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Persona 4 The Ultimate Mayonaka Arena

Rodrigo Guerra

Do UOL, em São Paulo

16/08/2012 19h16

Criar algo de inovador em um gênero tão diversificado não é tarefa fácil, mas a Atlus conseguiu: “Persona 4: Arena” pode até ter um visual parecido com "BlazBlue" e ser feito pela mesma produtora, mas é um título único e de personalidade própria - de fato, a diferença entre eles é tão grande quanto se comparássemos "Mortal Kombat" com "BlazBlue".

Músicas cativantes e imagens belíssimas também figuram entre seus principais atrativos, porém não dá para deixar de lado o fato que este é um game para um nicho específico: os fãs da franquia “Persona” que gostam de jogos de luta.

O modo de história arrastado e com narrativa ultrapassada, a alta curva de aprendizado e personagens nada cativantes são fatores que afastarão quem é lutador virtual de fim de semana.

Introdução

Poucos meses depois dos acontecimentos de “Persona 4”, o grupo de heróis do RPG é mais uma vez convocado para enfrentar uma ameaça aterrorizante que colocará esses adolescentes japoneses em combates sangrentos. Porém, no lugar de um RPG, a Atlus resolveu inovar e criar um jogo de luta sobre a franquia.

Com a participação especial de alguns personagens de "Persona 3", este “Persona 4: Arena” faz essa mistura entre RPG e jogo de luta, uma alquimia tão improvável quanto transformar chumbo em ouro. O resultado não foi ruim, mas também está longe de ser algo memorável para o mundo dos videogames.

Pontos Positivos

Um jogo de luta diferente

São incontáveis os clones de “Street Fighter”. A fórmula criada pela Capcom funciona tão bem que é quase irresistível fazer um game com as mesmas mecânicas. Mas a Atlus foi corajosa e tentou criar algo novo, mesclando elementos dos RPGs com mecânicas simples de vários jogos de luta.

A pegadinha é que os aliados dos personagens (as Personas) podem ser feridos e, quando isso acontece, o jogador fica sem ajuda de seu companheiro – algo que dificulta na execução de certos golpes e ataques especiais.

“Persona 4: Arena” penaliza jogadores fujões e dá bônus para quem é mais ofensivo. Isso força o jogador a sair da retranca e partir mais para o combate.

O desenrolar da partida não segue no esquema padrão de ficar soltando magias como no game da Capcom e chega a lembrar um pouco “Guilty Gear”, porém menos rápido e com combinações mais curtas de golpes.

No final das contas, “Persona 4: Arena” é um jogo de luta diferente de tudo que você já viu, é uma colagem de diversos estilos que acabam criando um estilo único e que combina com o universo da franquia.

Modo online competente

É difícil encontrar um jogo de luta que não sofra com o modo online. Até mesmo o recente “Street Fighter X Tekken” passa por certos atrasos. Mas nesse ponto os jogadores não terão o que reclamar, pois o modo online de “Persona 4” é muito bom.

Em todas as partidas testadas por UOL Jogos, o game fluiu bem e com poucos atrasos.  O difícil foi encontrar uma partida. Em alguns casos a espera passou de três minutos, mas isso era de se esperar, afinal, o jogo é voltado a um público muito específico. Aliás, vale notar: a versão do game para Xbox 360 sofreu com alguns problemas de conexão, mas logo foram atenuados com uma atualização lançada pela Atlus.

Modos de jogo variados

Quem gosta de variedade não terá do que reclamar, pois além dos tradicionais Versus, Arcade e Training, “Persona 4: Arena” conta com um modo de história e o Challenge, um dos mais importantes para um game de luta atualmente.

A história mostra como os heróis acabam entrando nessa jornada maluca, mas de forma bem entediante – ao menos para quem não jogou o RPG de “Persona 4”, que ficam sem entender alguns elementos. Já o modo de desafio é importantíssimo, pois lá que é possível aprender alguns truques como combinações de golpes e sentir melhor como é a mecânica de jogo.

Pontos Negativos

Personagens sem carisma

Pense em um RPG com uma história profunda no qual o jogador passa dezenas de horas para chegar à conclusão. Nesse meio tempo os personagens são apresentados e desenvolvidos, fazendo com que o jogador crie algum laço com eles – seja de desafeto, seja de empatia.

Agora leve isso para um jogo de luta. Parece fantástico, mas não é. Enquanto a mecânica dos RPGs permite que os jogadores se identifiquem com um personagem, em um game de luta ele tem que ter presença e uma postura marcante.

Foi assim com Ryu, Terry Bogard, Scorpion e outros, guerreiros fortes que causam impacto logo na primeira impressão. Mas Yu Narukami, o protagonista, não tem postura de herói de um jogo de luta e dificilmente será lembrado entre as estrelas do gênero.

O mesmo vale para todos os outros lutadores. Esse grupo pertence a um jogo de RPG e lá, naquele gênero específico, eles funcionam bem. Porém, eles não têm golpes marcantes ou uma personalidade forte o suficiente para marcar um game do estilo.

Sem chance para os casuais

Fato: “Persona 4: Arena” é um jogo difícil. Para se tornar um jogador mediano, você precisará passar dezenas de horas treinando combos, estudando o estilo de jogo de cada lutador e coisas do tipo.

A Atlus até pensou em facilitar as coisas criando um combo que pode ser realizado apertando apenas o botão de soco fraco repetidamente, mas só isso não basta. São tantos os sistemas que é fácil ficar perdido e não saber o que fazer quando alguma coisa aparece na tela, como o status negativo ou quando você fica sem o Persona.

O sistema de combos exige que o jogador seja preciso e aperte botões no tempo exato para fazer o cancelamento de golpes e emendar com ataques especiais. Isso é extremamente desafiador e, algumas vezes, frustrante.

Claro, quem é fã de jogos de luta provavelmente tem um controle especial do estilo arcade (algo que ajuda na hora de fazer esses combos), mas isso só reforça que a Atlus não pensou em jogadores comuns, que não sejam tão fissurados em games do gênero.

História para boi dormir

O modo de história é muito, muito enrolado. Só escolha esta categoria quando tiver tempo livre, de duas a três horas. Nesse modo, a primeira luta acontece apenas depois de uns 40 minutos de conversa, a segunda só depois de mais 15 minutos. Se "Persona 4: Arena" fosse um RPG, tudo bem, mas este é um game de luta e essa demora chega ser irritante.

Vamos comparar com “Mortal Kombat”, por exemplo, outro jogo que tem um modo de história bem desenvolvido e extenso. O primeiro combate acontece em menos de 10 minutos, tempo suficiente para situar o jogador no enredo e dar o que ele realmente quer: lutas.

A história é legal sim, mas ela é prejudicada com a forma ultrapassada de narrativa, que continua se apoiando nos tempos do Super Nintendo: textos enormes para serem lidos na tela. Ou seja, um martírio que só vai irritar os jogadores de hoje em dia.

Se você quer conhecer os personagens, mas sem entrar em minúcias, experimente o modo Arcade - pelo menos a história é resumida e fica mais interessante e fácil de acompanhar.

Nota: 7 (Bom)