei.

Mas a melhor novidade no modo multijogador são as partidas cooperativas que permitem escolher entre seis heróis (Raynor, Kerrigan, Zagara, Swann, Artanis  e Vorazun) que continuam a evoluir suas habilidades e poderes conforme você vai jogando mais e mais. Porém, diferente de um "Heroes of the Storm" ou "Warcraft III", no qual você controla os heróis diretamente no campo de batalha, os heróis apenas dão vantagens para seu exército para chegar ao objetivo.

O modo Arconte também é uma novidade legal no qual os dois jogadores devem controlar uma única base, dividindo recursos e até estratégias. Inclusive, pessoas que são péssimas no microgerenciamento podem se concentrar em menos tipos de unidades e deixar para o parceiro outra parcela de tropas.

No final das contas, "Legacy of the Void" é o melhor jogo da série, mesmo que tenha problemas e ausências presentes em todos os jogos com o título "StarCraft II". Se você estava buscando entrar nesse mundo de estratégia em tempo real, esse é o jogo que estava procurando. 

Nota: 9 (Excelente)