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Dungeonland

Rodrigo Guerra

Do UOL, em São Paulo

04/03/2013 16h55

O Critical Studio teve uma boa ideia: um game que transforma em parque temático as partidas de RPG de mesa. O principal está lá: dois modos de jogo, gráficos bacanas e um modo multiplayer legal. Entretanto, o game é impiedoso e cruel, sem falar da inteligência artificial que mais atrapalha do que ajuda. É um game curioso, mas só vale a pena ser jogado com amigos. Do contrário, é melhor nem chegar perto, pois você pode se frustrar.

Introdução

Criado pelo Critical Studio, “Dungeonland” é um produto 100% brasileiro. Nele, os jogadores devem escolher uma das três classes (mago, guerreiro ou assassino) e se aventurar em um parque temático, onde a diversão é destruir monstros e coletar tesouros.

Pontos Positivos

Divertido com amigos

Uma coisa que o estúdio Critical fez muito bem foi a mecânica de jogo em grupo. Os itens deixados pelos adversários são compartilhados, ou seja, se um amigo pegar moedas ou itens de cura, todos os que estão no grupo também são beneficiados.

Sem falar das situações onde é necessário trabalho em equipe para conseguir passar de um chefe. O mago, por exemplo, pode usar o campo de força para tornar o guerreiro invencível por pouco tempo, ou usar essa mesma habilidade para proteger um aliado que está revivendo um parceiro que caiu em combate.

Engraçado

Por mais que “Dungeonland” seja frustrante, a jornada pelo parque temático é, no mínimo, engraçada. A dificuldade elevada do game gera momentos desconcertantes e bizarros. Um bom exemplo disso é quando vemos amigos que saem correndo pelo cenário e chamando atenção de dezenas de monstros – o que causa uma sensação de pânico geral na turma que está jogando.

Dois modos bacanas

O game apresenta dois tipos de partida: Adventure Mode e Dungeon Master Mode. O primeiro leva você e mais dois amigos para uma aventura no parque de diversões onde a diversão é matar a maior quantidade de monstros possível. O segundo permite que um quarto jogador se junte à diversão, mas sendo o “mestre do RPG”, colocando monstros e inimigos no mapa para destruir os heróis controlados pelos jogadores.

Gráficos fofos, mas macabros

“Dungelonland” é um jogo fofo. Os gráficos cartunescos acentuam a violência do game, mostrando diversos litros de sangue que jorram dos inimigos abatidos. Os monstros são fofinhos ao mesmo tempo em que são muito nojentos, como as minhocas gigantes, os orcs dentuços e outras feras míticas que conseguem colocar um sorriso no rosto mesmo nos momentos mais estressantes.

Pontos Negativos

Muito difícil

Chega ser frustrante o quão difícil é sua jornada após passar pelos portões de “Dungeonland”. Para começar, o modo mais fácil é o Hard (Difícil) e os caras não estavam de brincadeira quando propuseram esse grau de dificuldade.

Só para passar pela primeira área de cada estágio são necessárias algumas partidas para conseguir acumular dinheiro suficiente para comprar equipamentos melhores. Além disso, é necessário ter uma boa sinergia com seus colegas de partida – o que nem sempre acontece.

Mas a dificuldade de ”Dungeonland” é diferente de outros games casca grossa, como "Dark Souls", que é difícil sim, mas de maneira progressiva. Os desafios são aleatórios, tornando o processo de preparação praticamente impossível. Em algumas partidas, basta virar uma esquina para encarar dois monstros gigantes acompanhados de 50 orcs. Em outras, é um grupo de lagartas invocadoras que não deixam os jogadores respirar.

A impressão que fica é que "Dungeonland" é difícil por ser difícil, um jogo que existe apenas para punir os jogadores. As recompensas são muito escassas e não valem o esforço para consegui-las. Mesmo fazendo ‘grinding’ (ficar em um mesmo lugar para ganhar mais dinheiro) o game não perdoa e logo coloca um chefão cruel e malvado em seu caminho para castigá-lo por ter pego alguns baús de tesouros.

IA medíocre

Se for para jogar sozinho, esqueça. Parta para outro game. A Inteligência Artificial é muito fraca e parece que os personagens controlados pelo computador não têm sequer noção de onde estão, não trabalham em equipe e nem se esforçam para sobreviver.

Até mesmo um orc seria mais útil para a equipe do que um personagem controlado pela IA. Ao jogar sozinho, com colegas controlados pelo computador, chega ser frustrante ter que ser o cara que mata monstros, salva os companheiros, coleta tesouros, arma emboscadas, lidera a equipe – tudo isso e ao mesmo tempo em que tenta se manter vivo contra monstros que matam só ao baixar os olhos em você.

O principal problema é que o computador ainda se sacrifica para salvar outros personagens em momentos desnecessários. Como todos os envolvidos compartilham vidas, isso pode resultar em várias perdas ridículas. O pior é que você pode falhar em um mapa mesmo sem ter culpa nenhuma,  ser derrotado só pelo ‘vacilo’ dos personagens do computador.

Esqueça. Se for para jogar alguma coisa sozinho, prefira “Paciência” a “Dungeonland”.

Nota: 6 (Razoável)