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Luigi's Mansion 2

Pedro Henrique Lutti Lippe

Do UOL, em São Paulo

26/03/2013 17h43

Em seu retorno debaixo dos holofotes, Luigi é a estrela de uma aventura inteligente em que os jogadores são constantemente desafiados a colocar os neurônios para funcionar. Ao longo de suas mais de 10 horas de duração, o jogo intercala divertidos momentos de ação com engenhosos quebra-cabeças.

"Dark Moon" é uma oferta consistentemente boa em tudo o que faz, tanto na campanha quanto nas modalidades multiplayer. O título peca por ser dividido arbitrariamente em missões forçando certa linearidade desnecessária, mas essa é uma falha que pode facilmente ser ignorada perante a qualidade da aventura.

Introdução

Doze anos após debutar como herói em um dos títulos de lançamento do GameCube, Luigi retorna à ação livre da companhia de seu irmão baixinho em "Dark Moon". Desenvolvido pelo estúdio canadense Next Level Games - o mesmo de "Mario Strikers Charged" e da versão para Wii de "Punch-Out!!" -, o game mantém a jogabilidade básica do primeiro "Luigi's Mansion", mas eleva o número de enigmas e quebra-cabeças.

Covarde como sempre, o bigodudo de verde deve mais uma vez enfrentar seus maiores medos em uma caçada aos fantasmas. Quando um misterioso artefato chamado Dark Moon é repentinamente despedaçado, os experimentos sobrenaturais do agora famoso Professor E. Gadd vão por água abaixo. Aparentemente, a pedra em seu estado completo era o que mantinha os fantasmas - alvos de seus estudos - em um estado pacífico.

Coagido a cooperar, Luigi tem como tarefa lidar com as agora agressivas aparições. Em posse do poderoso aspirador Poltergust 5000, ele precisa capturar os delinquentes fantasmagóricos e restaurar a Dark Moon ao seu estado original.

Pontos Positivos

Desafios inteligentes

Nos primeiros momentos de sua jornada, Luigi tem praticamente todos os seus movimentos guiados pelo Professor E. Gadd como se fosse uma criança atravessando a rua. Inicialmente, essa introdução parece desnecessária - mas assim que ela acaba, seu real valor torna-se evidente. As dicas que o herói recebe nesse período de aprendizado servem para demonstrar exatamente o tipo de pensamentos que os jogadores precisam ter para obter sucesso em "Dark Moon".

Neste "Luigi's Mansion", a solução para um quebra-cabeça nunca é jogada na cara dos fãs como tem acontecido cada vez mais em títulos de aventura das grandes produtoras. Ao invés disso, elas são indicadas com sutileza - como o posicionamento levemente incorreto de uma gaveta em um armário que indica uma passagem secreta. O jogo cobra extrema atenção aos detalhes e muita experimentação - mas seus segredos nunca são obtusos o suficiente para frustrar.

Mesmo quando a exploração é deixada de lado e Luigi deve partir para cima dos fantasmas, pura força bruta não é suficiente para garantir a vitória. A rotina básica para capturar um inimigo é paralisá-lo com a lanterna e depois aspirá-lo com o Poltergust. Mas - por exemplo -, e se o fantasma estiver cobrindo seus olhos com um capacete? Até durante o combate, diferentes condições cobram distintas estratégias de ação por parte dos jogadores.

Talvez o ponto mais elogiável sobre a engenhosidade de "Dark Moon" é o fato de que ele transforma pouco em muito. Ao seu dispôr, os jogadores têm apenas duas ferramentas: seu aspirador de pó, e uma lanterna capaz de revelar ilusões. E ao longo de todo o curso da jornada, novas maneiras inteligentes de utilizar esses dois itens nunca param de surgir.

Controles elogiáveis

Como um dos jogos da estreia do GameCube, o "Luigi's Mansion" original foi um dos primeiros títulos da Nintendo a utilizar dois direcionais analógicos, já que a plataforma anterior da empresa, o 64, só tinha um. No 3DS, "Dark Moon" não suporta o uso do Circle Pad Pro - e assim não mantém a tradição de seu predecessor. Mas, na realidade, o segundo analógico não faz falta.

