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Lord of the Rings: Battle For Middle-Earth II

22/06/2006 00h00

Em 2004, "Battle for Middle-Earth" levou a trilogia de J.R.R. Tolkien ao universo da estratégia em tempo real, algo que a Vivendi Universal Games tentara fazer um ano antes, com "War of the Ring", sem qualquer criatividade.

Com a tecnologia gráfica de "Command & Conquer: Generals" em mãos, a EA Games colocou algumas novidades no caldeirão e deu a "Battle for Middle-Earth" um clima de ação cinematográfico, com centenas de unidades no campo de batalha, animações convincentes e até diferentes estados emocionais para os personagens - sem falar na indispensável presença de heróis, vilões e até cenas dos filmes.

Lavou, tá (quase) novo

Em "Battle for Middle-Earth II", a principal novidade é a presença de elementos e fatos dos livros da série, direito de uso adquirido pela Electronic Arts em meados de 2005. Com isso, a reprodução do universo de "O Senhor dos Anéis" torna-se muito mais completa, com referências que só aqueles que leram a obra reconhecerão.

Para dizer a verdade, tirando as novidades vindas das páginas da trilogia, o jogo é quase uma atualização anterior, ainda que, é preciso admitir, os produtores tenham dado ouvidos às críticas em relação à versão original e alterado certas características no novo episódio. Agora, por exemplo, é possível construir estruturas em qualquer lugar do mapa, e não apenas em pontos pré-determinados, como acontecia na primeira versão.

As batalhas navais também estréiam na série, e ainda que bem-vindas, não aparecem com tanta freqüência nas missões da campanha. Por conseqüência, sem estarem bem integrados ao contexto bélico, os conflitos em alto mar não exercem um papel fundamental no game - para traçar uma comparação, não são tão importantes quanto em "Age of Empires III", por xemplo.

Ao que parece, a defesa mereceu mais ênfase nesta versão, com a possibilidade de construir torres, muros e outras estruturas do gênero. Contudo, aqui também parece ocorrer algo semelhante às batalhas navais, ou seja, uma certa falta de contextualização, haja visto que, dentro da árvore tecnológica, as construções defensivas estão disponíveis com alguma facilidade, diminuindo a importância real das mesmas.

Outra novidade mais notável é a ferramenta de construção de heróis, ideal para aqueles que já enjoaram das longas barbas de Gandalf. Com ela, você cria o seu próprio herói, homem ou mulher, personalizando cabelo, armas e alguns outros acessórios. O recurso é bastante limitado, para ser bem sincero, mas quebra um pequeno galho.

Guerra do Anel

A grosso modo, aqueles que jogaram o original se sentirão em casa em "Battle for Middle-Earth II", que captura com maestria a atmosfera de "O Senhor dos Anéis", marcando a estréia de três facções: elfos, anões e goblins. Há 25 missões divididas entre as duas campanhas para o single-player, uma para o lado do bem e outra para o lado do mal.

Contudo, à essa altura das coisas, é difícil encontrar algo que já não tenha sido visto em outros jogos baseados na saga. Normalmente, o segredo para vencer as missões é armar a defesa de suas estruturas e resistir tempo suficiente para pesquisar todas as atualizações e, então, realizar o ataque massivo e derradeiro.

Normalmente, os momentos mais marcantes são os que envolvem os heróis e unidades especiais, cada um com seus poderes e habilidades únicas, disponibilizados de acordo com o nível de experiência. Em estágios mais avançados, até Balrog pode ser convocado pelas forças de Sauron.

Algumas horas depois, quando você já tiver terminado as duas campanhas, o que basicamente restará é o modo War of the Ring, provavelmente a mais grata surpresa de "Battle for Middle-Earth II". É, em essência, um modo de conquista, mas os cenários são mais estratégicos e variados do que os vistos no original. Sem as "amarras" impostas pelo enredo, a guerra ganha mais criatividade, pois dá ao jogador a liberdade de ousar alternativas diferentes das que já foram vistas nos games, filmes ou livros.

Como em um jogo de tabuleiro, o objetivo é conquistar a Terra-Média, movimentando suas tropas por vários territórios, enquanto conquista um a um. Mas não é só isso: como cada território tem apenas dois espaços para construções, é necessário administrá-los bem e escolher o que será colocado ali, de acordo com a linha de estratégia adotada - fazendas, por exemplo, permitem alistar um número maior de unidades.

Finda a campanha e o War of the Ring, o que resta são as batalhas via Skirmish e, obviamente o modo multiplayer, que está mais competitivo graças às mudanças no esquema de coleta de recursos - em "Battle for Middle-Earth II" é preciso espalhar o máximo possível as minas e fazendas, pois concentrá-las em uma mesma região reduz considerável e proporcionalmente e eficácia da coleta.

Belíssimo

Realmente, "Battle for Middle-Earth II" está longe de ser um produto inovador - nem foi desenvolvido sobre essa concepção. Trata-se quase de uma atualização, com o acréscimo dos elementos dos livros e pequenas mudanças que, embora renovem alguns aspectos do jogo, não mudam a sua essência.

É um jogo de estratégia com opções táticas limitadas, mas ainda sim empolgantes. E não se trata apenas do visual soberbo, com tecnologia gráfica que recria os personagens e cenários com uma riqueza de detalhes incrível para um game do gênero, sem descuidar de "pormenores" como sombra, efeito do vento e por aí vai.

Nota: 8 (Ótimo)