O jogo de tiro em primeira pessoa "Call of Juarez" foi um sucesso moderado de vendas, mas ganhou uma considerável legião de fãs que curtiu a ambientação do velho oeste e o conflito entre os irmãos McCall, primeiro no PC e depois no Xbox 360.
Assim, nada mais óbvio do que esperar por uma seqüência, novamente comandada pela polonesa Techland.
"Call of Juarez: Bound in Blood" é, na realidade, uma prequela que conta as origens dos irmãos pistoleiros. Com ainda mais referências a clássicos filmes do gênero, com os estrelados por John Wayne e exemplares italianos, o game cativa por sua narrativa complexa e tiroteios de impacto.
Irmãos em guerraÉ bom avisar que "Call of Juarez: Bound in Blood" não tenta reinventar a roda. É um jogo de tiro em primeira pessoa desenhado para apresentar um tiroteio atrás do outro. Há alguns trechos com elementos de plataforma, mas nada que se esforce para desviar a atenção do banho de sangue.
Na verdade, a variação é um mero recurso para realçar a diferença entre os irmãos jogáveis, Ray e Thomas, que possuem características distintas tanto em movimentação quanto em combate. É possível jogar com qualquer um dos dois na maioria das missões, então a escolha deve bater com o estilo de cada jogador. Ray é o cara fortão, que carrega armas pesadas, agüenta mais tiros e consegue se livrar de obstáculos com força bruta enquanto Thomas é ágil e utiliza de meios mais discretos para se dar bem, com o uso de armas como facas e arcos. Ambos, no entanto, contam com um efeito em câmera lenta especial ideal para acabar com inimigos em grande número.
O que eles fazem no jogo? Bem, um pouco de tudo. De acordo com o narrador do game, o terceiro irmão McCall, William, Ray e Thomas viram desertores do exército confederado e passam a ser caçados por praticamente todos os grupos armados dos EUA, em tempos de guerra civil. Os Apaches, os soldados que os consideram desertores, fora-da-lei e xerifes de todos os cantos parecem ter contas a acertar com os McCall enquanto estes buscam por um tesouro que pode ser a chance para recuperar a fazenda da família.
É uma história com muitas indas e vindas, reviravoltas e situações de tensão que funciona melhor do que muito filme blockbuster por aí. É justamente o que torna o design linear bem mais atraente, visto que os tiroteios só são interrompidos pelas sequências de plataforma e os duelos - que funcionam como uma espécie de minigame que pede timing impecável.
Além da missão principal e algumas extras, o game conta com um robusto modo multiplayer para até 12 jogadores. São cinco modalidades diferentes em sete mapas, com um esquema de divisão de classes de personagens, que podem se expandir em até treze. Nessas partidas há um sistema bacana de missões que recriam tiroteios famosos da história dos EUA, o que deve agradar fanáticos pelo tema.
A parte técnica de "Call of Juarez: Bound in Blood" é adequada, ainda que conte com alguns probleminhas, como ocasionais momentos de falta de sincronia com o som e excessivo reaproveitamento de modelos de inimigos. A inteligência artificial também promove alguns momentos bizarros, às vezes deixando inimigos catatônicos em seu caminho ou agarrados em algum ponto do cenário.
CONSIDERAÇÕES
"Call of Juarez: Bound in Blood" é um interessante jogo de tiro em primeira pessoa que sabe usar bem o cenário do velho oeste e suas peculiaridades. Ao se focar nos tiroteios e na forte caracterização dos personagens, o game consegue cativar os fãs do tema, que ainda podem prolongar a experiência com um modo multiplayer bastante robusto. Embora o design seja bastante linear e problemas técnicos quebrem um pouco da ilusão, é um game essencial para a coleção de qualquer admirador do bom e velho bangue-bangue.