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Resident Evil: Deadly Silence

03/03/2006

AKIRA SUZUKI
Colaboração para o UOL
Prestes a comemorar dez anos, "Resident Evil" é hoje a franquia de maior sucesso da Capcom, com 28 milhões de títulos vendidos em 40 edições, contabilizados em 30 de setembro de 2005. A série foi responsável por popularizar um nicho cunhado de "horror de sobrevivência", aliando a tensão de estar sempre por um fio com um tema baseado em zumbis e outros seres asquerosos. No entanto, esse estilo já havia sido inaugurado pelo jogo de PC "Alone in the Dark", mas não teve a mesma repercussão do clássico da Capcom.

Agora, o saudoso jogo de estréia reaparece no portátil da Nintendo - o game já havia ganhado um remake espetacular para GameCube. A reedição recebeu o nome de "Deadly Silence", seguindo o padrão de atribuir significados à sigla DS, visto em quase todos os game do portátil. Apesar de ter incorporado elementos exclusivos, que usam as funcionalidades típicas do aparelho, a aventura de Chris e Jill não se adaptou tão bem à filosofia de um videogame portátil, apesar de seus méritos.

De novo, o horror na mansão

"Resident Evil: Deadly Silence" é praticamente igual à edição para PSOne, lançada em 22 de março de 1996. As agruras dos dois policiais da S.T.A.R.S são contadas tal e qual o game original, incluindo até mesmo o rústico filme de introdução. Na época, as técnicas de computação gráfica não eram tão avançadas e por isso a produtora optou por filmar uma introdução com atores.

Com uma produção ruim e intérpretes que não eram exatamente tarimbados, o resultado foi digno de filmes B. Hoje em dia, essa introdução é quase um folclore dos videogames e até um dos charmes dessa versão para Nintendo DS. Além disso, os diálogos falados são, por assim dizer, pouco naturais, e se torna quase uma comédia. O resultado não é exatamente o que se espera de um título com um enredo sério e tenebroso, mas faz parte da lenda que envolve esse clássico.

Mas nada disso afeta o jogo em si, um primor de obra que mistura ação, exploração e quebra-cabeças. Não espere encontrar as facilidades de hoje. Aqui, a munição e suprimentos de energia são escassos, são poucos itens que se pode carregar e os "saves", limitados. Essas eram medidas inteligentes para tentar prolongar a vida útil do game, além de prover o clima de tensão proposto. A alcunha horror de sobrevivência não é à toa.

Mas é exatamente essa limitação de "save" que não combina como estilo de um portátil, que é a praticidade de iniciar e terminar uma partida de forma rápida. No caso de "Resident Evil", isso poderia ser revolvido com uma função de salvamento rápido, daqueles que são apagados ao retomar o game.

Em nenhum quesito a dificuldade dá trégua. A mansão a ser explorada pode não ser tão grande, mas é complicada como um labirinto. Com tantos lugares possíveis de serem acessados desde o começo, é fácil ficar perdido. Além disso, os quebra-cabeças não são dos mais simples, mas o mais difícil mesmo é enfrentar os inimigos. É quase impossível derrotá-los com reflexo - quase sempre é necessário ter conhecimento prévio, para poder usar o equipamento correto. Isso faz com que o jogador tenha que repetir os trechos várias vezes e conhecer bem cada situação.

Tudo isso está no modo Classic, que recria com fidelidade a versão para PSOne, a não ser pelo fato de a faca poder ser usada simplesmente apertando o botão L e pela função para girar o corpo em 180º. Além disso, o mapa fica permanentemente exposto na tela de cima, e isso é uma ótima ajuda. Também não há seleção de nível de dificuldade: se escolher a personagem Jill, será normal; já com Chris, é mais difícil. Mas há como acionar um modo de treinamento através de um comando especial.

Renascido, mas ainda com problemas

Mas a estrela de "Deadly Silence" é mesmo a modalidade Rebirth, que acrescenta novos elementos que fazem uso do microfone e da tela sensível. Aqui, os zumbis são mais numerosos, e de tempos em tempos, quando entrar numa sala, um modo de "facada em primeira pessoa" pode ser acionado.

Nessas horas, a visão passa a ser do personagem, e o jogador precisa usar a caneta para dar uma punhalada (dê um toque na tela) ou dar golpes em várias direções (arraste a caneta). Dependendo de como passar a caneta na tela, os ataques variam. Existe a possibilidade de fazer golpes críticos, atacando o oponente quando este estiver preparando a sua ofensiva. Essas batalhas, geralmente dão itens como munição ou ervas, que recuperam sua energia.

Assim, no Rebirth, a munição não é um item tão raro quanto no Classic, mas convém não desperdiçar à toa. De maneira geral, tem mais ação, mas a tensão é um pouco menor, pela maior fartura de suprimentos. Outra diferença é que há quebra-cabeças exclusivos, como os que trancam os baús azuis, que devem ser revolvidos usando a caneta. Aliás, quase todos os "puzzles" existentes se beneficiam da stylus.

