River City Ransom EX

da Redação

"River City Ransom", a exemplo de "Earthbound" e "Radiant Silvergun", é uma das grandes jóias dos videogames que poucos jogaram. Lançado originalmente para o Nintendinho, em 1989, esse game de luta para dois jogadores apresentou uma mecânica totalmente revolucionária para a época e que praticamente não foi reaproveitada até agora. Quinze anos depois, o clássico ganha um remake para Game Boy Advance, que pode não atender às expectativas.

O game conta a história de Ryan e Alex, dois alunos de um colégio que foi tomado por revoltados e que levaram Cindy, namorada de Ryan, como refém. Juntos, agora eles devem cruzar a cidade derrotando todos em seu caminho para salvar não apenas a garota, mas a cidade. Ao derrotar seus inimigos, a dupla junta dinheiro, que pode ser usado nas lojas virtuais para melhorar seus atributos, comprar novos golpes e se aprofundar cada vez mais nos muitos segredos da aventura.

BARF!

Antes de mais nada, vale ressaltar que o game tinha seus defeitos mesmo para os padrões da geração 8-bits: a história era furada (os seqüestradores ameaçam matar Cindy se suas demandas não forem atendidas, apesar de nunca citarem alguma; e jogando sozinho você nem sequer controlava o namorado de Cindy, mas seu amigo); a tradução ultrapassou os limites do ridículo (ao socar um inimigo aparecia o balão "BARF", que significa "vômito"); e os valores de produção eram duvidosos (apesar de trazer um sistema de senha para salvar jogos, você SEMPRE começava no mesmo lugar). Mesmo assim, a jogabilidade era tão interessante e abria portas para tantas possibilidades que qualquer fã do gênero ficava imediatamente grudado.

Esse remake foi feito pela equipe original e isso fica claro pelo fato de que os pontos mais marcantes foram turbinados: existe uma infinidade de golpes para serem aprendidos e destravados, cada qual com usos interessantes; a cidade cresceu um pouco e está repleta de novas lojas; e existem até gangues inéditas com atitudes próprias.

Pela metade

Se "River City Ransom" está parecendo um sonho até aqui, chegou a hora das más notícias: o cartucho parece literalmente ser uma versão incompleta de produção. Se não bastasse a falta de uma tela de apresentação e uma interface minimamente apresentável, o sistema para salvar o jogo é cheio de problemas. O menu de opções traz palavras confusas e dá acesso a opções que parecem ser feitas exclusivamente para desenvolvedores, como alterar a gravidade no game. Como o sistema de aprovação de qualidade da Nintendo permitiu que esse cartucho chegasse às lojas é simplesmente inacreditável.

Para piorar tudo, a prometida opção para dois jogadores foi cortada. É possível trocar saves (se você conseguir descobrir como operar a função) ou jogar com um colega controlado pelo computador, mas isso não é a mesma coisa, especialmente quando ele acaba ferindo o jogador repetidamente por sua falta de inteligência.

Visualmente, o game recebeu algumas pequenas melhorias, mas ainda está muito mais próximo de um game do Nintendinho do que um do SNES. Não existem cenas não-interativas para contar a história de uma maneira cinematográfica ou qualquer tipo de interesse em carregar a trama. Para todos os efeitos, ele está muito abaixo do que se espera de um título para Game Boy Advance.