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Brothers in Arms: Earned in Blood

08/11/2005 18h15

A Segunda Guerra Mundial é, disparada, o evento bélico preferido entre as produtoras de games. Baseado nela já se viu quase de tudo: simuladores de vôo, de tanque, de submarino, jogos de estratégia em tempo real, em turnos, adventures e, principalmente, games de tiro em primeira pessoa.

Por isso mesmo, a concorrência é feroz: nos chamados "shooters", só para citar três, há "Call of Duty", "Medal of Honor" e "Return to Castle Wolfenstein". Ou seja, conquistar um lugar ao Sol nesse nicho é parada duríssima. Mesmo assim, isso não impediu a Ubisoft de arriscar-se e a produtora escolheu uma jogabilidade baseada na tática de esquadrões para dar vida a "Brothers in Arms", lançado em março de 2005.

Tendo recebido boas críticas por parte da imprensa especializada e, naturalmente, conquistado a sua legião particular de fãs, era pura e simples questão de tempo para que o jogo virasse franquia, recebendo uma continuação. Esta veio cerca de sete meses depois e, portanto, não dá para esperar novidades bombásticas em "Earned in Blood".

Nada de novo

Para o papel de protagonista, sai Matt Baker, entra Joe "Red" Hartsock, um dos sargentos que apareceream na versão original. A campanha (modo Story), com pouco mais de dez capítulos, conta a saga de um dos integrantes da US Airbone que aterrisou na França antes do Dia D. Sob o ponto de vista de Hartosck, você vivenciará a atmosfera que envolve a guerra, em missões baseadas em relatos reais de quem esteve lá.

Como os fatos se estendem a semanas depois da invasão da Normandia, muitos dos capítulos são narrados como "flashbacks", através das conversas do protagonista com um oficial superior, devidamente reproduzidas por animações que utilizam o estilo gráfico do próprio jogo.

Cabe aqui citar logo o excelente trabalho realizado na dublagem do protagonista. A trilha sonora, como um todo, é muito boa, mas as vozes de Hartsock se sobressaem ao transmitir a dramaticidade de estar no meio de um tiroteio ou até mesmo de um bombardeio, sabe-se lá. Nesse sentido, o game é perfeitamente trabalhado para envolver quem está do outro lado da tela.

Uma vez no campo de batalha, quem está familiarizado com "Brothers in Arms" se sentirá em casa. Os quatro "F"s ("find", "fix", "flank" e "fire"), que em português significam "encontrar", "fixar", "flanquear" e "atirar", compoem o beabá da jogabilidade tática.

É uma fórmula com a qual se resolve a maioria das situações do jogo: antes de qualquer coisa, encontre os inimigos (é claro!), que normalmente estão protegidos por obstáculos; em seguida, fixe-os, ou seja, ordene para que seus aliados atirem sem parar em sua direção, dificultando o revide; depois, contorne pelos flancos o local onde estão os oponentes até conseguir visualizá-los; como eles estarão provavelmente ocupados com a chuva de balas, bastará então atirar até derrotá-los. Ok, nem sempre é tão fácil assim, mas o espírito é esse.

Para ajudar, existe o "Situational Awareness", um mapa áereo do território que mostra ao jogador a sua localização, a de seus aliados e, quando já visualizados, a dos inimigos. Com este essencial recurso, torna-se possível planejar estratégicamente todo e qualquer movimento, bem como conhecer os cenários e as possibilidades de cobertura que este eventualmente ofereça.

Há dois aspectos sobre o qual passamos rapidamente, mas que convém abordar com maior afinco. O primeiro é a tal "chuva de balas", que o jogo chama de "supression" ("supressão"). Existe até um medidor, que varia entre cinza e vermelho para indicar o quanto um inimigo está cerceado pelos tiros. Tal qual já foi dito, este aspecto é importante porque atrasa e prejudica as ações adversárias, deixando o caminho livre para você. Por isso, sempre que você tiver aliados à disposição e precisar correr sob cobertura, já sabe o que fazer.

Por falar em aliados, eles são o segundo dos dois aspectos citados no início do parágrafo anterior. Mover, atirar e recuar são algumas das ordens de comandos básicas que podem ser dadas a eles. Ainda é possível dizer para que "assaltem", o que consiste em um ataque suicida no qual os aliados correm em direção ao oponente no melhor estilo "matar ou morrer".

Múltiplas diferenças

Os mais desavisados, ao jogarem, "Earned in Blood" no PlayStation 2, podem ter a péssima impressão de que "jogos de ação em primeira pessoa não dão mesmo certo nos videogames". É claro que se trata de uma opinião equivocada, mas, pela segunda vez, o console da Sony recebeu uma versão bastante inferior às lançadas para PC e Xbox.

Tudo parece ter sido limitado, desde os cenários - mais pobres e, por conseqüência, com menos alternativas - até a inteligência artificial, que chega a ser sofrível. É lógico que seus aliados, por mais que se esforcem, nem sempre cumprem suas ordens da melhor maneira, expondo-se ao fogo inimigo. No PS2, porém, essas situações são bastantre freqüentes e, como se já não bastasse tanto, há várias "brechas" que o jogador pode utilizar para eliminar os soldados com pouco trabalho, dispensando os quatro "F"s.

Tantas e tão graves deficiências fazem com que a experiência no console da Sony simplesmente não valha a pena, enquanto no Xbox e no PC, embora "Earned in Blood" não melhore significativamente em relação ao anterior, os progressos são visíveis, inclusive na inteligência artificial. As diferenças são tantas que justificam uma nota final diferente (e naturalmente, inferior) para o PlayStation 2.

Ao menos, as três versões compartilham o bom modo multiplayer, que abrange inclusive o estreante Skirmish, que consiste em missões baseadas em objetivos nos quais um lado incorpora os Aliados, enquanto o outro assume as forças alemãs. Há missões de defesa, em que é preciso resistir a levas e mais levas de adversários, outras limitadas por tempo etc, sendo o modo compatível também com single-player (no Xbox e PS2, em tela dividida).

Além disso, "Earned in Blood" inclui o multiplayer convencional que, a exemplo do antecessor, também funciona com missões por objetivos. São cerca de 20 mapas disponíveis desta vez, com missões táticas o suficiente para não deixar a jogabilidade se transformar em puro mata-mata, conseguindo levar para as disputas com adversários de carne e osso desafios semelhantes aos vistos no single-player.

Autêntico

Sejamos honestos: "Earned in Blood", com todo seu arrojo e competência, pode divertir tanto quanto "Road to Hill 30", mas é difícil, para quem vê, diferenciar os dois. As semelhanças são gritantes, mas não a ponto de afirmar que a nova versão poderia ser uma expansão do original.

Toda a autenticidade e o desafio inteligente a que a série se propôs deixam-se ver novamente em "Earned in Blood", o que por si só é razão suficiente para que os jogadores chegados a um bom jogo de tiro arrisquem-se sem medo. Em tempo: isso não vale para a versão de PlayStation 2, a qual, como já dissemos, convém evitar, principalmente se você dispor de um Xbox ou de um PC.

Nota: 8 (Ótimo)