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Pro Evolution Soccer 2015

Claudio Prandoni

Do UOL, em São Paulo

14/11/2014 17h20

Depois do tropeção feio de "PES 2014", a Konami conseguiu colocar a casa em ordem e apresentar neste ano um ótimo game de futebol.

"PES 2015" joga seguro e apresenta um estilo simples, mas polido e divertido. A inteligência artificial muito mais aprimorada promove bons desafios e menos frustrações e os gráficos brilha com animações mais suaves, jogadores realistas e poucos momentos truncados.

O preço a se pagar por isso é uma sensível falta de profundidade. A boa variedade de modos de jogo é assombrada por uma simplicidade extrema que não compromete a diversão, mas mostra que a série ainda tem mais espaço para evoluir.

Mas, e aí? Isso quer dizer que o jogo é melhor ou pior do que "FIFA 15"? Na verdade, nesta inevitável comparação, nem um nem outro: "PES 2015" é um jogo que foge bastante do estilo do rival. Enquanto "FIFA" continua sendo a opção mais realista e detalhada dentre games de futebol, "PES" se reafirma como uma experiência mais simples e acessível.

Introdução

"Pro Evolution Soccer 2015" marca a estreia da franquia nos consoles de nova geração em um momento importantíssimo: "PES 2014" fez um papelão na temporada anterior e cabe ao novo título resgatar o prestígio da série.

Para tanto a Konami investe em resgatar o passado de "PES", focando em passes e chutes que funcionam, ritmo cadenciado e muita estratégia em campo. Além disso, continua em uso o motor gráfico Fox Engine, agora um bocado mais refinado.

Como de costume, a popular Master League volta ao lado do Rumo ao Estrelato (em que você joga apenas com um atleta) e o inédito MyClub, que mescla diferentes elementos de gerenciamento com partidas em si.

Mais uma vez, a dupla Silvio Luiz e Mauro Beting marca presença com seus jargões e brincadeiras para dar um ar mais brasileiro ao game.

Pontos Positivos

Física e animações fluidas

A diferença é gritante: nos consoles de nova geração o motor gráfico Fox Engine se sente em casa e brilha da maneira que se espera dele - assim como já vimos no impressionante "Metal Gear Solid: Ground Zeroes".

A verossimilhança dos atletas é impressionante na maioria dos casos e as animações agora rolam muito mais suaves do que em qualquer outro "PES". Ainda há momentos estranhos, em que os movimentos ficam meio truncados, mas a evolução é notável.

Não é só isso: "PES 2015" apresenta uma física muito mais polida do que no fracassado "PES 2014", com disputas de corpo e domínios de bola que funcionam da maneira que se espera.

Parece pouco, mas já é o bastante para fazer o estilo de jogo mais lento e cadenciado de "PES" funcionar de maneira divertida.

Inteligência Artificial que funciona

Enquanto "PES 2014" sofria com terríveis defesas que se desmontavam por motivo algum e atacantes que simplesmente se recusavam a abrir espaços para receber a bola, "PES 2015" corrige o problema.

O trabalho não é fenomenal, mas justamente por isso merece elogios: os atletas se comportam da maneira que se espera em cada situação, fechando espaços na zaga, oferecendo opções de passe no meio de campo e assim por diante.

Modos de jogo

Ainda longe do infindável cardápio de opções de "FIFA", "PES 2015" consegue fazer um belo trabalho de oferecer diferentes experiências.

Partidas amistosas estão lado a lado de torneios exclusivos, como a UEFA Champions League, Copa Libertadores e Copa Sulamericana. A Master League divide espaço com o Rumo ao Estrelato, em quem o desafio é comandar a carreira de apenas um jogador, e também com o novo MyClub, que parece resposta direta ao Ultimate Team de FIFA.

No MyClub, o objetivo é montar e comandar uma boa equipe conforme vai contratando novos jogadores, negociando com empresários e promovendo sinergia entre os diferentes atletas.

Outro destaque é o retorno da opção de jogar ligas isoladas que, inexplicavelmente, foi removido de "PES 2014". Quer jogar só a liga brasileira? Sem problemas, agora dá!

Sem grandes novidades, os modos online também estão todos lá, com opções para agradar desde aqueles que buscam eventuais disputas casuais até competições mais sérias e de maior duração.

Ótima versão 'old gen'

Quem ainda não tiver um PS4 ou Xbox One e estiver pensando em investir na versão 'antiga' de "PES 2015" pode ir sem medo: o trabalho de conversão é muito bom.

Em linhas gerais, a impressão é a de jogar uma versão em baixa definição e com animações mais simples do game, mas com todas as características da mecânica da versão mais elaborada.

Em disputas de bola a física não é tão afinada quanto no PS4 ou Xone, mas não compromete. De resto, passes, chutes, lançamentos e afins, tudo se comporta igual em todas às edições.

Pontos Negativos

Falta de profundidade

É muito legal ver como "PES 2015" é um jogo divertido, bonito, que funciona bem e resgata o prestígio desta querida série.

Porém, sacrifícios foram necessários para isso. É notório como para dar esse primeiro passo certeiro para o futuro a Konami precisou dar alguns vários passos para atrás e reavaliar o caminho traçado.

Em primeiro lugar, a própria mecânica de jogo carece de mais profundidade. Não há tantos dribles como há em "FIFA", por exemplo, mas todos são úteis.

As disputas de bola são emocionantes, mas passam longe, bem longe, da complexidade e realismo vistos no "FIFA 15" de nova geração.

A própria movimentação dos atletas não apresenta tantas novidades ou melhorias em relação ao passado. Os movimentos estão mais bonitos e fluidos, mas na prática pouco mudaram.

Ainda assim, é um simples que funciona e fornece base sólida para um eventual "PES 2016" e suas continuações construírem em cima.

Vale a mesma filosofia para os modos de jogo. Os menus passam longe do estilo grotesco de "PES 2014", mas são simplórios demais, quando não burocráticos, obrigando a 'clicar' demais para realizar ações simples.

Por fim, fica a mesma crítica para o conteúdo específico para o Brasil: a narração de Silvio Luiz e Mauro Beting não está ruim, mas mostra sinais de desgaste, com muitas falas repetidas e informações muito genéricas. Há algumas temporadas isso não seria problema algum, mas "FIFA" já mostrou que é possível fazer mais.

Com relação aos times brasileiros, é gratificante ver 21 das principais equipes do futebol nacional, mesmo que muitos jogadores ainda tenham nomes e feições genéricas. Felizmente, boa parte disso deve ser remediado no futuro.

Para comparar com um jargão popular no futebol, "PES 2015" deixou de lado a ousadia, mas trouxe de volta a alegria à série. Daqui pra frente, esperamos que a Konami consiga trabalhar bem essa ótima base e alçar voos mais altos com a série.

Nota: 8 (Ótimo)