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Tales of Xillia

Pablo Raphael

Do UOL, em São Paulo

02/09/2013 15h07

Um dos bastiões do RPG japonês tradicional, a série "Tales of" mostra que o gênero ainda é capaz de surpreender e principalmente, entreter o jogador em "Xillia", mais recente episódio a desembarcar deste lado do globo.

O jogo combina combates frenéticos e cheios de estratégia com personagens cativantes e uma narrativa suave, mas constante, que equilibra de maneira exemplar situações corriqueiras e cenas épica. Ao invés de ocidentalizar a franquia, "Tales of Xillia" conquista o jogador por se manter fiel ao gênero que ajudou a consagrar.

Introdução

Em "Tales of Xillia" você acompanha as aventuras de Jude Mathis, um estudante de medicina e Milla Maxwell, uma misteriosa garota dotada de poderosos aliados invisíveis. Ao lado de outros heróis, a dupla encara missões mundo afora, em uma trama que ganha um escopo cada vez maior - até que, como é de se esperar, o destino do mundo esteja em jogo.  "Xillia" traz combates em tempo real ao lado da administração metódica de itens, Artes e sistemas de evolução. Típico RPG nipônico, o jogo traz um mundo vasto para explorar e muitos monstros para enfrentar no decorrer de sua longa jornada.

Pontos Positivos

Belo estilo visual

"Xillia" é um jogo lindo de se ver. Os gráficos ao estilo cell-shading dão a aparência de animação ao mundo do game, mas os personagens são desenhados com proporções mais realistas do que em outros episódios da saga. A mistura de estilos funciona de forma exemplar, ainda mais com a diversidade de cenários apresentados e o traço sem (muitos) exageros dos personagens. Para completar o pacote, os principais momentos do enredo são apresentados em animes de ótima qualidade, tudo sempre acompanhado por uma agradável trilha sonora.

Personagens cativantes

Jude, Milla, o mercenário Alvin e outros personagens que compõem o núcleo principal de "Tales of Xillia" estão entre os mais cativantes heróis de J-RPGs. Não só por suas personalidades bem desenvolvidas mas também pelo relacionamento do grupo, que surge em conversas constantes durante o jogo.

São conversas que aprofundam o jogador no passado de cada um deles, nas suas reações em relação ao resto do mundo e claro, opiniões sobre os companheiros de viagem. Perceber que Milla não desconfia que sua saia é curta demais, descobrir as habilidades culinárias de Jude ou outros detalhes pequenos cria um vínculo entre o jogador e o bando conforme as (muitas) horas de aventura passam.

Cada um deles possui também habilidades específicas, além das Artes (golpes e poderes especiais que são usados nas batalhas). Evoluir os personagens pode levar um bom tempo, embora você tenha a opção de relegar tudo ao sistema de evolução automática.

Acompanhar de perto esse microcosmo que é o grupo de aventureiros faz com que os eventos externos - seja a ameaça que se apresenta nas primeiras horas de jogo ou outras situações que surgem depois - ganhem proporções ainda maiores. Em um ótimo exemplo de habilidade narrativa, "Tales of Xillia" está sempre impelindo o jogador adiante em sua trama. Você se envolve com aqueles personagens e quer saber o que vai acontecer em seguida, avançando madrugadas adentro na aventura.

Combate frenético

O ritmo cadenciado de "Tales of Xillia" envolve conversar, explorar o cenário, lutar contra oponentes, recolher itens, evoluir os personagens e distribuir pontos de habilidades. Porém, durante a fase de combate, o jogo se torna muito mais frenético. Você pode controlar um dos aventureiros, formar duplas e desferir golpes, bloqueios, esquivas ou disparar Artes poderosas. Jogadores mais ousados podem optar por controlar mais de um aventureiro ao mesmo tempo, o que requer uma boa coordenação motora para acionar os comandos corretamente. Dá até para um amigo assumir o comando de um dos personagens, em multiplayer local, e dar uma mão na hora das batalhas.

Na hora da briga, "Xillia" se transforma em um ótimo jogo de ação. Emplacar combos e dominar o uso das Artes são o caminho para a vitória, ainda que nas lutas contra chefes é preciso ficar atento para o uso estratégico de itens e a formação correta das duplas. Um descuido contra um chefão é morte certa.

Em dificuldades maiores, é preciso dominar os sistemas secundários, principalmente a esquiva de Jude, para se dar bem. Mas de forma geral, os controles são fáceis de entender e as mecânicas se tornam intuitivas depois de algumas lutas.

Pontos Negativos

Repetição excessiva

Acompanhar "Xillia" por completo exige que você atravesse duas vezes a campanha - uma no controle de Jude e outra comandando Milla - e, mesmo com as cenas diferentes pelas quais vai passar, é difícil não ficar um tanto incomodado com a repetição, principalmente durante os combates aleatórios que rolam pelo caminho.

Por melhor que seja a história, o infame "Grinding" é uma constante, com o jogador encarando todos os monstrinhos aleatórios possíveis para ganhar experiência e melhorar seus personagens ou ganhar itens para evoluir as várias lojinhas - e assim conseguir novos e melhores equipamentos. Fazer isso tudo duas vezes não é para todos - por melhor que seja a aventura.

Nota: 9 (Excelente)