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Final Fantasy Type 0 HD

Pablo Raphael

Do UOL, em São Paulo

13/04/2015 12h04

“Type-0 HD” justifica a existência da onda de remasterizações nesse longo começo de vida dos consoles PlayStation 4 e Xbox One. O game é uma nova edição de um “Final Fantasy” recente, mas lançado apenas no Japão para PSP.

Talvez por ter saído no fim do ciclo do PSP e com a pouca atração que a trilogia “Final Fantasy XIII” obteve, o jogo tenha ficado restrito ao mercado nipônico. Agora, no PS4 e no Xone, os fãs podem conhecer a saga dos cadetes da classe Zero no meio de uma guerra de tons bem mais sombrios do que a média para um “Final Fantasy”.

Com boas idéias antigas que parecem novas, personagens interessantes e uma excelente trilha sonora, “Type 0-HD” resgata um pouco da magia dos RPGs japoneses - o que, nos dias de hoje, não é um feito pequeno.

Introdução

Em “Final Fantasy Type-0 HD” você controla os cadetes da classe Zero, os melhores soldados da academia militar Vermillion Peristylium, envolvidos na guerra entre sua nação, o Dominion de Rubrum e o invasor Império Militesi.

O sistema de combate segue o estilo de “Crisis Core” e coloca você no controle de um dos cadetes (mas pode trocar entre os membros do grupo com o toque de um botão) em lutas que acontecem em tempo real.

Além de trazer o jogo para o ocidente, “Type-0 HD” faz um bom trabalho gráfico nos protagonistas e acrescenta novos níveis de dificuldade, mas descarta o modo multiplayer presente no PSP.

Pontos Positivos

Ambientação envolvente

“Type-0 HD” não é como os “Final Fantasy” tradicionais, mas é mais próximo deles do que a trilogia “Final Fantasy XIII”, principalmente na ambientação e no ritmo do jogo - que se concentra muito nos combates, mas dá espaço para a exploração e desenvolvimento dos personagens.

No game, os 14 cadetes da Classe Zero participam de missões e batalhas para salvar regiões do Dominion ocupadas pelo Império Militesi. Quase todos os membros do grupo tem nomes derivados de cartas de baralho e mesmo sendo muitos, são dotados de personalidade e logo você acaba se envolvendo com alguns deles - exceto o protagonista Ace, que é meio que uma página em branco e serve como avatar do jogador nesse grupo.

Por se passar em meio a uma guerra, o jogo não pega leve: nas cenas iniciais (uma daquelas longas e incríveis sequências de computação gráfica que só a Square Enix consegue fazer), você vai ver jovens morrendo em um campo de batalha e, pior ainda, um chocobo sofrendo até morrer. Essa cena inicial já dá o tom de “Type-0 HD”: um jogo mais sombrio do que os “Final Fantasy” anteriores, onde aquela inocência do passado está ameaçada e não há muito o que você possa fazer quanto a isso, exceto aceitar os fatos e lutar de volta.

O mundo do jogo é cheio de pequenas vilas para explorar durante as missões, que são curtinhas (variando entre 15 e 20 minutos). “Type-0 HD” era um game portátil, é bom lembrar. Mesmo com o foco constante nas batalhas, o jogo faz um bom trabalho no desenvolvimento dos personagens (Rem e Machina, em especial) e passa uma sensação de liberdade e descoberta em cada novo cenário visitado.

Combates empolgantes

Os heróis de “Type-0 HD” são jovens estudantes, mas estão envolvidos em uma guerra. Por isso, o jogo se concentra muito nos combates. O sistema é bastante orientado para a ação, mas as lutas contra os chefes em geral exigem uma dose de estratégia para não terminar na tela de “Game Over”.

Os cadetes se dividem entre os que lutam de longe (como o próprio Ace e seu baralho mágico) e os combatentes de perto, que usam lanças e espadas, por exemplo. Você pode montar o grupo com 3 cadetes que escolher e colocar outros tantos como reservas, mas depois de um tempo, vai notar que aqueles que lutam de longe são sempre as melhores escolhas.

As lutas são rápidas e você conta com movimentos de esquiva muito úteis. Os inimigos são variados, principalmente os subchefes, que costumam pilotar grandes máquinas de guerra - dando ao game uma pegada meio “Final Fantasy VII” - e você conta, claro, com as clássicas “Summons”, criaturas monstruosas e poderosas invocadas para lutar pelo jogador.

Ao selecionar os três membros do grupo, é sempre bom lembrar que você pode alternar entre eles ao toque de uma seta no direcional. Isso ajuda a aliviar a frustração ao perceber, no meio da batalha, que um dos companheiros está só correndo para lá e para cá e o outro perdendo tempo com inimigos menores ao invés de se concentrar na ameaça principal.

Pontos Negativos

Problemas do PSP

“Type-0 HD” herda alguns dos problemas do jogo original, principalmente a câmera frenética que insiste em apontar para os lugares errados. Depois de um tempo, você se acostuma a ajustar a câmera, principalmente fora de combate. O problema maior acontece dentro das batalhas: você precisa s esquivar, travar a mira em certos alvos (e o jogo as vezes insiste em travar nos alvos errados) e para isso, o posicionamento da câmera é muito importante. E lidar com esse detalhe no calor da batalha é algo que pode ser frustrante.

Remasterização incompleta

Por mais louvável que seja a Square Enix adaptar “Final Fantasy: Type-0” para os consoles atuais, é preciso reconhecer que poderia ser uma remasterização melhor: os protagonistas do jogo estão muito bem feitos e cheios de detalhes, em alta resolução, aquela coisa toda. Mas o resto do jogo não é tão bem feito assim.

Como você vê os cadetes mais tempo na tela do que qualquer outra coisa, isso nem incomoda tanto, exceto quando eles interagem com algum personagem “mais simples”. Aí bate uma sensação esquisita em quem está assistindo. Além disso, nos consoles o jogo deixou de fora o modo multiplayer, uma das características mais bacanas do “Type-0” original.

Dito isso, por mais óbvias que sejam as razões de mercado, é difícil justificar o lançamento de “Type-0 HD” apenas para PS4 e Xbox One. O jogo deveria estar também no PS3, no Xbox 360 e até mesmo no portátil PS Vita.

Nota: 8 (Ótimo)