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Lunar: Dragon Song

17/10/2005

AKIRA SUZUKI
Colaboração para o UOL
Os RPGs "Lunar: The Silver Star" e "Lunar: Eternal Blue" foram dois dos mais representativos do Sega CD, inspirando inúmeros remakes para outros consoles. Agora, quase dez anos depois, a Game Arts, aliada à Marvelous Interactive, de "Harvest Moon", trazem um episódio original da série, conhecida pelo enredo empolgante e grande valor de produção.

Se os títulos anteriores se destacavam pelos atributos técnicos e artísticos, além de novidades no sistema de batalha, "Lunar: Dragon Song" aposta mais no estilo clássico de fazer RPG. Não que não haja inovações, mas elas simplesmente não trazem nenhum aspecto positivo para a experiência do jogador.

Dupla dinâmica

Novamente, "Lunar" aposta em uma dupla como protagonista. Mas, ao contrário dos memoráveis duetos Alex/Nall, Hiro/Lucia dos episódios anteriores, os atuais protagonistas, Jian e Lucia, não transmitem o mesmo carisma. A maior parte da culpa recai no enredo, que conta uma história acontecida mil anos antes de "The Silver Star" e que trata de vilões que querem escravizar a deusa responsável pelo mundo de Lunar.

Os textos poucos inspirados também torna a aventura um pouco insípida. Nesse ponto, o trabalho da Working Designs, que fez a tradução dos dois títulos antecessores, foi impecável, com diálogos bem escritos e uma localização precisa.

O sistema de "Dragon Song" é bastante tradicional. Como em outros RPGs, os personagens percorrerão diversos lugares para falar com outras pessoas e procurar itens, e, assim, avançar no roteiro. O trabalho principal de Jian é fazer entregas e essa será a base das missões alternativas.

Fora dos estabelecimentos, o deslocamento na cidade é feito numa tela simplificada do mapa, que indica os diversos locais que podem ser visitados, ou escolhidos numa lista, apresentada na parte sensível ao toque. Com a caneta, é possível indicar os lugares que se deseja visitar. Esse sistema funciona da mesma forma na tela de mapa geral, onde se escolhem os destinos dos aventureiros.

Dentro das casas e cavernas, o sistema de controle volta a ser mais tradicional, podendo comandar diretamente seu personagem, explorando o cenário e conversando com as pessoas. Dependendo do lugar, existem inimigos. Eles são visíveis e, se conseguir desviar, as batalhas podem ser evitadas.

Esquivar dos oponentes é um trabalho que pode ser complicado, pois seu personagem é lento e os inimigos podem alcançá-lo. Até existe uma opção para correr, mas essa ação gasta energia. Nessas partes, tal mecânica pode funcionar para aumentar a tensão, uma vez que será preciso escolher entre confrontar ou usar a energia para correr mais rápido e evitar o combate. Mas não faz sentido o sistema continuar existindo na cidade, o que deixa o processo de bate-perna ainda mais frustrante.

Escolha o prêmio

"Lunar: Dragon Song" também resolveu inovar nas recompensas ganhas ao matar os inimigos. Não que isso represente uma boa notícia. Dependendo da modalidade de combate, escolhida na tela de menu antes de as lutas começarem, o jogador opta por ganhar experiência ou item. Nunca os dois ao mesmo tempo. As batalhas já são longas e frustrantes e um sistema desse apenas aumenta a agonia.

Os itens são necessários para cumprir as missões, mas como a obtenção dos mesmos se dá de forma bastante aleatória, muitas vezes os objetivos se tornam verdadeiros martírios. E essa é uma das poucas maneiras de se conseguir dinheiro no jogo.

Na modalidade de combate "Virtue", em que se obtém experiência dos oponentes, existe um objetivo secundário: ao matar todos os inimigos de uma área, os baús azuis ficam destrancados; eles podem conter itens e dinheiro, ambos muito valiosos. Mas há uma dificuldade: um relógio marca o tempo para que novos inimigos apareçam no mapa e, como a construção e visão dos cenários ajudam a esconder os oponentes, isso se torna mais uma fonte de chateação.

