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Análises
Dirge of Cerberus: Final Fantasy VII
PlayStation 2
"...falta substância para se tornar um jogo de tiro em primeira pessoa robusto."


18/08/2006
da Redação

Não há dúvidas de que "Final Fantasy VII" é um episódio especial na mais famosa série de RPG japoneses: foi o primeiro da franquia para o PSOne, inaugurando a era das superproduções para os videogames, e seu lançamento aconteceu numa época em que o gênero acabava de sair de um período de preconceito. O resultado? Uma legião de fãs.

Com status de quase mito, o sétimo episódio de "Final Fantasy" inventou também um outro conceito: o de ser uma série dentro de uma série. O game se expandiu e surgiu uma linha inteira baseada em seus personagens e universo, a qual se deu o nome de "Compilations of Final Fantasy VII". O projeto engloba um filme de animação em computação gráfica, "Advent Children", lançado recentemente, um game para celular, "Before Crisis", um título inédito para PSP, "Crisis Core", e este "Dirge of Cerberus", para PlayStation 2.

Ovelha negra de Final Fantasy

A característica mais forte de "Dirge of Cerberus: Final Fantasy VII" é o de tiro em primeira pessoa - FPS na sigla em inglês -, mas, em menor escala, também há elementos de ação e combate, como os de "Devil May Cry". Some-se a isso pitadas de RPG, como melhoramento das capacidades do protagonista e o uso de itens, e eis a receita do game.

O personagem central é Vincent Valentine, um atirador de aparência sombria, igual ao seu passado. Nada mal para aquele que era apenas um guerreiro opcional no game original. Alguns anos depois dos episódios de "Final Fantasy VII", um grupo de soldados de elite, o Deepground, querem reviver a poderosa arma Omega e destruir o mundo, mas precisam de Vincent para isso.

Naturalmente, "Dirge of Cerberus" ajuda a completar o quebra-cabeça da cronologia do universo de "Final Fantasy VII", que envolve experimentos genéticos com seres alienígenas, uma corporação inescrupulosa e aqueles que combatem essa organização. Porém, o foco está mesmo na história do próprio personagem, até agora envolvido em muitos mistérios.

O game começa promissor, trazendo vídeos em computação gráfica belíssimos, uma especialidade da produtora Square Enix. A qualidade é muito próxima a de "Advent Children", lançado para DVD, ou seja, um deleite visual. O problema é que o restante do game não corresponde às expectativas da apresentação.

Bangue-bangue à japonesa

Como dito, a mecânica principal é a mesma de um jogo de tiro em primeira pessoa, mas aqui a visão é em terceira pessoa, com o personagem sendo mostrado no lado esquerdo da tela na maioria das vezes. Até existe uma visão típica de FPS, mas como há muitos movimentos que fazem voltar para a de terceira, como o pulo e o deslocamento rápido, é impraticável manter esse tipo de câmera. E o mesmo comando para ativar essa visão também aciona a de tiro de precisão - isso depende se a arma está com a mira telescópica -, então esse é um caso de configuração ruim de controle.

O comando da mira não é ruim, trazendo boa sensibilidade e precisão, e está equilibrado com a velocidade de deslocamento do personagem. Essa foi uma mudança que a produtora Square Enix fez para edição norte-americana e, como resultado, o personagem está bem mais ágil e confortável de controlar. Para quem não tem muita intimidade com o gênero, há opções de mira semi-automática e até automática.

Além disso, Vincent traz uma série de movimentos típicos dos games de ação e aventura, como saltos duplos e deslocamentos rápidos. Aqui, os golpes "melee", ou seja, corpo-a-corpo, podem ser feitos como uma seqüência de ataques, mas não são muito eficientes, pois não é tão fácil de acertar e, ao final do "combo", a recuperação dos movimentos é bastante lenta, deixando o jogador muito exposto aos ataques. Tudo isso é proposital, pois a mecânica principal é o tiro, mas não deixa de ser um pouco frustrante.

Sendo um game de "Final Fantasy VII", não poderiam faltar as magias. Na verdade, elas funcionam como um tiro comum, mas mais fortes e que afetam uma área muito maior. Por outro lado, gastam pontos de magia, ou seja, seu uso é bastante limitado. Há também uma funcionalidade chamada Limit Break, que faz Vincent transformar-se num monstro, tornando-o muito mais forte e fazendo recuperar sua energia com o tempo.

A veia RPG ainda se faz presente nos pontos de experiência, que melhoram atributos do personagem, como poder dos tiros e das magias. Mas os pontos são contados apenas no final dos capítulos ou quando morrer, e conseqüentemente a subida de "level" acontece apenas nesses momentos. Além disso, o jogador pode usar itens, como poções e "phoenix down", que permite ressuscitar o personagem quando sua energia chegar a zero. São todos itens típicos do mundo de "Final Fantasy". Mas como o jogo pausa durante a escolha dos itens, o game fica bem mais fácil. Seria mais saudável para o jogo mantivesse apenas o sistema de uso de itens em tempo real, que é feito com o direcional em forma de cruz.

Self-service de armamento

Um dos destaques de "Dirge of Cerberus" é o sistema de armas. Ao contrário dos outros games, não há muitos modelos prontos, e sim várias peças para o jogador montar sua arma. Primeiro, escolhe-se o corpo, que pode ser uma pistola, espingarda ou metralhadora. Depois, as opções recaem sobre o tipo de cano: longo, normal ou curto. Além disso, há mais quesitos, como acessórios - cristais Materia, por exemplo, para o uso de magias - e munições. Ainda, cada uma dessas peças pode ser melhorada nas lojas, com o pagamento de dinheiro.

