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Danganronpa Another Episode: Ultra Despair Girls

Pedro Henrique Lutti Lippe

Do UOL, em São Paulo

01/09/2015 18h27

É muito raro um 'spin-off' ter o mesmo brilho que jogos da linha principal de uma série, mas "Ultra Despair Girls" é um desses casos. Livre das limitações do formato visual novel, o game volta-se para a ação e cria uma experiência familiar pela atmosfera, mas completamente diferente pelas mecânicas inovadoras.

A mistura entre tiroteio e quebra-cabeças funciona muito bem, e o clima opressor que é característico de "Danganronpa" dá liga.

O game pode não avançar a história da série como alguns fãs gostariam, mas certamente marca um avanço para a franquia em si. Agora foi provado que ela é capaz de ir além.

Introdução

Aprisionada por um ano sem saber o porquê, a jovem Komaru Naegi é lançada de cabeça em um mundo de puro desespero quando um estranho urso robótico tenta assassiná-la.

Imediatamente em seguida, a irmã de Makoto Naegi, protagonista de "Happy Trigger Havoc", acaba envolvida em uma perigosa trama envolvendo crianças perturbadas que desejam criar um mundo sem adultos.

Munida apenas de uma arma capaz de disparar balas eletrônicas, Komaru deve encontrar uma maneira de escapar do exército de Monokumas.

Pontos Positivos

Mudança sem perder o foco

"Ultra Despair Girls" pode não ser a sequência por qual fãs da série ansiavam, mas é o jogo que finalmente consegue expandir o universo de "Danganronpa" além de seus moldes originais.

O novo jogo extrapola com muita criatividade as formas do gênero visual novel, apresentando uma experiência muito diferente, mas que mantém a identidade única da série. O humor negro e a atmosfera opressiva dos outros "Danganronpa" retornam com classe.

Apesar de tratar-se de um 'spin-off', "Ultra Despair Girls" é um claro avanço em relação a seus predecessores em termos de atenção aos detalhes. Suas mecânicas que misturam tiro a quebra-cabeças são engenhosas desde o primeiro momento, e tornam-se ainda mais na medida em que novos tipos de balas são liberados. Em comparação, os minigames de ação de "Trigger Happy Havoc" e "Goodbye Despair" rapidamente ficavam mais complicados do que as limitações dos jogos permitiam.

Horror bem humorado

O jogo caminha de maneira curiosa na linha entre o horrível e o bizarro. Sob o comando de crianças, os soldados Monokuma assassinam humanos com uma brutalidade descabida; mas mesmo em um cenário como esse, a desventura de Komaru Naegi nunca perde o humor.

A estrutura dos estágios e das batalhas de "Ultra Despair Girls" lembra o 'survival horror' de raiz de "Resident Evil". Para quem duvida: até mesmo o clássico encontro com o cachorro que pula pela janela de um corredor é reproduzido.

Esta peculiar mistura entre desconforto e bom humor persiste ao longo de todo o game, e faz de "Ultra Despair Girls" uma jornada memorável.

História explosiva

Desde seu primeiro capítulo, a série "Danganronpa" é conhecida por viradas absurdas na trama, que surgem repentinamente e mudam as perspectivas dos jogadores. "Ultra Despair Girls" não é diferente.

Apesar de relatar eventos passados entre os acontecimentos de "Happy Trigger Havoc" e "Goodbye Despair", o game é essencial para qualquer fã da série que quer entender de onde certos personagens vieram e para onde eles (e outros) irão.

É uma pena, porém, que conhecer os outros dois jogos da série é um pré-requisito para qualquer um que queira aproveitar "Ultra Despair Girls" ao máximo. Sem essa bagagem, o jogador iniciante ficaria perdido e dificilmente conseguiria vencer a barreira das constantes referências ao resto da série.

Pontos Negativos

Falta de ritmo

A herança que "Ultra Despair Girls" carrega de seus predecessores, que são visual novels com um óbvio foco em diálogos, prejudica o ritmo da aventura.

Em muitos pontos, longas conversas acabam quebrando a imersão de trechos tensos do game. Um exemplo é quando Komaru encontra um coletável em meio a um ameaçador calabouço, e dá uma pausa em seu desespero para ter uma conversa descompromissada com sua companheira Toko.

O fato dos diálogos serem bem escrtios e divertidos, como era de se esperar de um "Danganronpa", alivia o problema, mas não o resolve.

Nota: 8 (Ótimo)