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Street Fighter II' Hyper Fighting

02/08/2006 16h45

"Japonês de 14 anos solta um hadouken. A revista japonesa 'Chi in Action' descreveu a primeira manifestação voluntária de energia termocinética luminosa (hadouken) em um garoto chamado Eiji Homura."

A notícia recente do jovem Homura é falsa. Mas é popular em fóruns de discussão e sites voltados ao extraordinário. Seja no ocidente ou no oriente, a palavra hadouken nem sequer existia, ao menos até 1987, com o lançamento de "Street Fighter", jogo que passou quase despercebido, mas que ganhou status de fenômeno quatro anos depois, com sua continuação.

Hadouken, Shoryuken e Tatsumaki Senpuu Kyaku são alguns dos muitos golpes especiais dos lutadores de "Street Fighter II", que são desferidos ao se realizar um movimento com o controle e com o apertar de botões em determinadas combinações. A descrição é simplória, mas a novidade serviu de base para praticamente todos os jogos de luta posteriores por quase uma década e ainda inspira muitos novos.

Se não bastasse isso, "Street Fighter II" foi divisor de águas no balanço entre bloqueios e ataques, proporcionando lutas elaboradas para quem dominasse a arte dos doze personagens do jogo. Algo sem precedentes para a época. Não era raro ver jogadores carregados de adrenalina imitarem o movimento de hadouken na vida real após uma partida eletrizante.

Nova arena, velhos lutadores

De volta ao presente, a versão de "Street Fighter II" que chega à Xbox Live Arcade é a "Hyper Fighting", segunda evolução do original, lançada em 1992. O jogo foi uma resposta da Capcom às modificações não-oficiais que invadiram os fliperamas. De fato, algumas melhorias dos hackers foram incluídas nessa versão, como a bola de fogo de Chun Li, o teletransporte de Dhalsim e a habilidade de desferir golpes especiais em pleno ar. Além disso, oferece novas cores no guarda-roupa dos lutadores e a ação é mais rápida.

No Xbox 360, são três as modalidades para um jogador, que fazem parte do grupo "Arcade". A primeira é a própria "Arcade", que traz o jogo tal qual foi lançado no fliperama e que se resume em escolher um entre os doze lutadores e derrotar um a um os demais até o confronto final com M. Bison; a segunda opção, "Versus", nada mais é que um mano-a-mano para ser disputado com um amigo num segundo controle; por último, há o "Training", que serve para aperfeiçoar suas técnicas de luta. Nessa modalidade, o jogador escolhe seu oponente e que tipo de ação ele fará: pular, abaixar ou nenhuma das duas. O oponente não reage, mas recupera energia rapidamente. A meta é criar uma seqüência devastadora que drene a barra de energia até o fim. Feita, a seqüência pode ser apreciada e decorada com calma no replay.

Os melhores do mundo

Como todos os jogos da Live Arcade, "Street Fighter II" conta com ranking de jogadores e lista de conquistas ("achievements"). Soma pontos ao perfil dar um "perfect" no computador e completar a modalidade "Arcade" sem perder um único duelo. Há também conquistas que estimulam a competição online, como completar 50 partidas valendo pontos para o ranking ou alcançar trinta vitórias na Xbox Live. Para quem gosta de comparar desempenho, a tabela de ranking tem várias subdivisões. Além do tradicional filtro para ver como andam os amigos, é possível consultar os melhores em vitórias consecutivas, do mês ou de cada personagem. Mesmo as derrotas somam pontos ao ranking, mas obviamente a relação dessas com as vitórias tem peso maior na classificação.

As opções online são variadas. A primeira divisão é entre partidas valendo ou não pontos para o ranking - "Ranked Match" e "Player Match", respectivamente. Nos duelos que valem pontos, o jogador pode optar por um sorteio rápido entre oponentes ou fazer uma busca personalizada ou ainda lançar sem próprio desafio. Mas não espere muito além disso. De concreto, pode-se optar entre oponentes com ou sem o "headset" e ter a chance de escolher o adversário com a melhor conexão ("ping") da lista.

Sem a neurose do ranking e mais social, o "Player Match" tem as tradicionais opções de confronto aleatório, busca personalizada e convite de amigo. Diferente do modo "Ranked", no entanto, pode-se definir quantos rounds terá a partida e oferece uma novidade interessante batizada de "Quarter Match", que imita a velha brincadeira do "quem ganha fica". Funciona assim: o jogador cria uma sala que comporta até quatro pessoas. Enquanto os dois primeiros duelam, os demais ficam de espectadores. Quem perde dá a vez para o próximo da fila e o perdedor tem de esperar todos os outros até ter uma nova chance.

Falha na conexão

A qualidade da conexão das partidas online vai do ótimo ao insuportável, mas dentro do aceitável na maioria das modalidades. Com adversários de uma mesma região - brasileiros versus brasileiros, por exemplo -, a sensação é de se estar jogando e conversando com alguém ao seu lado. A qualidade cai nas partidas valendo pontos para o ranking, que trazem jogadores de qualquer parte do globo. No geral, elas ficam dentro do aceitável, mas não são raras as mensagens de falha na conexão e perda de velocidade. Já o "Quarter Match" chega a ser impraticável, infelizmente.

Previsto inicialmente para cinco jogadores, essa modalidade foi reduzida para quatro na versão final, mas "cortar um" ficou longe da solução. Em várias tentativas de entrar numa sala aleatória, os problemas foram freqüentes e diversos. O mais comum é do jogo travar no momento da escolha de lutadores. Mesmo apertando o botão A ou B, como manda a tela, a partida não se inicia. Para piorar, como não há opção de voltar, obriga o jogador a apertar o botão circular para acionar o menu do Xbox 360, abandonando o game por completo. Tem também o problema das partidas em câmera lenta, que chegam a ser até cômicas e acontecem geralmente quando alguém com "ping" ruim entra na sala. A conexão no "Quarter Match" melhora se o jogador criar uma sala de amigos, que na verdade é o propósito da modalidade, mas mesmo assim irrita.

Se o tempo de resposta deixa a desejar na conexão, pelo menos, mesmo não se comparando ao preciso joystick dos fliperamas, no controle ela funciona. A disposição dos botões não causa estranheza, mas lutadores da velha guarda, principalmente aqueles que jogaram a versão para Super Nintendo, talvez se sintam tentados a mudar soco e chute fortes do gatilho para os botões de ombro do controle do Xbox 360. De qualquer forma, o menu de opções de jogos oferece outras configurações e é possível configurar o controle da maneira que desejar. Uma boa sacada é o item "lado preferido" no menu de preferências, ideal para aqueles que executam golpes especiais melhor de um determinado lado.

No quesito gráficos, não há muito pelo que se esperar. Como todos os jogos da Live Arcade, o visual é fiel ao original e a sua época. Proprietários de TV widescreen têm a opção de esticar a tela para tirar o espaço vazio, mas isso não deixa o jogo mais bonito. "Street Fighter II' Hyper Fighting" também tem suporte para som digital, que faz você notar que o som dos elefantes da fase de Dhalsim, revolucionários na época, podem ser um pouco irritantes.

Nota: 8 (Ótimo)