Freelancer

da Redação

A produção de "Freelancer" é tão épica quanto a trama do jogo. O que começou como o primeiro projeto de Chris Roberts (criador de "Wing Commander") depois de abandonar a Origin, mudou de cara várias vezes no seu percurso: Roberts abandonou a empresa, as especificações do game mudaram... e mais de três anos de atrasos geraram dúvidas sobre o resultado da longa jornada. Mas o produto final - que conta com um pedigree impressionante, resgatando clássicos como "Elite" e "Privateer" - não falha em impressionar.

Universo dentro de um CD

"Freelancer" cria seu próprio universo para o jogo. Não estamos falando de algo como "Guerra nas Estrelas", com seus personagens e mitologia - mas toda uma porção de espaço sideral... completo com campos de asteróides, esconderijos de piratas, mega-corporações... cada canto desse universo fictício traz suas características únicas de comércio, política e história. O jogador começa como sobrevivente de um ataque terrorista em um grande planeta.

A premissa desse simulador de vôo espacial começa a mostrar suas diferenças nesse momento: o protagonista precisa criar seu primeiro contrato comercial para ganhar uma graninha e recomeçar sua carreira. Sua primeira missão é servir de segurança para um comboio espacial... com o dinheiro arrecadado, você pode comprar suas próprias naves e armas... e então as portas desse universo realmente começam a se abrir.

Espaço para empreendedores

Se você quiser investir o dinheiro em mercadorias e virar um caixeiro viajante intergaláctico, essa é uma opção. Se preferir torrar a grana em armas e atacar comboios inocentes para roubar suas cargas? Vá em frente. Ou você pode se decidir pela carreira de Han Solo e pegar todo tipo de missão como mercenário.

Durante sua partida, você passará parte do tempo na nave, atacando ou se defendendo pelos diferentes cantos do universo... para então passar alguns minutos no planeta. Uma vez em terra firme, você não controla o personagem diretamente: todos os movimentos são feitos através de um menu quase minimalista, mas bastante eficaz. Além de conversar e criar relações com cada uma das facções (piratas, polícia, corporações), você poderá se inteirar de notícias que afetam não apenas as condições do jogo, mas também revelam detalhes da trama. Seja como for o seu progresso, você tem a opção de progredir o enredo no seu ritmo paralelamente aos seus objetivos pessoais, até chegar ao "final" do jogo.

O termo final é usado vagamente. Depois de terminar a trama linear, assim como em "Grand Theft Auto", você pode continuar recolhendo grana, melhorando sua nave e fazendo o que bem entender pela galáxia. E com a opção de jogar online em servidores que mantêm um ambiente persistente, a proposta se torna ainda mais sedutora.

Cadê meu joystick?

Os puristas dos simuladores espaciais ficarão assustados ao descobrir que a opção preferencial para combate espacial é o mouse, mas o sistema funciona perfeitamente. Além de manter um padrão (para não precisar ficar trocando entre manche e mouse direto), você tem acesso às complexas funções das naves sem perder a dinâmica de controlar a nave e nem performance no combate.

Assim como em "The Sims", muitas pessoas sentirão falta de certos detalhes no game: a opção de maior controle durante exploração de planetas, mais opções de interação durante a parte espacial, maior controle sobre inventário... elas são justificadas, mas a verdade é que o jogo já é extremamente detalhista. Exatamente por criar tantas possibilidades, as faltas se tornam mais aparentes. Mas o jogador astuto perceberá que, na verdade, o que "Freelancer" oferece vai muito além de sua responsabilidade - e por isso mesmo abre tanto o apetite de quem busca uma realidade virtual para habitar.