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Monster Hunter tri-3G

Pedro Henrique Lutti Lippe

Do UOL, em São Paulo

05/04/2013 14h31

Após um hiato de três anos, a marca "Monster Hunter" retorna ao Ocidente no formato de "3 Ultimate" - um título multiplataforma que oferece a versão mais completa da experiência da série até hoje. O game é superior no Wii U, onde destacam-se os gráficos em alta definição e o modo online; enquanto isso, o 3DS tem como características únicas o uso agradável do efeito 3D estereoscópio e o fator portabilidade.

O jogo da série com mais conteúdo desde "Freedom Unite" brilha pelos mesmos motivos que seus divertidos predecessores, mas também comete exatamente os mesmos pecados destes, demorando para engrenar e oferecendo uma estrutura online excessivamente limitada. Ainda assim, o jogo sobressai-se por oferecer uma aventura envolvente, capaz de durar centenas de horas àqueles que conseguirem vencer os entediantes momentos iniciais.

Introdução

A proposta de "Monster Hunter 3 Ultimate" é exatamente a mesma de todos os outros jogos da série. No papel de um versátil caçador, capaz de utilizar os mais diversos tipos de armas, o jogador toma para si a missão de proteger uma vila da ameaça de enormes monstros selvagens que habitam o mundo. Para tal, ele deve começar sua jornada pela parte de baixo da pirâmide alimentar, escalando-a até conseguir derrotar as mais poderosas criaturas.

"3 Ultimate" é, na realidade, uma versão expandida do lançamento de 2010 "Monster Hunter Tri". Em termos práticos, é possível dizer que ele tem mais do que o dobro do conteúdo de seu predecessor, já que o número total de monstros passou de 35 para 73. O novo jogo ainda conta com novos cenários, itens, equipamentos e quatro variedades de armas que foram omitidas da versão para Wii.

Como de costume, a ação do título é dividida por intermédio de uma estrutura de missões, oferecidas aos jogadores de acordo com seu nível de dificuldade. Também como já é normal para a franquia, as missões dos modos multiplayer e solitário são segregadas e diferentes, apesar de o progresso acumulado pelos caçadores valer para ambas as opções.

Pontos Positivos

Mecânica recompensante

O grande destaque da série "Monster Hunter" sempre foi sua jogabilidade, e isso não muda neste mais novo capítulo. Mais do que viciarem, as mecânicas do título recompensam seus jogadores. A satisfação de finalmente conseguir derrotar um monstro difícil com suas estratégias desenvolvidas ao longo de uma série de tentativas falhas é enorme.

O segredo por trás dessa característica do jogo é o fato de seu combate ser difícil, mas quase nunca cruel. São raras as oportunidades em que uma morte não poderia ser evitada caso o jogador não tomasse mais cuidado ou agisse com mais destreza - e, ao perceber isso, ele sente-se motivado a continuar tentando até que seu raciocínio ou seu reflexo melhorem ao ponto de tornar aquele desvio ou aquele golpe fáceis de realizar.

E da mesma forma que a força dos caçadores não é medida apenas por um nível sobre suas cabeças, a habilidade dos jogadores não é limitada por seus equipamentos ou itens. É muito difícil, mas ainda assim perfeitamente possível vencer um violento Lagiacrus debaixo d'água sem usar qualquer armadura. Isso porque "Monster Hunter" tem batalhas que proporcionam aos jogadores a possibilidade de depender apenas de suas habilidades, e não de atributos e outros números, para obter sucesso.

Combate versátil

Para o PSP, "Freedom Unite" é o "Monster Hunter" com maior número bruto de monstros. Com combates marítimos e oponentes mais diversificados, porém, "3 Ultimate" é o que oferece mais versatilidade em termos de alvos de caça. Do clássico dragão Rathalos ao bizarro Gigginox, passando pelo peixe Plesioth e pelo gigantesco Ceadeus, o catálogo de presas do jogo proporciona vários conflitos únicos.

Por mais que as táticas básicas de aproximação e golpeamento dos inimigos em geral não mudem de um embate para outro, enfrentar o ágil e relativamente pequeno Nargacuga e ser obrigado a ficar cara a cara com o gigantesco Diablos são experiências muito diferentes.