Já o microfone é usado, por exemplo, para repelir o vômito dos zumbis, ou na hora de resgatar um dos companheiros da S.T.A.R.S, se estiver jogando com Jill Valentine. No modo clássico, você precisa pegar um antídoto para ele, mas no Rebirth, o salvamento se dá através de uma simulação de respiração boca-a-boca: basta soprar o microfone no tempo correto. Nada disso representa uma mudança radical no jogo original, mas são idéias criativas para acrescentar experiências possíveis somente no Nintendo DS.

O mesmo velho controle

Para quem nunca jogou um "Resident Evil" sem ser o de número 4, poderá estranhar os controles. É que o game usa o sistema relativo para mexer os personagem. É como controlar um tanque. Colocando para cima no direcional, por exemplo, faz com que o personagem ande para frente. Pressionando para os lados, o "boneco" vira.

Esse é um sistema complicado e pouco intuitivo num jogo com visão fixa. Os ângulos de câmera são definidos por cena e isso confunde jogadores que não estão acostumados com o estilo. Devido a isso, fugir dos inimigos é bastante complicado, principalmente nas lutas contra os chefes. Claro que uma hora ou outra acaba se acostumando, mas é inegável que seja pouco amigável no começo.

O menu aceita entradas com a caneta, mas esse recurso é sub-utilizado. Na maioria das vezes é melhor usar o controle tradicional mesmo. Seria prático se as combinações pudessem ser feitas arrastando um objeto para cima de outro, por exemplo, mas isso não acontece.

Outro problema do jogo é que não é possível descartar itens. A única maneira de se livrar de um objeto é depositando-o nos baús. Aliás, a tela de interação entre seu inventário e o depósito também merecia uma revisão. Bem que as combinações poderiam ser feitas nessa interface. Enfim são contratempos que poderiam ser eliminados nesta edição, sem prejuízos para o sistema do jogo.

"Deadly Silence" conta com modalidades multiplayer, seja cooperativo ou competitivo, mas elas não passam de passatempos. Aqui, os acontecimentos são totalmente separados da história principal. O problema é que o Nintendo DS não parece comportar tantos jogadores na tela e os seus companheiros são representados por estrelas coloridas. Além disso, pode-se notar que o movimento dos zumbis, que deveriam ser iguais em todos os aparelhos conectados, acontece de forma independente.

Cópia reduzida

O visual do game é quase idêntico à edição original, com personagens desenhados com polígonos e cenários estáticos. O ambiente é virtualmente idêntico ao primeiro "Resident Evil", enquanto os personagens até ganharam um pouco mais detalhes. Talvez seja a melhor definição da tela do Nintendo DS, mas os efeitos visuais parecem mais "quadriculados".

Isso é especialmente evidente na nova visão de primeira pessoa, onde os zumbis e outros inimigos aparecem em close. Se a modelagem dos monstros se mostra bem feito, o mesmo não se diz do efeito de sangue, que mais parecem um monte de quadrados. Isso pode ser uma limitação do Nintendo DS, mas não deixa de incomodar.

O game traz todas as cenas não-interativas, mas, se as da introdução se sai bem, mesmo um pouco pequeno e com menos cores, isso não se aplica aos vídeos que aparecem durante o jogo. Muitas vezes, a qualidade é tão baixa que mal dá para perceber do que se trata, caso não tenha visto o original. O game traz também a famosa animação das portas, mas é apenas para manter o clima original, pois pode ser cortado a qualquer instante.

Já a parte sonora permanece intacta: as mesmas músicas sóbrias que completam o clima de suspense, os mesmos incidentes sonoros quando um cachorro-zumbi aparece de repente pela janela e as mesmas dublagens canastrões. Em "Resident Evil", o silêncio mórbido faz parte do espetáculo, e na maioria das vezes você só escutará seus passos ou barulhos macabros.

CONSIDERAÇÕES

"Resident Evil: Deadly Silence" é uma boa oportunidade para quem nunca viu a origem dessa franquia saber a razão de tanto sucesso. Mas, por outro lado, esse tempo não passou incólume nem para o campeão de vendas da Capcom: alguns problemas dos controles ficaram evidentes nesse período. A limitação para salvar os dados também incomoda. Os fãs de carteirinha poderão matar a curiosidade das mudanças efetuadas no novo modo de jogo, mas não se trata de nada muito radical.

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    Resident Evil: Deadly Silence (DS)

    108 imagens

    FICHA TÉCNICA
    Fabricante: Capcom
    Lançamento: 07/02/2006
    Distribuidora: Capcom
    Suporte: 1-4 jogadores
    RecomendadoAvaliação:
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