Topo

Ikaruga

15/04/2008 17h53

Desde que estreou nos arcades, no final de 2001 no Japão, e no Dreamcast, no ano seguinte, "Ikaruga" adquiriu uma grande reputação entre os jogadores, além de uma imensa legião de fãs. Era apenas uma questão de tempo para que ele chegasse aos serviços de distribuição digital dos consoles desta geração, tamanha era a pressão dos fãs. Eis que, sem muita demora, ele chegou ao Xbox Live Arcade, custando 800 Microsoft Points (US$10) - uma verdadeira pechincha para um clássico do porte de "Ikaruga".

Dificuldade empolgante

O que faz deste um shooter genial, como nenhum outro, é seu conceito de polaridade. Diferente dos outros jogos do gênero, aqui existem dois tipos de projéteis: o preto (com borda vermelha) e o branco (com borda azul). Sua nave possui dois tipos de escudos, um de cada cor, que pode ser trocado a qualquer instante. Quando o escudo branco está ativado, você fica vulnerável aos projéteis de cor oposta, enquanto os de mesma cor lhe servem de energia para sua arma especial. Seus tiros também mudam de cor conforme a troca de escudo, sendo a arma preta mais eficiente contra inimigos brancos e vice-versa.

Primeira fase completa
Como se não bastasse a complexidade da fórmula, o jogador ainda pode realizar combos, eliminando três oponentes de mesma cor em seqüência. Quanto mais trios de oponentes você destruir, mais pontos em cadeia você fará. Levando em consideração o frenesi de inimigos e tiros pela tela e a velocidade da ação, trata-se de uma tarefa quase impossível, que apenas os jogadores mais dedicados conseguirão domar.

A mecânica é tão sólida que dispensa os tradicionais itens e "power-ups" deixados pelos inimigos em shooters comuns. Todos os elementos do jogo giram em torno do conceito de polaridade: inimigos, batalhas contra chefes e até mesmo o design das fases. A fórmula é tão bem explorada que o jogador é constantemente obrigado a trocar o escudo de forma estratégica, seja para sobreviver a uma rajada de tiros ou acumular energia para a arma especial.

Aliás, sobreviver é algo penoso em "Ikaruga". Sua dificuldade é tão assustadoramente elevada que, de duas, uma: ou você ficará frustrado e desistirá por não passar das primeiras fases, mesmo jogando no nível de dificuldade mais baixo, ou se sentirá pressionado a continuar jogando repetidas vezes, até ganhar habilidade suficiente para chegar ao final.

Embora o jogo tenha apenas cinco fases e possa ser terminado em aproximadamente meia hora, você precisará jogar por algumas horas até se habituar com o conceito de polaridade e ganhar a habilidade necessária para conhecer os desafios e chefes que deverá enfrentar. É curioso notar que "Ikaruga" exige tanto ou mais reflexos rápidos, habilidade e concentração que um jogo de corrida ou quebra-cabeça.

Embora o jogo seja basicamente idêntico ao original, algumas funções novas foram implementadas, como tabelas de pontuações online, opção para gravar replays (que podem ser disponibilizados para download) e modo cooperativo para dois jogadores via Xbox Live ou em mesmo local.

Tecnicamente refinado

"Ikaruga" não aparenta ter a idade que tem, graças ao seu visual polido (um espetáculo para a época de seu lançamento) e impecável apresentação. Tudo foi feito com muito esmero, desde os efeitos visuais até a modelagem das naves. O jogo é repleto de momentos e detalhes que lhe conferem um charme único, como as telas de apresentação de cada fase (na verdade, capítulos), com belíssimas cenas aéreas e velozes.

Todo o áudio foi muito bem trabalhado. Até os efeitos sonoros transbordam estilo, com uma voz robótica que anuncia o número de combos, por exemplo. As músicas acompanham perfeitamente a ação veloz do jogo, com composições empolgantes e adequadas para cada cenário, que demoram para se tornarem repetitivas.

Nota: 8 (Ótimo)