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Splatoon

Pedro Henrique Lutti Lippe

Do UOL, em São Paulo

13/08/2015 18h58

A indústria precisa de mais jogos como "Splatoon". Engenhoso, criativo, divertido e bem resolvido, o game é uma aposta certeira da Nintendo, que vira de ponta-cabeça um dos gêneros mais estagnados.

O mais colorido dos shooters subverte expectativas ao tirar a mira do jogador de seus oponentes e direcioná-la ao próprio cenário. Os disparos de tinta também eliminam inimigos, mas o principal objetivo dos combatentes é espalhar sua cor por todos os lados. Isso muda completamente o ritmo da ação, e permite que até jogadores que não são exatamente franco atiradores consigam se dar bem.

Transbordando estilo, "Splatoon" consegue um feito impressionante: o jogo inspira inúmeras ideias para sequências sem nunca deixar a desejar. Mais do que um 'hit' surpresa, a Nintendo criou uma nova franquia que tem potencial suficiente para um dia figurar ao lado de "Mario" e "Zelda" como uma de suas maiores marcas.

Introdução

Em um mundo dominado por tentáculos, jovens urbanos chamados Inklings competem em peculiares partidas de paintball para passar o tempo.

O foco de "Splatoon" é o modo multiplayer online, que coloca em arenas de combate duas equipes de até quatro pessoas. Diferente de shooters tradicionais, porém, o jogo premia mais o controle territorial do que a contagem de 'kills'.

Em posse de armas que vão desde metralhadoras e bazucas até pincéis gigantes e baldes, os Inklings devem conquistar terreno pintando-o da cor de seu time. Para ir de um lado ao outro, eles podem assumir a forma de uma pequena lula capaz de mergulhar em poças de tinta e até mesmo escalar paredes pintadas.

Além dos combates frenéticos online, o exclusivo de Wii U ainda oferece uma surpreendentemente engenhosa campanha para um jogador e um simples modo multiplayer local para duas pessoas.

Pontos Positivos

Mecânica sublime

"Splatoon" é um excelente exemplo de jogo que pega uma ideia boa e a disseca de todas as maneiras possíveis, aproveitando-se de todo o seu potencial.

Com jatos de tinta no lugar de balas, os jogadores precisam pensar em suas ações de um jeito diferente. Muitas vezes compensa deixar um enfrentamento direto de lado para pintar uma área menos disputada do cenário. Vence quem tem a melhor estratégia, e não quem tem a melhor mira. Assim, a habilidade individual perde os holofotes para o trabalho em equipe.

Além de tornar o jogo mais acessível, a ideia de trocar balas por tinta se desdobra em outras repercussões. Com personagens que 'mergulham' nas poças coloridas, a Nintendo criou cenários complexos e verticalizados que podem ser atravessados com grande agilidade. Controlar o território também passa a significar mais mobilidade.

Ao mergulhar na tinta, o Inkling torna-se invisível, criando oportunidades para emboscadas. E por aí vai.

Em suma: "Splatoon" é um curioso caso de jogo de ação complexo que pode ser aproveitado por qualquer um. Suas engenhosas mecânicas rendem embates frenéticos que invariavelmente deixam o jogador querendo mais.

Estilo

Os carismáticos Inklings já poderiam muito bem serem os novos mascotes da Nintendo. Com suas roupas personalizáveis e personalidades fortes, eles têm uma atitude meio punk, meio inocente que, combinada a muitas referências aos coloridos anos 1990, cria uma atmosfera de jogo muito divertida.

Tudo desde o design da cidade Inkopolis até a trilha sonora do jogo transborda um estilo inconfundível. A atenção aos detalhes fez com que a Nintendo até imaginasse bandas pop fictícias, que cantam os diferentes temas de batalha com seus próprios sons característicos.

Quando não fazem nada, as duas apresentadoras que revelam novidades do game aos jogadores podem ser vistas em seu camarim na cidade.

O carinho que a Nintendo teve ao criar o mundo de "Splatoon" faz com que o jogador tenha vontade de sempre voltar, e até torcer para que ele eventualmente cresça.

Campanha surpreendente

Teorizada como uma espécie de 'tutorial' para as várias técnicas de combate dos Inklings, a campanha de "Splatoon" é, ainda que muito breve, um de seus pontos mais altos.

Com estágios que remetem a "Super Mario Galaxy" não apenas por sua aparência, o modo transforma os jogadores em guerreiros que devem combater a ameaça dos polvos de Octo Valley contra a sociedade das lulas.

Cada nova fase introduz uma nova ideia ou mecânica e obriga o fã a dominá-la antes de avançar. Um exemplo: esponjas que crescem quando absorvem tinta. São conceitos simples que brincam a todo momento com as nada convencionais armas do jogo.

Ao fim de cada 'mundo' da campanha, uma batalha contra chefe mistura as ideias vistas anteriormente em uma única batalha. A luta contra o chefão final, em especial, é uma das melhores de todos os tempos em qualquer shooter, e deixa qualquer um querendo um "Splatoon 2" com uma campanha um pouco maior.

Atualizações gratuitas

Por mais que alguns possam argumentar que a Nintendo está prolongando artificialmente a vida útil de "Splatoon" com atualizações grátis de conteúdo que já podia estar no game no lançamento, a estratégia funciona muito bem.

O game recebe novas armas, mapas e modos com muita frequência, e até mesmo as menores inclusões são comemoradas pela comunidade. A ideia é fazer com que o jogador sinta-se motivado a ligar o Wii U semana após semana para conferir as novidades.

Hoje, "Splatoon" tem quatro modos de combate online distintos, dezenas de armas e vários mapas. Já é o suficiente, mas a Nintendo promete engordar ainda mais o game com as próximas levas de conteúdo grátis.

Pontos Negativos

Falta de chat por voz

"Splatoon" não tem uma opção própria de chat por voz. Toda a comunicação dentro do jogo se dá por meio de dois comandos de texto pré-programados que pouco ajudam na hora de montar estratégias.

Ter mais opções na hora de comunicar-se com seus companheiros de time nunca é algo ruim, por mais que a Nintendo ecoe o discurso de que expor os jogadores mais jovens em conversas online seja um problema. Mais sinais pré-programados já ajudariam bastante.

Nota: 10 (Imperdível)