Existem muitos problemas na batalhas também. "Dragon Song" usa o tradicional sistema de turnos, no qual a cada rodada escolhe-se uma ação: ataque, magia ou item. As batalhas são bastante longas, pois os inimigos são muitos e, apesar de seu grupo possuir até três integrantes, apenas dois são úteis para matar os oponentes, pois o terceiro guerreiro é um mago. Até existem alguns golpes e magias que pegam todos os inimigos ao mesmo tempo, mas eles gastam muitos pontos de magia e não podem ser usados indiscriminadamente.

Além do mais, não se pode escolher em qual inimigo atacar; o computador escolhe os alvos automaticamente e, muitas vezes, as decisões são as mais patéticas. Não raramente, os seus lutadores atacam inimigos distintos ou usam um guerreiro fortíssimo para dar fim a quem já está por um fio. O único alento das batalhas é um botão que faz o tempo andar mais depressa, mas não na velocidade que seria desejável. Além disso, há uma opção de batalha automática. Somados, esses dois elementos são quase uma confissão do fabricante de que os combates são realmente chatos.

Muitas perdas e nenhuma compensação

Apesar de ser um jogo de Nintendo DS, as características do portátil não foram aproveitadas como deveriam. Os menus podem ser controlados tanto pela caneta quanto pelo direcional e botões, mas muitas vezes o jeito tradicional é mais fácil. A apresentação dos menus, como os de usar e equipar itens, é um tanto confusa, sendo difícil perceber quais equipamentos estão disponíveis para cada personagem e como eles vão afetar no desempenho dos mesmos.

Talvez um sistema de tocar uma vez para escolher e duas para confirmar, como se faz com os sistemas operacionais, trouxesse maior praticidade para navegar pelas opções. Pois, muitas vezes é necessário confirmar uma escolha pressionando o botão ou tocando na área com os dizeres "OK". No final, usar a caneta é até menos intuitivo do que fazer a mesma ação com o controle. O microfone é usado para um único propósito: fugir dos combates.

O visual de "Dragon Song" herda, em parte, o estilo animê dos episódios anteriores. Mas no valor de produção perdeu muito, pois não se vê as famosas animações de alta qualidade. Agora, tudo que há são esporádicas imagens estáticas, que, apesar de bem trabalhadas, deixam uma certa saudade da grandiosidade de um "Eternal Blue", por exemplo. Vale notar que animações são quase impossíveis de colocar num cartão como o Nintendo DS, devido à baixa capacidade de armazenamento. Mas não deixa de ser uma pena.

Os cenários e personagens são bem desenhados e com bom nível de detalhe, trabalhados em 2D. Nas cenas de combate, os lutadores até ganham mais detalhes, mas também ficam um tanto pixelados, com "serrilhados" bastantes aparentes, não deixando uma impressão muito boa. O projeto dos inimigos possui pouca inspiração, recorrendo a clichês como criaturas em forma de geléia, insetos gigantes e outros bichos vistos em muitos outros títulos.

A trilha musical soa bem aos ouvidos, lembrando, em parte, os épicos que ficaram famosos no Sega CD. Só a músicas das batalhas é que você não vai querer ouvir nunca mais, de tanto tempo que passa ouvindo as mesmas melodias nos combates. Os efeitos sonoros apenas têm a qualidade mínima para um produto comercial.

CONSIDERAÇÕES

"Lunar: Dragon Song" até possui um roteiro interessante, apesar do enredo manjado. Mas peca muito em algumas inovações, que apenas fazem aumentar o tempo que os jogadores passam nas batalhas, simplórias e irritantes, sem representar um aspecto positivo na diversão. Isso faz com que o andamento seja extremamente lento, levando horas para que aconteça algo realmente relevante. Trata-se de mais um clássico que, por ora, parece ter perdido o rumo.

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    Lunar: Dragon Song (DS)

    52 imagens

    FICHA TÉCNICA
    Fabricante: Marvelous Interactive
    Lançamento: 27/09/2005
    Distribuidora: Ubisoft
    Suporte: 1-2 jogadores, multiplayer sem fio
    RegularAvaliação:
    Regular

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