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Age of Conan: Hyborian Adventures

13/06/2008 09h26

Após anos de espera, finalmente "Age of Conan: Hyborian Adventures", da produtora norueguesa Funcom, está disponível. Trata-se de um MMORPG (ou RPG online persistente sem limite de jogadores) que explora o famoso personagem idealizado por Robert E. Howard nos anos 30 e todo o seu rico universo, marcando os 76 anos de aventuras que ganharam os quadrinhos, o cinema e toda cena pop das últimas décadas.

O UOL acompanhou o progresso do trabalho da softhouse em estágios diferentes do beta e, agora com a versão final nas prateleiras, temos uma boa idéia do que esperar para o futuro. Analisar um MMORPG é diferente do habitual uma vez que o conteúdo da caixa à venda nunca é uma versão final, e costumeiramente já chega desatualizado.

Mulheres fatais
É mais ou menos uma base para as várias atualizações, ajustes e expansões que inevitavelmente são aplicadas e que, muitas vezes, alteram drasticamente características importantes do funcionamento do jogo. Além disso, é preciso aguardar que os jogadores ganhem experiência, que a economia se estabilize e que os servidores sejam adaptados à real demanda do mercado, que é bastante imprevisível neste segmento.

Mesmo com tantas variáveis, é possível adiantar que a viagem até a Era Hiboriana foi bem proveitosa, mesmo com alguns problemas ao longo do caminho. "Age of Conan" tem uma série de novidades bastante originais, de ambientação notável e chega como uma grande força no gênero.

Multiplayer para um

A história que serve de pano de fundo para "Age of Conan" começa na fase em que o anti-herói cimério já é Rei da Aquilônia e enfrenta uma conspiração para tirá-lo do trono. Os tempos são de tensão, com várias seitas tomando posições em uma possível guerra que pode vir a acontecer e o jogador encarna um ex-escravo sem memória que, aos poucos, descobre seu lugar no conflito.

O início é o que se espera de qualquer jogo no gênero: você escolhe entre servidores PVE (Player vs. Enviroment), em que só são possíveis combates entre jogadores em determinados locais, e os PVP (Player vs. Player), que permitem o confronto a qualquer instante, e parte para a criação do avatar.

É um processo muito rico. São três raças à disposição - Aquilonians, Cimmerians e Stygians - cada qual com um grupo específico de classes, como Rangers, Barbarians e Necromancers, e várias opções de customização que incluem tatuagens, cicatrizes e total liberdade para a composição dos rostos e tipo físico.

Monstros para todos os gostos
A princípio os papéis são bem definidos, entre as três funções clássicas das classes no gênero, com os chamados "tanks", que são aqueles que ficam à frente dos grupos tomando maiores danos; os "healers", que recuperam a energia dos companheiros; e os "damage dealers", que causam danos aos inimigos, à distância ou corpo a corpo. Mas uma das inovações de "Age of Conan" é que estes personagens acabam se tornando mais versáteis do que o esperado, indo além de seu papel principal em determinadas ocasiões, o que garante maior flexibilidade na hora de montar grupos. O único porém é que os chamados "casters", aqueles que dependem de magias e afins, ainda parecem mais desequilibrados do que aqueles que causam danos físicos, e demoram bastante até se tornarem realmente úteis e divertidos de serem controlados.

Com o personagem pronto, chegamos a outra grande inovação: os vinte primeiros níveis do personagem são desenvolvidos em uma área dentro e fora da cidade de Tortage, e funcionam como em um RPG convencional single-player. Você logo encontra personagens controlados por computador que desenrolam a história e seu passado na trama e, se desejar, pode evitar totalmente o contato com outras pessoas.

O esquema é dividido entre missões noturnas e diurnas. De dia você pode interagir com outros jogadores, vê-los correr pelos cenários e formar grupos. Mas a evolução do avatar ocorre verdadeiramente à noite, quando você é apresentado a tarefas específicas de sua classe, que acabam servindo como uma grande sessão de treinamento - incluindo um enredo muito bem contado, regado a cenas dubladas que criam personagens cativantes, muitas reviravoltas e tudo o mais do que teria direito em um título convencional de primeira linha.

