Há mais de 15 anos a Nintendo iniciou uma revolução muito à frente de seu tempo: ao vencer o jogo "Metroid", lançado em 1986, o jogador que acabara de derrotar os Piratas Espaciais observava o poderoso mercenário Samus Aran remover o capacete de sua pesada armadura e descobrir algo surpreendente: "ele" era na verdade uma bela mulher. Mais de uma década antes das heroínas de peso como Lara Croft, a empresa já havia provado que os heróis não precisavam ser todos do sexo masculino. Pouco antes do vigésimo aniversário do clássico, a empresa decidiu recontar as origens de Samus em uma aventura que é um remake e uma jornada inédita ao mesmo tempo.
De volta às origens"Zero Mission" reconta a maneira como a Federação Galática recruta a mercenária para acabar com a ameaça dos Metroids, seres voadores capazes de sugar energia vital que acabaram de ser roubados pelos Piratas Espaciais. Além de recriar um clássico com gráficos atualizados e novos elementos de games posteriores da série, a Nintendo se esforçou para melhor explicar a conexão entre esse título e "Metroid Prime". Mas a cereja no topo do bolo é a adição de um novo epílogo que coloca a feminilidade da heroína sob uma nova perspectiva bastante interessante.
A estrutura básica da aventura é a mesma do original do NES, mas com praticamente todas as adições de peso que a série recebeu nos últimos 13 anos: sistema de mapa automático, save, novas armas e habilidades, assim como um sistema de dicas. Além de tornar a exploração do planeta Zebes uma tarefa muito mais interessantes, a missão também ficou muito mais fácil. Qualquer jogador que conheça a série não terá problemas em terminar a aventura em menos de quatro horas. Para aliviar um pouco o problema, o cartucho eventualmente oferece três dificuldades e múltiplos finais (assim como uma versão integral de "Metroid") para justificar o investimento da compra.
Velho amigo, nova aparênciaVisualmente o jogo agrada os olhos, mas sem grandes efeitos impressionantes. O destaque fica por conta de uma narrativa semelhante à de "Metroid Fusion", com pequenos intervalos animados feitos ao estilo de uma história em quadrinhos. A produção sonora é totalmente nostálgica, apostando nas melodias originais com um toque mais moderno.
O grande vilão de "Zero Mission" é sua dificuldade e duração. Mesmo com um sistema de dicas mais vago e menos linearidade que "Fusion", até mesmo um principiante conseguirá completar toda a jornada sem ficar travado por muito tempo. A batalha contra o eterno Ridley chega a parecer uma piada, tendo em vista os encontros anteriores (posteriores?) do monstro com Samus. O jogo tenta compensar isso com uma interessante galeria de arte a ser destravada, mostrando um pouco da infância da heroína e cavando ainda mais fundo em seu passado com os Chozo - os alienígenas que criaram a misteriosa armadura.
CONSIDERAÇÕES
Apesar de ser curto, "Metroid: Zero Mission" deveria ser o padrão de remakes de clássicos dessa idade: o título aproveita os pontos mais fortes da série, recriando toda a aventura e atualizando sua trama. Para quem nunca teve a oportunidade de viver momentos de tensão com essa mercenária, esse é o jogo perfeito para ser apresentado à heroína.