Henry Hatsworth in the Puzzling Adventure

CLAUDIO PRANDONI
Colaboração para o UOL

A versatilidade do Nintendo DS e suas várias funções propiciam algumas das experiências mais divertidas e inusitadas já vistas em um videogame portátil. Todavia, isso não implica que toda produção para o aparelho tenha de usufruir de maneira genial da tela de toque ou do microfone, às vezes produções mais triviais encontram espaço e se dão bem no pequenino.

"Henry Hatsworth in the Puzzling Adventure" desponta como um excelente exemplo disso e já está entre as surpresas para o DS neste ano de 2009. Sorrateiramente produzido pela EA Tiburon, estúdio da Electronic Arts responsável pela série de futebol americano "Madden", e lançado sem muito destaque, o game é uma aventura tradicional em 2D que mescla à mecânica elementos de quebra-cabeça.

Aventura de quebrar a cuca

O herói é um verdadeiro cavalheiro britânico, adepto de aventuras ousadas por tesouros supostamente fúteis e preciosos e, claro, um delicioso chá da tarde. O explorador parte em busca do misterioso Traje de Ouro, o qual concede a quem o veste poderes além da imaginação e também o poder de controlar a Dimensão do Quebra-Cabeça, onde residem criaturas malvadas e riquezas de valor inestimável.

Toda a jornada do explorador acontece no tradicional estilo de aventura 2D, tão consolidado nas eras 8 e 16-bits. Hatsworth pula e ataca, tendo à disposição uma bengala (que pode virar espada) e um rifle. Os ataques são variados e permitem acertar inimigos vindos de todos os lados, mas ainda assim a mecânica é simples: basta pular e derrotar os adversários, seguindo sempre em frente para coletar moedas e jóias e passar de fase.

O jogo se diferencia de outros tantos do gênero ao integrar também uma mecânica de quebra-cabeça. A tela de cima exibe a aventura bidimensional, ao passo que a inferior, de toque, mostra um campo lotado de quadrados coloridos. Cada inimigo derrotado se transforma em um inimigo no enigma logo abaixo. Para eliminar definitivamente basta alinhar no mínimo três peças iguais. Caso não consiga, o quadrado malvado retorna para infernizar o nobre senhor na tela de cima.

Para conseguir itens é basicamente o mesmo esquema: eles pipocam no quebra-cabeça e basta quebrar as peças correspondentes a eles para que Hatsworth ganhe os privilégios. A mecânica da aventura e o desafio lógico são simples, porém se intercalam e entrelaçam de maneira sutil, porém genial. Eventualmente a repetição pode tirar parte da graça, mas nunca cansam demais.

Como tempero para quebrar a repetição e oferecer vantagem nos embates contra chefões, Hatsworth pode acumular uma barra especial conforme resolve o quebra-cabeça. Uma vez cheia, concede ao arqueólogo uma poderosa armadura, invencível e capaz de disparar socos como foguetes. Deslocado, porém absurdamente hilário e útil.

Por fim, "Henry Hatsworth in the Puzzling Adventure" empresa elementos de "Metroid" na medida em que o herói adquire novas habilidades conforme avança pelas fases. Cada mundo completado concede ao aventureiro uma nova peça de roupa, dotada de algum poder especial, como pular e se apoiar em paredes, à la "Mega Man X".

Por mais que o jogo seja formado apenas por esses elementos citados, o charme do visual colorido e caricato, estilo desenho animado, é contagiante, assim como as animadas músicas e ridículas vozes dos personagens (que falam de forma rápida e desconexa, tal qual ocorre na série "Banjo-Kazooie").

A simplicidade pode transparecer repetição, mas a alternância entre aventura e quebra-cabeça, a variedade de desafios propostos (como chefes e salas repletas de inimigos) e as novas habilidades fazem um bom trabalho de renovar o frescor do game sem deixá-lo enfadonho. Claro, uma certa predileção por aventuras nostálgicas também ajuda, já que "Henry Hatsworth in the Puzzling Adventure" parece saído direto do Super Nintendo (ainda que o quebra-cabeças permita também movimentar as peças tocando na tela com a caneta stylus).