Animal Crossing

da Redação

Esse novo "jogo de comunicação" da Nintendo não é exatamente novo: o game é um porte bastante melhorado de "Animal Forest", lançado há mais de um ano para o Nintendo 64. Apesar do visual permanecer quase totalmente intocado, uma extensa (e excelente) tradução para o idioma inglês abriu as portas desse jogo ao público ocidental.

O que exatamente a empresa quer dizer com "Jogo de Comunicação"? É difícil explicar: o game é uma mistura de "Zelda" e "The Sims": você controla um personagem que utiliza ferramentas para completar tarefas em um mapa pré-definido, como na obra prima de Shigeru Miyamoto. Mas seu avatar vai também interagir com os demais habitantes da sua cidade (que é gerada aleatoriamente, garantindo que ela será diferente de outros jogadores) e personalizar uma casa e a própria vila da maneira que quiser. Mas isso é apenas a casca que encobre um dos mais profundos jogos de todos os tempos.

Tudo começa quando o seu personagem está em um trem se mudando para uma nova cidade. Em uma hilária e criativa conversação com o gato Rover, seu avatar escolhe o nome da vila e do personagem. Como você não tem dinheiro, a compra de sua casa gera uma dívida com Tom Nook, o guaxinim dono da loja da vila. O que se segue é uma interminável vida virtual nessa bucólica cidade, onde todos os habitantes são animais - o carteiro é um pelicano, o policial um cachorro e as costureiras são duas irmãs da família dos porco-espinhos.

E onde entra a comunicação? Além de conviver com os animas de sua vila, conversando, fazendo favores, escrevendo cartas e outras possibilidades, o jogo só é aproveitado em sua plenitude quando você joga com outras pessoas. Até quatro jogadores podem habitar a mesma vila, e é possível enviar itens remotamente através de um gerador de código, ou até mesmo viajar para a vila de outro jogador usando um Memory Card extra. O game faz uso inteligente das informações: animais mostram suas cartas para outros jogadores, por exemplo.

As possibilidades que isso oferece são maiores do que se pode imaginar, já que "Animal Crossing" é bastante diferente. Um exemplo: um dos jogadores vê um móvel que ele sabe que outro jogador na mesma vila vai curtir. Ele compra o acessório e o enterra em um ponto da cidade. Esse jogador então escreve uma carta para o outro jogador (com a pá anexada ao documento) falando para que este confira o quadro de avisos. Lá estão instruções para uma caça ao tesouro. Assim, quando o segundo jogador liga o console, começa a aventura. Essa é apenas uma das possibilidades.

"Animal Crossing" usa o relógio do GameCube para simular a passagem do tempo. Toda vez que você jogar, a cidade será representada no mesmo dia e hora da vida real. Além de incluir eventos especiais (como Natal, Halloween e Dia das Mães), o game conta com uma infinidade de variáveis baseadas no relógio. Para conseguir pescar certos peixes, por exemplo, você precisa procurá-los na estação do ano certa. Os exemplos são muitos para serem citados. O resultado final é um jogo que pode se extender por anos com facilidade.

Talvez o maior problema para os tradicionalistas seja o fato de "Animal Crossing" não ter um objetivo. Claro, você pode pagar a dívida com Nook, tentar pescar todos os peixes possíveis, completar a coleção do museu, colecionar certos itens, conseguir notas altas para a decoração de sua casa... você pode fazer isso e muito mais, porém o jogo nunca termina. Claro, você ganha uma recompensa ou outra, mas pode continuar investindo mais e mais tempo nesse mundo virtual. A liberdade oferecida é revolucionária... mas ao mesmo tempo problemática.

E é aí que entra o grande porém de "Animal Crossing". Enquanto jogos tradicionais normalmente trazem suas próprias características para avaliação, o novo game da Nintendo depende em grande parte da dedicação e criatividade do jogador. Quanto mais você investe em "Animal Crossing", mais o jogo recompensa você - e por isso mesmo o título não é para qualquer um.