Professor Layton and the Curious Village

OTÁVIO MOULIN
Colaboração para o UOL

A série estrelada pelo genial Professor Layton virou uma verdadeira febre no Japão, logo com este primeiro jogo, "Professor Layton and the Curious Village", cujo sucesso deu sinal verde para o lançamento de uma continuação poucos meses depois, e o anúncio de um terceiro capítulo.

Só agora, um ano depois, o ocidente recebe o lançamento do jogo original, fruto da colaboração entre o designer Akihiro Hino, fundador da Level-5 e diretor de jogos como "Rogue Galaxy" e "Dragon Quest VIII", e seu ídolo desde a infância, Akira Tago, lendário criador de uma longa série de livros de enigmas, charadas e desafios de lógica e matemática, traduzidos como "Mental Gymnastics", que venderam mais de 12 milhões de cópias em terras nipônicas.

Ambientação européia

Em vez de utilizar uma abordagem convencional, simplesmente disponibilizando todos os puzzles em um menu simples e direito, como acontece com outros jogos do estilo no DS, Hino resolveu criar todo um universo em torno desses desafios, na figura do professor e arqueólogo Hershel Layton e seu ajudante Luke, que viajam pela Europa para desvendar uma série de mistérios.

A apresentação enche os olhos por seus belos gráficos desenhados, criados com uma forte influência dos quadrinhos europeus, que ganham vida também por uma dublagem excelente, que reforça a diversidade de sotaques do velho continente.

A trama começa com a morte de um bilionário chamado Reinhold. Layton viaja para o interior depois de ser contratado para encontrar um artefato escondido pelo excêntrico ricaço na vila de St. Mystere. Achar este objeto garantirá o acesso à fortuna deixada pelo falecido, de acordo com seus desejos especificados em seu testamento.

Cabe então ao jogador vasculhar vários cenários estáticos da pequena vila, para explorar diversos locais e conversar com seus residentes, em busca de pistas sobre o paradeiro do item. A questão é que todos só irão falar se você resolver algum dos inúmeros desafios propostos, dos mais simplórios a aos mais desafiadores.

Fundindo o cérebro

Como a história e a apresentação funcionam como pretexto para os diversos enigmas e charadas, "Professor Layton" não é um jogo que pode ser indicado a todos. Só aqueles com muita paciência e com gosto por resolver desafios lógicos e matemáticos conseguirão apreciar a beleza do projeto.

Para tentar explicar o funcionamento, basta dizer que ele tem forte semelhança com o enredo do filme "Duro de Matar: A Vingança". No filme, os personagens de Bruce Willis e Samuel L. Jackson percorrem a cidade de Nova York correndo atrás do terrorista interpretado por Jeremy Irons, que os força a resolver os mais variados problemas. Lembra daquele em que eles precisam colocar, de maneira precisa, quatro galões de água sobre uma balança, contando apenas com dois recipientes que, respectivamente, conseguem comportar três ou cinco de uma vez?

Tal desafio está presente de maneira semelhante aqui, assim como diversos outros tipos, como escolher uma figura que se encaixe em uma descrição dada pelo jogo, em meio a uma ilusão de ótica que altera nossa percepção em relação ao tamanho das peças, ou calcular quantas vezes três ou quatro números se repetem no visor de um relógio digital ao longo de 24 horas. Há dezenas de opções diferentes.

Voltando a frisar, alguns desses desafios são bem simples, outros nem tanto, o que pode causar certa frustração. Nem todos são obrigatórios ou necessariamente comprometem no avanço da história, mas a resolução de alguns com certeza se tornará questão de honra, o que pode ser resolvido pedindo dicas ao jogo. Mas elas não são gratuitas - é necessário comprá-las com moedas que ficam escondidas pelo cenário - e, mesmo assim, muitas não são muito esclarecedoras. O sucesso na realização das tarefas garante pontos no placar, que são reduzidos do total diante de repetidos erros durante a resolução dos enigmas.

À medida em que estes desafios são vencidos, eles ficam disponibilizados em um menu, para que possam ser jogados novamente, já que alguns deles contam com variantes aleatórias, garantindo uma longa vida ao título. Além disso, a Nintendo prometeu a disponibilização constante de novo conteúdo através da conexão Wi-Fi do portátil, o que deixa o jogo sempre revigorado e atual.