Análises | Brave Story: New Traveler PSP "... não tem grandes defeitos, mas também não possui nenhuma característica marcante."
02/08/2007 da Redação | Livro de fantasia que vira filme e, depois, é levado para os games. Essa trajetória tem sido relativamente comum nos últimos anos, como é o caso de "Harry Potter", "O Senhor dos Anéis" e "Eragon", só para citar alguns exemplos. Embora bem menos conhecido, esse também é o caso de "Brave Story", que nasceu pelas palavras da escritora japonesa Miyuki Miyabe. Com o sucesso do livro, foi transformado num longa-metragem de animação e, agora, as aventuras por um mundo mágico foi parar nas telas dos videogames.
Cada plataforma (também há edições para PlayStation 2 e Nintendo DS) recebeu uma versão diferente, e a que foi feita para o PSP é um RPG japonês estritamente tradicional, a ponto de não trazer quase nenhuma novidade. Tudo nele já foi feito antes. Mas se trata de um título esforçado, sem grandes defeitos, e simples, uma característica que serve para iniciar os jogadores ao gênero.
A visão de um mundo fantástico
A história da edição para o portátil é original, mostrando outras facetas do universo de "Brave Story". O protagonista é um garoto comum, que gosta de games (a ponto de nomear seu cachorro de Kratos, o enfurecido personagem de "God of War"). Tudo ia bem, até que sua amiga cai inconsciente no meio da rua e os médicos não têm idéia de como fazê-la recobrar os sentidos. É quando uma voz do além guia o garoto para um grande portal, que leva à Vision, um mundo de fantasia onde mora uma deusa capaz de realizar pedidos.
Nesse mundo, pessoas como o protagonista são chamados de viajantes. Aqui, o jogador é apresentado ao mago Lau, que conduz o novo viajante para uma caverna, onde o candidato a herói responde a quatro perguntas, que definem as características do personagem (se é mais voltado para ataques físicos ou magias, por exemplo). A partir de então, o jogador passa por inúmeras localidades e encontra personagens vindos da obra original.
No game, esse universo não é nada muito tão distinto de outros RPGs. Tem um clima pastoril na maioria das localidades, e as cidades lembram as da Idade Média, por exemplo. A Vision é habitada por magos, híbridos de gatos e humanos, lagartos bípedes e vários tipos de monstros (alguns até graciosos, como o coelho dos primeiros momentos do game). O começo é meio enfadonho, pois há muitas cenas não-interativas e textos, que não podem ser cortados.
RPG de linha de montagem
"Brave Story" é um RPG básico, sem muitas invenções. Assim como tantos outros, o jogador segue a rotina de visitar cidades, comprar melhores equipamentos, falar com as pessoas, receber as missões e explorar cavernas e outros lugares nada amistosos, como um hospital abandonado. Enquanto estiver gastando sola de sapato, as chances são de encontrar muitas batalhas aleatórias e, eventualmente, lutas contra chefes.
O sistema de combate também é trivial. Em turnos, o jogador escolhe as ações de cada membro de seu grupo num menu. Além do ataque simples, há também golpes chamados de bravuras (que são como as magias dos outros games) e os unities, ataques de grande eficácia com dois ou três personagens. O problema desse método é o alto gasto de BP (brave points), descontados de todos os participantes da ofensiva. Os lutadores aprendem esses movimentos ao evoluírem, e para isso, precisa eliminar quantos oponentes puder.
Existe um sistema de fabricação de acessórios, que possuem diversos efeitos, como aumentar o HP, BP, pontos de ataque, de defesa e afins. Embora isso não seja uma novidade, "Brave Story" torna o recurso mais fácil de usar. Os itens são feitos de diversos ingredientes, mas o jogador também pode desmontar o produto pronto e recuperar os materiais básicos, que podem ser reaproveitados para criar itens melhores. Além dos ingredientes, também é preciso ter uma receita para a fabricação do acessório.
Passarinho quer lutar
Fora o roteiro tradicional de um RPG, "Brave Story" traz um minigame, que envolvem os passarinhos vistos em várias passagens da aventura. O primeiro passo é entrar numa arena e capturar quantos deles puder, para no final ocorrer uma fusão. Essas aves podem ser usadas para trocar por itens ou participar de rinhas. Esse minigame também é o único recurso multiplayer do jogo.
Os gráficos são competentes. Embora o cenário seja simples, com muitas linhas retas e texturas de baixa definição, os personagens se destacam, lembrando um pouco o estilo de um "Kingdom Hearts", por exemplo. Há uma boa variedade de arquétipos, e muitos são simpáticos. Durante os combates, a produtora Game Republic optou por usar onomatopéias, e o efeito é interessante. Vale a pena ver os golpes unities, mas poderia haver uma opção para desligar essas demonstrações. A trilha musical tem altos e baixos, mas, em geral, é de boa qualidade. As falas estão limitadas a frases simples e repetitivas nos combates.
Aceita-se novos viajantes
"Brave Story: New Traveler" não tem grandes defeitos, mas também não possui nenhuma característica marcante. É um RPG japonês bem tradicional, feito com competência. Apesar de ter origem num livro, o enredo do game não é dos melhores. Embora seja simples para os padrões atuais, isso é bom para iniciar novos jogadores ao estilo. Aos mais experientes, no entanto, o título é curto e pouco desafiante.
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