Análises | Vampire Rain Xbox 360 "...merece ser esquecido. Simples assim. Nada nele funciona ou dá certo."
07/08/2007 da Redação | Para descrever o quão "Vampire Rain" é ruim - o que deve ser feito adequadamente, considerando que o leitor certamente não vai (e nem deve) arriscar-se com o jogo - há diversas formas possíveis, mas basta dizer que o título falha em praticamente tudo o que se propõe a fazer. Muito embora, e isso talvez seja o mais triste, apresente um mote promissor: um jogo furtivo de ação, no melhor estilo "Splinter Cell", mas com uma atmosfera sombria protagonizada por vampiros.
Sugando a sua paciência
O enredo conta a história de John Lloyd, membro de um grupo de agentes cuja missão é combater os Nightwalkers, uma variante dos vampiros que, exatamente em 908 dias, atacando seres humanos, pretende dominar os Estados Unidos. O protagonista é o único do grupo que sobreviveu a um ataque dos seres, mas a trama, mesmo repleta de animações, que interrompem a ação a todo instante, não conta exatamente o porquê disso, nem contextualiza a razão dos ataques, da existência dos Nightwalkers etc.
Não é preciso prestar muita atenção para perceber que a produtora Artoon se inspirou em "Splinter Cell" e "Metal Gear Solid" para conceber "Vampire Rain"; é só olhar para o visual de Lloyd, do uniforme aos óculos que usa para enxergar no escuro ou diferenciar os Nightwalkers dos humanos. O jogo, ação à parte, tem um componente furtivo muito forte, consistindo em procurar o melhor caminho entre os cenários para passar despercebidos pelas criaturas.
Os cenários urbanos, durante a noite e sob forte tempestade (que enfraquece os sentidos dos vampiros), são vastos, mas surpresa: o jogo é daqueles que limita a movimentação do jogador com "paredes invisíveis". Nada mais frustrante. Logo, toda a imensidão revela que, na verdade, o caminho é quase sempre linear, e as missões do single-player resumem-se, ir do ponto X ao Y, procurando o melhor caminho para evitar confrontos.
Calma, pois não é tudo: o melhor (ou pior, como queira) está reservado aos combates. No minimapa, o jogador consegue ver, através de um cone, o alcance da visão do inimigo. Acontece que o recurso é mero referencial, já que as criaturas parecem ter olhos bem mais espertos, o que nem é de todo condenável, afinal, torna as coisas mais críveis e realistas. Caso um Nightwalker veja o protagonista, a morte é certa.
Sim, existem armas, (pouca) munição espalhada pelo cenário etc. Todavia, em dois golpes, o vampiro arrasa Lloyd que, com alguma sorte, pode levar um só e sobreviver, ainda que com a barra de energia precariamente no fim. Matá-los é muito difícil, quase impossível: é preciso descarregar um pente de munição e, muitas vezes, nem isso é suficiente. Quando o jogador consegue acesso a armas melhores, em fases avançadas, os Nightwalkers aparecem em maior número. Ou seja, danou-se.
Com freqüência, é necessário usar os óculos, seja para ver no escuro ou identificar os adversários. Como a carga de cada um deles dura poucos segundos, "Vampire Rain" se transforma num frustrante jogo de identificar, esperar a bateria recarregar, tentar passar despercebido, morrer e fazer tudo de novo até acertar.
Vade retro
Resistir mais de uma hora jogando "Vampire Rain", para os corajosos que se sujeitarem a tal, será um milagre. De qualquer maneira, vale registrar a existência do modo multiplayer, que traz as modalidades de costume que, certamente, não vão despertar vontade alguma. O que há de mais diferente é Death or Nightwalker, uma variação do deathmatch na qual o jogador que é morto transforma-se em um vampiro, adquirindo os superpoderes que comprometem e desequilibram a campanha single-player. Por sinal, o modo para um jogador oferece ainda o Trial, que são missões individuais.
Os gráficos, em geral, parecem estar uma geração atrasados, pobres e limitados, assim como as animações pré-renderizadas e os movimentos desajeitados do protagonista, mas não são nem de longe o maior problema do jogo. Contudo, o cuidado é tão pouco que sobram os famigerados "clippings", com corpos flutuando pelo ar ou atravessando paredes.
A trilha sonora passa quase despercebida, mesmo sendo repetitiva. Se bem que, em relação aos demais aspectos, passar em branco em "Vampire Rain" até que não é tão mau negócio.
Nem alho, cruz e água benta pra dar jeito
"Vampire Rain" merece ser esquecido. Simples assim. Nada nele funciona ou dá certo. Em todo caso, a idéia de misturar vampiros com o estilo de jogo de "Splinter Cell" soa promissora. Quem sabe, no futuro, uma produtora mais competente, com um projeto realmente sério, não consiga viabilizar um título bacana sobre o tema.
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