Broken Sword: Shadow of the Templars

OTAVIO MOULIN
Colaboração para o UOL

Adventure à moda antiga

"Gabriel Knight", "Full Throttle" e "Day of the Tentacle" foram apenas alguns entre vários clássicos que nasceram nos PCs durante a explosão dos adventures gráficos. Tais jogos apresentavam histórias complexas que pediam do jogador atenção e raciocínio lógico, para clicar em objetos pelos cenários e utilizá-los das mais criativas maneiras para solucionar enigmas que desenrolavam as tramas.

Com a popularização de gêneros mais ágeis e acessíveis, como os de tiro em primeira pessoa ou de estratégia em tempo real, o adventure clássico foi perdendo espaço e se tornou uma espécie de produto obscuro e independente nos últimos anos, mantido por poucos e fiéis fãs. Uma luz no fim do túnel surgiu com o Wii, que graças a seus controles que podem emular bem o uso de um mouse, que permitiu a fácil conversão de jogos de séries como "Agatha Christie" e os novos "Sam & Max". "Broken Sword: Shadow of the Templars" é o mais novo a chegar ao console, ao lado de uma conversão para DS.

Revisitando um clássico

"Broken Sword: Shadow of the Templars" é na verdade um jogo bem antigo, lançado em 1996 para PC e que teve sucesso suficiente para gerar três continuações em múltiplas plataformas. O que chega aos consoles agora é uma versão batizada de "Director's Cut", que adiciona cenas extras ao roteiro do lendário designer Charles Cecil e realça os aspectos técnicos para a nova geração - agora o visual é bem mais atraente, atualizando as ilustrações originais do artista Dave Gibbons (o co-criador de "Watchmen") para algo mais próximo de um desenho animado, e os diálogos ganham boa dublagem (esta presente apenas no Wii).

A história, foco principal de qualquer jogo do gênero, é bastante sofisticada e se divide entre dois protagonistas, o turista norte-americano George Stobbart e a jornalista Nico Collard. A dupla se envolve com uma série de atentados em Paris, causados por um homem misterioso vestido de mímico. Com a resolução dos enigmas, a trama se aprofunda em um mistério secular, que prende a atenção com suas reviravoltas e diálogos elegantes. Fãs do original devem sentir as mudanças logo de cara, uma vez que agora é Nico quem abre a história, em uma sequência inédita.

O ritmo, obviamente, é bastante lento. É necessário passear pelas telas cautelosamente com o cursor para investigar elementos do cenário em busca de pistas e itens. Em exemplos mais óbvios, devemos utilizar um grampo de cabelo para abrir uma porta secreta, mas há situações mais estranhas que requerem o uso mais criativo dos objetos no inventário - muitas vezes as resoluções não são claras, então o jogador deve apelar para a tentativa e erro ou para um sistema de dicas embutido no pacote.

A interação com outros personagens também se torna necessária, com pequenas árvores de diálogos que podem ajudar a extrair informações importantes dos mesmos. No meio disso tudo, minigames foram adicionados para deixar as coisas um pouco mais variadas, como reunir partes de uma foto para criar a gravura completa.