Topo

Rayman Raving Rabbids

01/12/2006 11h00

A francesa Ubisoft é uma das grandes que aposta no sucesso do Wii e presenteou o console com uma agradável surpresa já em sua estréia. Enquanto os holofotes se voltavam para o jogo de ação "Red Steel", tido como superprodução da produtora, foi sua mascote Rayman que roubou a cena. Na verdade, até mesmo o bizarro personagem sem braços e pernas ficou ofuscado pelos aloprados coelhos que são - ou pelo menos tentam ser - os vilões de "Rayman Raving Rabbids".

A aventura começa com nosso herói num tranqüilo piquenique com seus amigos Globox. Mas o horror começa com coelhos saindo da terra que seqüestram os indefesos e jogam Rayman numa cela. Preso numa arena, o mascote é forçado a se tornar gladiador e precisa vencer uma série de desafios diários para recuperar seus companheiros e a liberdade. Para quem espera um jogo de ação e plataformas como as demais aventuras de Rayman uma surpresa: tudo é mero pretexto para a coleção de passatempos mais maluca vista num videogame, que mostram como o controle sensível aos movimentos da Nintendo, o wii-remote, pode render muita diversão com a ajuda de mentes criativas.

Os que vão divertir o saúdam

Cada arena é composta por quatro minigames, sendo que um é sempre musical. Rayman deve vencer ao menos três para ter direito ao desafio do dia, mas ao completar todos destrava novos visuais para seu guarda roupas e canções para seu jukebox, que ficam em sua cela. A prova final do dia é, geralmente, um game de tiro em primeira pessoa - no qual o jogador deve mirar o controle diretamente na tela e eliminar os amalucados orelhudos - ou uma prova de corrida em bichos. Essa última é a única do jogo que praticamente dispensa o sensor do wii-remote, usado somente para imitar um tapinha no lombo do animal para esse correr mais rápido.

Sobreviva ao dia e ganhe um desentupidor. Espertinho, Rayman usa o seu prêmio para formar uma escada para tentar fugir da prisão pela janela. Precisará de muitos. Com o tempo, o desprezo dos coelhos se transforma em admiração à medida que Rayman vai sobrevivendo na arena. Ele ganha até torcida e uma cela luxuosa após alguns dias. Suas conquistas também ficam liberadas no modo de pontuação, que traz todos os minigames divididos em categorias para serem jogados individualmente e em qualquer ordem.

Fato científico: coelhos dão ótimos minigames

As primeiras provas são só amostra do que vem pela frente. Em um de seus primeiros desafios, Rayman deve correr para entregar um "presente bomba" para um coelho. Para isso deve se mover o wii-remote mais a extensão nunchuck para cima, baixo, cima, baixo imitando passadas. Quanto mais rápido o movimento, maior a velocidade. Entregue o presente no tempo estipulado para esse explodir na cara do coelho. Sim, como o coiote do desenho Papa-Léguas, eles sempre se ferram.

Nem todos os passatempos envolvem esforço físico. Alguns exigem precisão, como desenhar na tela alimentos para um coelho faminto, ou memória, como o hilário coral de engraçadinhos que insiste em desafinar. Nesse, o jogador deve apontar o controle no suspeito. Uma vez encontrado, deve, dar um forte tabefe no infeliz para ele se calar. Tudo é feito através de movimentos, com quase a ausência de botões.

No grupo esportivo, tem o arremesso de vaca. Para isso, deve-se girar o controle no ar rapidamente e apertar o botão para lançar o mamífero quando achar adequado. Outro destaque é a cobrança de tiro-livre direto no futebol. Aqui, a bola é colocada no meio do campo. Como no minigame do "presente", Rayman corre para ganhar velocidade e chutar... algo. A partir daí a direção é determinada apontando o controle para a tela. Hilário e desafiador.

Coelhos não tão fofinhos

Como outros jogos de Rayman, "Raving Rabbits" é um jogo colorido e cheio de vida, mas não traduza isso por belos gráficos. Alguns passatempos mereciam melhor polimento e mesmo a arena principal está abaixo do que o Wii pode fazer. Salvam a diversidade - são mais de 70 minigames com os mais variados cenários - e as animações dos coelhos - impossível jogar sem dar risada com os orelhudos em algum momento.

A trilha sonora é competente. As fases musicais - que funcionam na lógica dos jogos de tapete ou mesmo "Guitar Hero", com o jogador tendo de acompanhar o ritmo com o controle - trazem musicas famosas como "Misirlou","Good Times", "Girls Just Want to Have Fun" e "La Bamba". Tirando as instrumentais, é claro, todas são cantadas pelos coelhos! Uma pena que elas se repetem após alguns dias de arena, variando somente em dificuldade. Uma seleção musical mais ampla seria bem-vinda.

Em sua essência, "Rayman Raving Rabbids" é para um jogador. O modo pontuação até oferece opção para quatro competidores, mas raramente as disputas são simultâneas, o que é uma pena. Quebrar recordes, no entanto, tem uma vantagem, pois liberam alguns bônus, como vídeos com os coelhos - muitos dos quais foram divulgados durante a produção do game - e arte oficial do jogo, com imagens e storyboard.

Outro benefício de boas pontuações e comparar sua performance com outros jogadores do mundo. Mas ao invés de usar as funcionalidades online do Wii, a Ubisoft optou pelo burocrático sistema de códigos: quebre um recorde, clique em internet no menu do game, anote a senha num papel, vá ao seu PC, acione seu navegador e digite o código no site oficial do jogo. Se o Wii não pudesse se conectar online vá lá, mas, a exemplo dos concorrentes PlayStation 3 e Xbox 360, o console da Nintendo tem suporte à conexão online de fábrica.

Nota: 8 (Ótimo)