Por serem separadas em pequenos quartos, as áreas do jogo são ideais para esquemas de câmera fixa, descartando a necessidade de um segundo direcional para a movimentação. Teoricamente, o uso do aspirador e da lanterna poderia beneficiar-se com a presença do acessório, mas os botões B e X do portátil e seus sensores de movimento servem como bons substitutos na hora de direcionar a mira dos itens.

E para facilitar ainda mais a vida dos jogadores, a direção de Luigi recebe leves correções de direção automáticas sempre que o herói tenta sugar um fantasma.

Bela apresentação

Logo no início da aventura já é possível perceber: "Luigi's Mansion: Dark Moon" é um dos mais belos jogos do Nintendo 3DS. Seja na tela do modelo original do portátil ou em sua versão maior, o jogo roda com enorme fluidez e gráficos agradáveis.

Tal qual "Super Mario 3D Land", "Dark Moon" é um exemplo feliz de pacote que parece ter sido feito especificamente com o efeito 3D estereoscópico em mente. Todas as salas que Luigi deve explorar lembram vibrantes dioramas - não com objetos que saltam para fora da tela, mas sim que passam uma noção de profundidade, dando vida aos cenários do jogo.

As animações do título também surpreendem - principalmente quando aliadas aos ângulos que são utilizados em cutscenes, mais cinematográficos do que o normal para um jogo da Nintendo. Enquanto vaga pelos quartos e corredores, Luigi nunca fica parado, sempre demonstrando sua inquietude olhando por cima de seus ombros, tremendo, ou até mesmo cantarolando sua própria música tema. Elementos da apresentação como esses contribuem para criar imersão.

Em vez de apenas uma mansão, como no "Luigi's Mansion" original, "Dark Moon" tem cinco delas - cada uma com suas próprias marcas visuais. E todas são bem agradáveis aos olhos.

Multiplayer divertido

Deixando de lado o foco na exploração que permeia toda a campanha de "Dark Moon", seu modo multiplayer, batizado de ScareScraper, é totalmente virado para o lado da ação. Em suas quatro variações, até quatro pessoas devem navegar pelos pisos de um enorme arranha-céu, enfrentando os mais diversos tipos de fantasmas com suas 'armas'.

Na modalidade Hunter, os jogadores devem capturar todos os fantasmas de capa piso do prédio antes que o tempo acabe. No Rush, o objetivo é encontrar as passagens para avançar pelos andares, também sob a pressão de uma contagem regressiva. Já no modo Polterpup, o foco é encontrar e capturar todos os cães fantasmagóricos que habitam o prédio. Por fim, a variação Surprise combina elementos dos três outros modos em um só.

Normalmente, modos multiplayer no 3DS pecam por alguma ausência de opção ou outra. Surpreendentemente, não é o caso em "Dark Moon". Além das típicas opções de multiplayer local, o jogo possui uma opção online e até mesmo permite que donos do 3DS sem cópias do título testem a experiência completa via compartilhamento Download Play - inclusive o modo em rede.

Divertido, o multiplayer não tem grande substância, mas serve como um agradável complemento à campanha principal.

Pontos Negativos

Linearidade forçada

A grande falha de "Luigi's Mansion: Dark Moon" é fruto da busca do time de desenvolvimento por uma forma de transformar o título de GameCube em uma experiência portátil. Infelizmente, nessa busca o caminho mais fácil foi tomado - e o resultado é um jogo que teria de tudo para ser uma ótima jornada 'aberta', mas que fecha-se em um caminho extremamente linear por ser dividido em missões.

Cada uma delas pode ser detonada em uma média de 20 minutos e repetida em busca de melhores pontuações e tempos. Cada uma delas esconde diversos segredos, como gemas escondidas e até mesmo estágios destraváveis.

Por sua natureza, a divisão limita a ação dos jogadores - e isso frustra. Explorar as cinco mansões de "Dark Moon" é algo divertido, mas poderia ser melhor caso a liberdade fosse maior.

Nota: 9 (Excelente)