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Aquaria

28/12/2007

HENRIQUE SAMPAIO
Colaboração para o UOL
Quando um jogo desenvolvido por apenas duas pessoas consegue atingir o nível de qualidade de um título milionário, criado por dezenas de profissionais, é sinal de que já passou da hora de dar mais valor aos desenvolvedores independentes. Afinal, a indústria dos jogos carece de novidade, e é aí que eles entram.

O experimentalismo nos jogos está muito mais presente entre os desenvolvedores independentes, que podem explorar novas idéias e conceitos sem as barreiras impostas pelas grandes distribuidoras, cuja preocupação maior é o lucro. Não é mera coincidência que alguns dos jogos mais criativos e inteligentes da atualidade nasceram "indies": "Every Extend Extra Extreme", "Portal" e "Flow" são apenas alguns exemplos.

Tal como essas três grandes pérolas, "Aquaria" tem de tudo para conquistar as grandes produtoras e pintar nos consoles. Trata-se de um dos jogos em 2D mais impressionantes já lançados e que, embora tenha suas raízes fixadas à uma mecânica de jogo clássica, oferece uma experiência autêntica e inesquecível.

Um oceano de possibilidades

Em "Aquaria", você é Naija, uma solitária criatura marítima que decide explorar as águas em busca de respostas para seu passado obscuro. A história, narrada em primeira pessoa pela própria protagonista simultaneamente à ação, tem um tom dramático e poético, capaz de emocionar os jogadores mais sensíveis.

Inicialmente Naija pode apenas de nadar. O jogo flui com bastante naturalidade, permitindo que você vá se acostumando com os movimentos e habilidades da personagem. A versatilidade dos controles é impressionante: pode-se jogar apenas com o mouse, com a combinação teclado e mouse ou com um joystick (de preferência, com direcional analógico, devido à liberdade de movimentos da personagem).

Beleza independente
Para imaginar "Aquaria", basta pensar num encontro entre "Super Metroid" e "Ecco The Dolphin". A fórmula do clássico da Nintendo (o qual já é considerado um dos melhores jogos em 2D da história) é a maior influência: o jogo não segue uma linearidade e os mapas são gigantescos e apresentam inúmeras áreas cujo acesso depende de determinada habilidade. Portanto, é comum passar por um local inacessível e ter que voltar horas depois, após adquirir a habilidade correta para abrir o caminho. Vale avisar que o jogo é extenso e lhe ocupará muitas horas até chegar ao final.

Contudo, como nos jogos que seguem tal fórmula, não é difícil se perder no imenso universo, sem saber para onde ir ou o que fazer em seguida. O problema poderia ser evitado se houvessem setas indicativas no minimapa ou se o jogador pudesse fazer suas próprias anotações e marcações no mapa principal, como no excelente "The Legend of Zelda: Phantom Hourglass", para DS. Mas basta ter uma boa noção de localização e explorar bem cada ambiente para que você avance sem muitas dificuldades.

Ao longo do jogo, Naija vai adquirindo novas habilidades e formas, algumas das quais permitem que ela realize ataques como lançar projéteis mágicos. As batalhas não são constantes, mas consistem em grande parte do jogo. Existem dezenas de criaturas ofensivas e inofensivas, cada qual com suas próprias características. Você se surpreenderá com a variedade de inimigos e o comportamento inato de cada um deles.

Todas as habilidades de Naija são ativadas a partir do canto: ao manter o botão direito do mouse pressionado, um círculo composto por espécies de runas coloridas cria-se ao redor da personagem. Ao passar o ponteiro do mouse em cada uma delas, uma nota musical é tocada. Cada habilidade ou forma física de Naija requer que o jogador realize uma seqüência de notas musicais para ser ativada.

A personagem também pode interagir com determinadas plantas e peixes através do canto, bastando cantar a nota da runa da cor correta. É um sistema inteligente e divertido, que dá margem a dezenas de quebra-cabeças ao longo do jogo, envolvendo cores, runas e notas musicais.

Outro aspecto importante do jogo é coletar itens. São dezenas deles, sendo que a maioria não possui funções imediatas, mas pode ser usada para confeccionar itens que restauram a saúde do personagem, aumentam sua velocidade, poder de ataque, etc.

Resplandecência em 2D

Não é exagero dizer que "Aquaria" é o jogo em 2D mais bonito já feito. Seu visual é simplesmente deslumbrante: todos os cenários, objetos e criaturas foram desenhados à mão e coloridos digitalmente. Os ambientes transbordam vida e são repletos de criaturas marítimas, das mais variadas formas e cores.

A obsessão dos desenvolvedores pelos detalhes é evidente: algas marinhas se movimentam quando Naija se aproxima, ataques poderosos criam ondulações que distorcem a imagem na tela, Naija dá risadas inocentes quando o jogador brinca com os peixes e outras criaturas inofensivas, etc. São detalhes que dão um charme único ao título e conquistam o jogador.

Habilidades de Naija
Enquanto você explora os ambientes, a câmera se afasta da personagem, revelando a área ao seu redor, sem que o efeito de zoom prejudique a qualidade da imagem. Mesmo quando a câmera se aproxima, os gráficos mantém a resolução, sem apresentar um aspecto borrado. Os cenários de fundo são compostos por diversas camadas, que se afastam de acordo com a movimentação do jogador, causando uma sensação de profundidade absoluta.

As animações são feitas com base em recortes, típicas de desenhos animados para web feitos com a tecnologia Flash. Embora não sejam tão caprichadas quanto as animações tradicionais, feitas quadro-a-quadro, principalmente durante as cenas não-interativas, são delicadas e competentes.

Outro ponto forte de "Aquaria" é o som, a começar pela magnífica trilha musical. As músicas traduzem perfeitamente o clima e a sensação transmitida por cada ambiente, tornando a experiência proporcionada pelo jogo ainda mais imersiva. Músicas calmas e melancólicas envolvem o jogador durante a exploração. Já nas cavernas escuras e ambientes onde o perigo é iminente, as músicas são sombrias e enigmáticas. De tao cativantes, é comum jogar cantando-as mentalmente - ou mesmo quando não está jogando.

Os efeitos sonoros compartilham a mesma qualidade e variedade. Contudo, parece haver um pequeno desequilíbrio no volume de alguns sons, como os de explosão, que são mais altos que os efeitos sonoros em geral, mas nada que incomode.

Para completar, há ainda uma ferramenta para criação de fases, ideal para pessoas que se interessam na criação de "mods". Aliás, é tudo uma questão de tempo para que os fãs do jogo criem novas aventuras e extensões para o jogo e disponibilizem na internet, o que é uma ótima iniciativa por parte dos criadores.

CONSIDERAÇÕES

É quase impossível acreditar que "Aquaria" foi desenvolvido por apenas duas pessoas, tamanha a competência de sua mecânica, delicadeza e inspiração de seu visual e primordialidade de suas músicas. É um título que não pode passar despercebido a qualquer entusiasta, principalmente àqueles que admiram jogos em 2D. Sua compra (que pode ser feita através do site oficial do jogo) vale cada centavo gasto, mesmo que o preço (US$30) seja um pouco elevado para um título independente. "Aquaria" é a prova de que precisamos dar mais valor aos jogos "indies" e que nem sempre boas idéias vêm das grandes produtoras.

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    Aquaria (Pc)

    23 imagens

    FICHA TÉCNICA
    Fabricante: Bit Blot
    Lançamento: 07/12/2007
    Distribuidora: Bit Blot
    Suporte: 1 jogador
    Configuração mínima: Processador de 1.6Ghz, 256MB de memória RAM, 200MB de espaço livre em disco, Windows
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