Combate ativo

Cenários vastos
Se a experiência até o vigésimo nível é muito interessante e bem polida, o jogo começa a mostrar os sinais de sua pouca idade logo em seguida, quando você ganha liberdade para explorar outros lugares. É possível notar que ainda não há conteúdo suficiente para mantê-lo ocupado por muito tempo, uma vez que as profissões só passam a ser exploradas a partir do nível 40, assim como as montarias, e certas arenas de PVP são abertas para níveis mais altos. Há relativamente poucas missões que aumentam sua experiência. Esta falta do que fazer obriga os jogadores a evoluir da maneira mais repetitiva possível, matando criaturas várias e várias vezes para conseguir subir, algo que a Funcom já prometeu resolver em um futuro próximo.

Se você é obrigado a cair na porrada, pelo menos há outra novidade para tirar um pouco do ranço. O sistema de combate de "Age of Conan" funciona de uma maneira bastante ativa e bem mais frenética do que em "World of Warcraft", por exemplo, em que basta clicar no inimigo para que seu avatar ataque automaticamente da maneira mais básica.

Aqui tudo funciona em um esquema de combos, através de sua barra de habilidades. Nela você tem à disposição ataques simples por todas as direções, além dos golpes e magias especiais de sua classe, que também utilizam seqüências direcionais. Os inimigos têm indicadores que mostram, em tempo real, de qual direção esperam receber os ataques e cabe a você mudar a todo instante o ponto que deseja atacar, surpreendendo-os para causar mais estragos. A coisa fica mais emocionante quando, depois de alcançar combos realmente longos e poderosos, você testemunha algum movimento finalizador, que arranca a cabeça do oponente ou perfura seu coração sem piedade, sujando toda a tela de sangue.

Ambientação envolvente

Sim, há muito sangue e violência em "Age of Conan", assim como cenas de nudez feminina, palavrões e personagens com atitudes moralmente questionáveis. Mas assim era o universo criado por Howard e é óbvio que a Funcom fez o jogo para adultos, principalmente os fãs da mitologia.

Espadas, runas e feitiços
O mundo foi muito bem recriado, com uma série de detalhes que pulam aos olhos devido ao número de detalhes. Personagens únicos, cenários exóticos e monstros repugnantes reconstroem a Era Hiboriana de uma maneira nunca antes vista e que deixa no chinelo qualquer outro jogo do estilo, pelo menos no que diz respeito aos visuais. Os requisitos podem ser altos para um MMORPG, mas é fácil reconhecer que se trata da primeira vez que um título do gênero apresenta gráficos tão belos, além de uma trilha sonora poderosa, que pontua a ação de uma maneira diferente das habituais músicas de elevador que infestam o segmento.

No entanto, nem tudo é perfeito. Embora a Funcom tenha se preocupado com os vários problemas técnicos e que seja nítida a melhora na performance do jogo nas últimas semanas, há ainda muitos defeitos. Problemas de colisão, efeitos e texturas que desaparecem, e travadas ocasionais causadas por vazamento de memória acontecem com mais freqüência do que o desejado. Há ainda algumas missões-chave com bugs graves que simplesmente impossibilitam sua conclusão e uma interface pouco amigável, que esconde aspectos importantes, como a distribuição de pontos em certas habilidades. Isto, sem chegar à questão do suporte a DirectX 10, que foi adiado para o segundo semestre.

As opiniões dentro do jogo parecem divididas: alguns jogadores defendem o lançamento do jogo e os remendos feitos ao longo do tempo, enquanto outros acusam a produtora de colocar algo bastante incompleto nas lojas. O primeiro grupo parece mais correto, uma vez que o melhor teste para um MMORPG ocorre em seu primeiro mês de funcionamento aberto e, acreditem, muitos outros jogos do estilo foram lançados com mais problemas do que este. É só uma questão de ver com que velocidade a Funcom irá trabalhar para polir seu produto, desenvolvendo outros aspectos muito interessantes, como o sistema de confronto de guildas e suas bases. Do jeito que está, pelo menos, "Age of Conan" já se apresenta sofisticado e envolvente o bastante para criar sua própria base de fãs e deixar sua marca no gênero.

Nota: 9 (Excelente)