Castlevania: Order of Ecclesia

Shanoa em ação

Assim como Drácula é ressuscitado a cada cem anos em "Castlevania", a própria franquia da Konami também parece se renovar em períodos mais ou menos determinados. A série nasceu em 1986, que, como muito de seus contemporâneos, adotava uma progressão do tipo fase após fase. Daí, 11 anos depois, surgiu "Symphony of the Night", para PSOne, que mudou totalmente a fórmula: agora, explorava-se um único mapa, e o raio de ação do herói Alucard ficava mais amplo à medida que adquiria novos poderes e itens (na verdade, não era uma idéia original, já que "Metroid" a usava há muito tempo).

Novamente, mais 11 anos se passam, e, com "Castlevania: Order of Ecclesia", o terceiro episódio para Nintendo DS, a série dá mais uma reviravolta. Ou melhor, uma volta ao passado. O título é nitidamente dedicado aos fãs de longa data da série, pois retorna com uma dificuldade que não se via desde os episódios pré-"Symphony of the Night". Depois, acaba com o sistema de mapa gigante: agora, o game acontece em diversas localidades no entorno da Ordem de Ecclesia.

O game se passa no começo do século 19, quando a linhagem dos Belmonts, tradicional clã de caçadores de vampiros que vinha enfrentando o Senhor das Trevas, desaparece. Para combater a próxima encarnação de Drácula, grupos foram criados com o intuito de acabar para sempre essa ameaça. A Ordem dos Ecclesia é um deles, e o líder Barlowe finalmente consegue desenvolver a arma definitiva contra o rei dos vampiros. Mas - sempre tem um mas -, aos 45 do segundo tempo, algo não sai como esperado, e Shanoa, a heroína do game, tem que consertar a situação.

Poder da tatuagem

Shanoa não é uma Belmont, e por isso não possui armas sagradas. Mas é capaz de manipular magia, através de tatuagens conhecidas como glyphs. O jogador pode colocar até três desses símbolos na heroína. Dois deles vão em cada um dos braços, que são responsáveis pelos vários tipos de ataque. Mesmo golpes de espada ou tiros de flecha são tratados como magia, e, portanto, gastam MP (pontos mágicos). Há opção de usar ataques com mais cara de mágica, como bolas de fogo ou estalagmites de gelo. Pode-se colocar o mesmo glyph nos dois braços, e, nesse caso, é possível fazer um ataque especial que gasta pontos de coração.

Chefões são páreo duro

O terceiro símbolo vai nas costas de Shanoa, e fornece diversos benefícios. Um deles consiste em novas habilidades, caso, por exemplo, da Magnes, poder magnético que serve para grudar em determinados pilares. Também é possível realizar transformações: com os símbolos do tipo Arma, Shanoa assume a forma de diversos monstros, que, além de poder usar suas habilidades, também conta com sua camaradagem, e passam a lutar ao lado da personagem. Por fim, alguns símbolos permitem evocar magias de ajuda, como a Sapiens Fio, que serve para aumentar a inteligência e a defesa contra feitiços.

Todos os símbolos podem ser obtidos em determinados locais do mapa, derrotando inimigos ou quando certas criaturas estão evocando poderes. Trata-se de um sistema que permite uma boa variedade de combinações, mas também é um pouco enfadonho ficar trocando de símbolos a cada nova situação - é que cada um dos inimigos possuem pontos fracos específicos, razão pela qual é preciso ficar mudando de arma. Um mecanismo que permite trocar três tipos de configurações dos glyphs ajuda a diminuir isso, mas ainda continua sendo chato.

Além do castelo de Drácula

Como dito, as fases estão espalhadas num território, e, por isso, cada um dos mapas são bem menores que antes. A mudança é bem-vinda, pois não diminuiu as possibilidades de exploração, mas agora não é preciso ficar andando pelos mesmos lugares caso o jogador só queira terminar a história. De fato, a progressão fica mais linear, mas nem por isso o jogo é fácil, pois, como dito, os inimigos são fortes e os chefes, mais ainda. É possível diminuir a dificuldade aumentando o "level", mas isso não impede de o jogador precisar decorar padrões de comportamento dos "bosses" e montar estratégias para escapar dos ataques. Portanto, espere ver muitas vezes a tela de "Game Over".

Vampiros na TGS 2008

Mas quem quiser mais missões paralelas, há uma vila no game que proporciona isso. No começo, Wygol está abandonada, mas, à medida que vai libertando seus habitantes, que estão confinados em várias partes do território, o vilarejo vai sendo ressuscitado, e os cidadãos buscam ajuda em Shanoa. É claro que, se forem atendidos, não hesitarão em agradecer com recompensas. Para quem está com saudades dos mapas grandes, a segunda parte do game guarda surpresas.

Fora a modalidade principal, não há muito que fazer em "Order of Ecclesia". Há alguns modos multiplayer, local e online, além do tradicional Boss Rush, em que se luta apenas contra os chefes de fase. A utilização da tela sensível ao toque já era raquítica nas versões anteriores de "Castlevania", mas, agora, praticamente não há espaço para a funcionalidade.

O visual está bom caprichado, com aquelas temáticas "góticas" de sempre, mas, desta vez, com a mudança na progressão das fases, os cenários estão mais variados. Agora há estágios ao ar livre, inclusive uma em alto-mar, em meio a uma embarcação destruída por uma tempestade. E o design de personagens deste "Order of Ecclesia" traz de volta aquela beleza e aura de mistério que não se via desde Ayami Kojima, de "Symphony of the Night". A trilha sonora também está cativante, sem fugir do estilo das composições da serie, com toques de horror.