Quando a série "Driver" começou, "Grand Theft Auto" ainda não era o gigante de vendas que eventualmente se tornou ao entrar no mundo tridimensional. O jogo de bandidos trazia apenas missões dentro de um carro, apostando em fugas ousadas, perseguições empolgantes e batidas destrutivas. Mas depois da reviravolta que o clássico da Rockstar deu nos games, a produtora Reflections e a Atari decidiram que estava na hora de "Driver" competir diretamente nesse mercado disputado. A idéia não poderia ter sido pior.
"Driver" se encontra na posição desconfortável de tentar imitar sem copiar "Grand Theft Auto III". Sim, o jogo se esforça em criar grandes cidades abertas - Miami, Nice e Istambul - e colocar o jogador em missões fora do volante, mas tudo é implementado sem nenhum cuidado.
Incompleto é pouco"DRIV3R" não escondeu o fato de que foi lançado muito antes de estar pronto nos consoles há meses atrás. Mas o fato do jogo estar praticamente inalterado no PC é simplesmente imperdoável. A lista de defeitos é extensa, mas vale a pena ressaltar alguns mais gritantes: muitas animações parecem ser apenas soluções temporárias; a inteligência artificial dos inimigos à pé é virtualmente inexistente; apesar do jogo trazer legendas para surdos nos vídeos não-interativos, diálogos vitais que explicam missões DURANTE o jogo não recebem uma versão escrita na tela. Tudo isso sem mergulhar em muitos defeitos que deixam o personagem e carro preso em elementos do cenário.
Ignorando os objetivos gratuitos de "dirija até o ponto X para realmente começar/continuar sua missão", as fases de direção que envolvem perseguições, fuga e destruição são um flashback do game original. A graça está nas batidas cinematográficas e na habilidade de criar replays elaborados, além da variedade de carros e algumas situações emocionantes. Infelizmente a produtora Reflections não adicionou nada de novo desde o último jogo da série, que foi lançado há três anos.
Não saia do carro!Cerca de um quarto do game é composto de missões de tiro à pé. Essa parte do jogo parece ter sido pensada como um extra: a câmera é fixa e tão desconfortável quanto o sistema de controle, que mais tem em comum com um jogo de tiro. O teclado move o personagem sempre olhando para a mesma direção, enquanto o mouse (ou controle) move uma mira. O sistema poderia deixar o jogo extremamente frustrante, se não fosse pelo fato dos inimigos serem idiotas. Você vai passar a maior parte do game procurando uma quina da parede e acertar o inimigo de um ponto em que ele não vai atirar de volta. Poucos deles vão realmente perseguir você. E se isso acontecer na cidade, você pode sempre atraí-los para a água - aparentemente, todos os personagens não sabem o que fazer quando caem no mar - e daí você só precisa nadar de volta para a costa.
"DRIV3R" oferece alguns passatempos de perseguição que não estão vinculados ao enredo e ainda a opção de explorar a cidade fora das missões. Mas ao contrário de "Grand Theft Auto", as três cidades não apresentam segredos ou missões opcionais. Além da habilidade de criar trailers, não existe nenhum incentivo para continuar jogando.
CONSIDERAÇÕES
O potencial para se tornar um dos grandes lançamentos do ano foi drenado pela falta de identidade e lançamento prematuro. O fato de sair meses depois da edição para consoles sem nenhuma grande correção é um sério agravante adicional.