Topo

Final Fantasy XIII-2

Pablo Raphael

do UOL, em São Paulo

13/02/2012 12h32

"Mudar o futuro para consertar o passado" é um dos mantras de "Final Fantasy XIII-2". Parece que essa foi a intenção da Square Enix na sequência direta de "FF XIII". O game tem boas sequências de ação, cidades e uma progressão menos linear do que seu antecessor. O sistema de combate, um dos pontos altos de "Final Fantasy XIII", retorna aprimorado e a adição de monstros colecionáveis vai consumir muitas horas dos jogadores mais entusiastas.

Introdução

Sequência direta de "Final Fantasy XIII", o novo RPG da Square Enix leva você de volta ao mundo de Grand Pulse e Cocoom. Na aventura, Serah e seu novo parceiro, Noel, viajam no tempo para ajudar Lightning. No caminho, os heróis descobrem o que aconteceu com os outros personagens da aventura original, como Snow e Hope.

Pontos Positivos

Personagens carismáticos

"XIII-2" tem apenas 2 personagens fixos no grupo de heróis: Serah e Noel. Lightning, que estrela a capa do jogo, tem seu papel na aventura, mas é sua irmão mais nova, inexperiente e relutante, quem ocupa o centro das atenções.

É difícil, no começo, gostar de Serah: ela usa a mesma animação de movimentos da garotinha Vanille, de "Final Fantasy XIII" e está sempre indecisa e com medo. Bem diferente da irmã, uma militar por formação.

Noel, por sua vez, é o último sobrevivente da raça humana, vindo de 700 anos no futuro. Visualmente, é difícil de acreditar que um rapaz tão engomado tenha sobrevivido. O traço de Tetsuo Nomura, de "Kingdom Hearts", salta aos olhos em "XIII-2", bem mais do que no game anterior.

Deixando a aparência de lado, Noel é um herói como poucos antes na série: decidido, pronto para a ação e sem tantas fraquezas quanto os protagonistas de outros "Final Fantasy".

Como a trama gira em torno da dupla, "Final Fantasy XIII-2" consegue aprofundar melhor os personagens, seu amadurecimento e evolução e a relação entre eles. O grupo pequeno de "XIII-2" funciona muito melhor para a narrativa do que grupos maiores, como os de "Final Fantasy XII" ou mesmo a turma de Lightning no game anterior.

Caius, o vilão de "Final Fantasy XIII-2", já tem lugar garantido no panteão de grandes adversários da série da Square Enix. Ele não é um personagem maligno simplesmente por ser malvado. Conforme suas motivações se tornam claras, é difícil para o jogador não entende-lo e até mesmo simpatizar com ele.

Visual impressionante

Uma das vantagens de não ter um mundo fixo, mas uma série de épocas e locações conectadas por portais através do tempo, é a liberdade para criar cenários incríveis. "Final Fantasy XIII-2" impressiona com suas paisagens e criaturas.

As sequências de animação são de cair o queixo, como é de se esperar da Square Enix. Agora, durante algumas cenas, você pode interagir pressionando botões rapidamente, seja para decidir um duelo ou para escolher se o herói vai disparar uma magia ou usar sua arma.

"XIII-2" pode ser um jogo menor do que a maioria dos "Final Fantasy" - você vai do começo ao fim em cerca de 25 horas - mas seu visual não deve nada aos títulos maiores da série, muito pelo contrário.

Monstros colecionáveis

Não há "summons", as poderosas invocações típicas de "Final Fantasy", em "XIII-2". Em seu lugar, o jogo traz o sistema de "Feral Link": durante a partida, você pode ganhar monstros de diversos tipos. Essas criaturas são usadas em combate, como um terceiro integrante do grupo: você inclui uma delas em um paradigma, conforme seu papel - Commando, Medic, Sentinel, etc. Elas possuem golpes especiais próprios e podem ser aprimoradas com materiais, se fortalecendo e aprendendo novos poderes.

Você pode evoluir as criaturas através de um sistema de fusão e também pode equipar acessórios nos seus monstrinhos, como bonés, peças de metal, trevos de quatro folhas e outros penduricalhos, que alteram seus atributos. O jogo traz muitos monstrinhos, coletar e evoluir todos é uma tarefa que vai consumir muitas horas dos jogadores mais entusiastas.

Pontos Negativos

Falta ritmo nas cenas de ação

Uma das reclamações dos fãs de "Final Fantasy" em relação ao episódio "XIII" era a falta de ação: o sistema de combate, altamente estratégico, deixava pouca coisa nas mãos do jogador. Para solucionar a questão, a Square incluiu os famigerados QTE - Quick Time Events  - momentos em que, durante uma animação, você pressiona os botões que surgem na tela, nas lutas com os chefões.

É uma pena que a produtora nipônica não acertou a mão na hora de desenvolver essas cenas: você começa saltando sobre um gigantesco colosso, corre por seus braços, desvia de tiros dos inimigos e, quando a cena chega ao seu climáx, é sempre um golpe fraquinho, sem emoção. Bem diferente das cenas intensas de um "God of War", "Ninja Blade" ou mesmo "Asura's Wrath".

História confusa

A trama de "Final Fantasy XIII-2" envolve uma série de viagens no tempo, paradoxos e épocas diferentes da história de Grand Pulse se chocando. Não espere, porém, pela elegância do roteiro de "Chrono Trigger", clássico da Square que aborda tema semelhante. As horas iniciais de "XIII-2" são confusas e você segue em frente mais por inércia do que por uma motivação genuína. Somente depois dos primeiros encontros com a trupe de "XIII" as coisas começam a fazer sentido.

O Historia Crux, espécie de túnel do tempo que liga as diferentes épocas e mapas do jogo, não melhora a situação e não dá ao jogador uma sensação imediata de mudar ou melhorar as coisas. Outro elemento que destoa do jogo é o Moogle que acompanha Serah e Noel. O bichinho, que certamente vai agradar as meninas, é um alívio cômico, com seus constantes gritinhos e expressões bonitinhas. Mas esse alívio é usado em excesso, suavizando o drama quando o enredo seria melhor aproveitado no sentido oposto.

Sistema de diálogos

Durante o desenvolvimento de "XIII-2", a Square Enix parece ter prestado atenção aos RPGs ocidentais e inseriu em seu game uma ferramenta típica dos jogos da Bethesda e da BioWare: um sistema de diálogos, cheio de alternativas. Infelizmente, não incluiu nesse sistema nada que mudasse o desenrolar do jogo. Você não faz escolhas nem toma decisões, apenas brinca de bater papo com outros personagens, escolhendo uma linha de diálogo que pouco acrescenta ao enredo.

Paradoxos em forma de puzzles

Em muitos dos cenários visitados durante "XIII-2", você precisa resolver algum paradoxo provocado pela colisão entre as diferentes linhas do tempo. Curiosamente, esses paradoxos assumem a forma de puzzles, em que é preciso atravessar pequenos labirintos, ligar pontos e outras atividades que, embora divertidas, são simples e logo se tornam repetitivas.

Nota: 8 (Ótimo)