Porém, a inteligência artificial dos inimigos, aliada a uma estrutura simples de fases, degrada a experiência de jogo. A localização dos oponentes é sempre fixa, assim como seu comportamento: ou eles seguem um "script" pré-determinado ou são completamente inertes, no máximo fazendo alguns passos tímidos. A dificuldade não é muito alta, mas os oponentes são capazes de ataques que podem tirar um bom naco de sua barra de energia.

Os mapas são relativamente grandes, mas com estruturas simples. Existem alguns lugares menos óbvios onde estão escondidos itens, mas não chegam a ser muito complicados. Com exceção de pequenos pergaminhos escondidos em frestas - alguns bem difíceis de notar - não há muito que explorar.

Apesar das limitações da inteligência dos oponentes, o jogo diverte. A maioria dos combates é meio burocrática, mas há alguns bons momentos. O problema maior está na primeira metade do game, com interrupções freqüentes para entrar as cenas não-interativas. Elas até podem ser cortadas, mas até voltar à tela do jogo, já se perdeu o ritmo. E algumas dessas cenas parecem fora de propósito ou arrastadas demais, chegando a durar até dez minutos. Com exceção dos fãs incondicionais de "Final Fantasy VII", isso parece um exagero.

Felizmente, na segunda metade do game, em que não há tantos interlúdios, a aventura rola mais solta. Por incrível que pareça, o melhor de "Dirge of Cerberus" vem depois de terminado o modo principal. É que, com isso, aparecem 45 missões extras e independentes entre si, em fases de ação pura. Esse recurso é exclusivo da edição americana, como uma compensação pela retirada do modo online. Para ter um pouco mais de variedade, há cenas em que se usa artilharia e até mesmo estágios de ação furtiva, protagonizada pelo cômico Cait Sith.

Cada fase tem um objetivo principal, mas à medida que vai avançando, surgem novas missões, mais urgentes, como salvar civis e derrotar determinada quantidade de inimigos. Tudo isso será levado em conta na tela de resultados, no final do capítulo, e o dinheiro que receberá depende de seu desempenho. Você também será avaliado sob diversos outros aspectos, como o tempo que levou para terminar a fase, a quantidade de itens usados, inimigos derrotados, danos recebidos, a precisão dos tiros e muito mais. Para cada um deles é dado um rank, cujo máximo é o S, assim como uma nota para a média dos quesitos.

A câmera é outro problema do game. Na maioria das situações, funciona muito bem, mas é só aparecerem locais mais fechados para surgirem alguns contratempos. O principal é quando a câmera se aproxima demais da cabeça de Vincent, tapando toda a visão do jogador. O mapa é um recurso útil e você pode andar pelas fases deixando a carta semitransparente. Mas ainda continua opaco demais para se enxergar alguma coisa. Melhor seria se tivesse uma indicação pequena em algum canto da tela.

Cabelos e roupas peculiares

Em termos visuais, há dois momentos distintos para "Dirge of Cerberus": no primeiro, estão os personagens, feitos com muitos detalhes e fiéis aos traços de Tetsuya Nomura, o "character designer" da série. Nas cenas não-interativas, os traços dos "bonecos" impressionam. De maneira geral, parecem ter sido pintados manualmente, de tão bem-feitos. Mesmo alguns cabelos mais complexos, como o de Lucrecia, foram muito bem modelados. Chamam a atenção algumas personagens femininas, como a inédita Rosso, com seus fios ruivos e belos dotes físicos, além de uma roupa peculiar, mas isso não é exclusividade sua. Os homens também mantêm o estilo do artista, grande parte com aquele ar meio metrossexual.

Por outro lado, os cenários são genéricos demais. A produtora poderia ter explorado muito mais o universo de "Final Fantasy VII", mas optou por localidades sem personalidade, que poderiam ser de qualquer outro game. Não chegam a ser feias, mas é tudo muito "quadradinho" e limpo, sem vida. Os inimigos, impessoais e repetitivos, também não ajudam. Pelo menos, na parte técnica, não há nenhum problema: o fluxo de tela é extremamente suave, 60 quadros por segundo para ser preciso, e raramente ocorre alguma lentidão.

A trilha musical é outra área que poderia ter usado o legado do RPG, que trazia composições magistrais. Aqui, as músicas são apenas corretas, sem chegar a empolgar. Porém, o quesito mais fraco são os efeitos sonoros: as armas carecem de impacto - parecem de brinquedo - e as explosões estão distorcidas. Melhor para as dublagens, que trazem vozes bem características para cada um dos personagens, mas faltou mais empenho na atuação.

De RPG clássico a FPS mediano

"Dirge of Cerberus: Final Fantasy VII" melhorou em relação ao original japonês, mas não o suficiente para se tornar um grande jogo. Os combates até divertem, mas na primeira metade, o jogador é interrompido a todo instante para que o game conte mais um pouco da história. Tanto é que o título fica melhor na segunda parte e com as missões extras. Mesmo assim, falta substância para se tornar um jogo de tiro em primeira pessoa robusto. Já para os aficionados em "Final Fantasy VII", será um deleite preencher mais um pouco as lacunas de um dos personagens mais misteriosos da série.
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Videoanálise de "Dirge of Cerberus: Final Fantasy VII" na TV UOL