Acrescentando à versatilidade do combate está o fato de que existem doze tipos completamente distintos de armas no jogo, com suas próprias forças, fraquezas e habilidades especiais. Um jogador que só experimentou uma batalha sob o ponto de vista de um usuário de espada e escudo não faz ideia de como essa mesma batalha pode ser travada em posse de um arco.

No modo multiplayer, então, ainda é preciso levar em consideração que diferentes combinações de armas devem resultar no uso de estratégias diferentes. Enfim: caso os jogadores assim desejem, dá para enfrentar cada confronto de uma maneira diferente.

Controles funcionais

No Wii U, "Monster Hunter 3 Ultimate" é o título da série com as melhores opções de controle. Assistidos pela tela sensível ao toque do GamePad, os jogadores são capazes de facilmente personalizar a interface de jogo, modificando o posicionamento das informações nas duas telas que eles têm ao seu dispôr.

Enquanto isso, no 3DS o jogo pode ser controlado surpreendentemente bem mesmo sem o apoio de um Circle Pad Pro. O direcional digital simulado personalizável na tela inferior do portátil é objeto de sonhos dos que já tiveram que sofrer com os controles de câmera da série no PSP. Sua fraqueza torna-se evidente apenas em cenas de navegação aquática, pois movimentar-se em três eixos sem um segundo direcional analógico é algo irremediavelmente desconfortável para o ser humano médio.

Vasto conteúdo

Fora de um ou outro gênero específico, são poucos os jogos que podem se vangloriar de surpreender com conteúdo novo jogadores com mais de 100 horas de experiência prévia. E "Monster Hunter 3 Ultimate" é um deles. Uma única missão de nível avançado no jogo dura em média 25 minutos, uma leva à outra - principalmente no modo online -, e elas vão empilhando sem que perceba-se o tempo investido.

E mesmo depois de centenas de horas gastas, a guilda que administra as atividades dos caçadores pelo mundo ainda consegue propôr novas missões. E é bem provável que elas mostrem-se difíceis demais em um primeiro momento, até para os jogadores experientes.

Para ganhar acesso a todo esse conteúdo divertido, porém, os jogadores precisam antes sobreviver às terríveis primeiras horas de partida.

Pontos Negativos

Começo entediante

O início de "Monster Hunter 3 Ultimate" pode parecer um mau necessário, mas não é. Por força de costume, a Capcom insiste em dar a partida nos títulos da franquia com períodos de aprendizado excessivamente longos, pontuados por missões inócuas de coleta de itens e pouco da ação da qual os jogadores estão atrás.

O maior problema dessas primeiras horas do jogo é o fato de que elas escondem seu real potencial. Não é difícil imaginar que, ao longo dos anos, muitos que poderiam eventualmente tornar-se fãs da série caso experimentassem sua real forma foram repelidos por seus truncados primeiros momentos. E mesmo assim, a cada nova capítulo da saga, o problema persiste.

Modo online arcaico

Sempre em segundo plano quando o assunto é "Monster Hunter", as opções de jogo online de "3 Ultimate" pecam por seguirem o mesmo limitado modelo das que estavam presentes em "Monster Hunter Tri" em 2010, e que para os padrões da época já eram consideradas ultrapassadas.

No Wii U, o modo online funciona, sim, tal qual seu sistema de chat por voz utilizando o GamePad - mas a divisão de sua estrutura de comunicação online em 'salas' que podem ser ocupadas por apenas quatro jogadores de uma vez é antiprodutiva, além de particularmente curiosa, já que no PlayStation 2 cada uma delas podia comportar até 10 pessoas.

Já no 3DS, não existe um modo online. Com a ajuda de um Wii U, um adaptador LAN e um aplicativo gratuito que pode ser baixado pelo eShop, é possível disputar partidas em rede com o portátil utilizando o console de mesa como ponte. Mas a este ponto, as barreiras são tantas que chega a valer mais a pena comprar a versão de Wii U e transferir seu personagem do 3DS para ela.

Nota: 9 (Excelente)