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Heroes of the Storm

Pablo Raphael

Do UOL, em São Paulo

09/06/2015 17h16

Se você não gosta de "League of Legends" ou "DotA 2", "Heroes of the Storm" não é o jogo que vai fazer você se interessar pelas repetitivas batalhas multiplayer em arena. O jogo da Blizzard se trata exatamente disso e mesmo com objetivos mais variados em seus campos de batalha, essencialmente não é tão diferente dos jogos da Valve ou da Riot Games. Porém, se você se intimida pela complexidade desses jogos e mais ainda pela comunidade de veteranos calejados e impacientes com os novatos, "Heroes of the Storm" pode ser a porta de entrada no gênero. Recém-lançado, o que "Heroes" mais tem são jogadores iniciantes.

Introdução

"Heroes of the Storm" reúne personagens da Blizzard Entertainment (de "Warcraft", "Diablo" e "StarCraft") em batalhas online ao estilo de "League of Legends" e "DotA 2". O jogo é gratuito para baixar, mas no Brasil você também pode comprar uma edição em disco, que vem com cinco personagens desbloqueados e mais alguns extras.

Diferente de outros MOBAs, "Heroes of the Storm" traz mapas com objetivos variados e um sistema de evolução que recompensa o esforço da equipe como um todo - jogadores inexperientes não ficam com a terrível sensação de que estão "afundando" o time durante as partidas. Como é padrão nos jogos da Blizzard, "Heroes of the Storm" oferece dublagem, legendas e menus em português.

Pontos Positivos

Fácil de aprender e jogar

"Heroes of the Storm" faz um ótimo trabalho para ensinar o jogador seus conceitos básicos e permite experimentar novos personagens em um ambiente de teste. Com isso, você fica mais a vontade para jogar com personagens que não conhece, sem a pressão do time reclamando pela falta de experiência. Também é dado bastante destaque para as partidas cooperativas, onde o jogador pode colocar em prática o que aprendeu sem um time adversário tão agressivo quanto numa partida contra adversários humanos.

Com tantas opções para aprender a jogar, "Heroes of the Storm" facilita a entrada de novos jogadores na brincadeira. Você pode jogar muitas partidas cooperativas, evoluindo seus heróis e o próprio perfil do jogador - liberando novos itens e bônus no processo - até se sentir a vontade para encarar as partidas contra outros jogadores.

Mesmo que você se acostume com uma classe de herói, como Assassino, Guerreiro ou Suporte, por exemplo, o jogo traz um sistema de desafios diários (bem ao estilo de "HearthStone", também da Blizzard) que estimula o jogador a experimentar personagens de classes diferentes. No menu de seleção, ícones indicam quais heróis se encaixam nos desafios do dia, bem como a dificuldade de controlar cada um deles. Para completar, não há uma loja de itens na base do time, ou seja, você configura seu herói com as habilidades dele e é isso. Ao subir de nível com o personagem (jogando muitas partidas com ele) novas habilidades são liberadas e você pode construir variações bem divertidas e que alteram a maneira de jogar com cada herói.

"Heroes of the Storm" é bastante didático, mais do que os jogos concorrentes e isso é muito bom para jogadores recém-chegados, ainda mais quando aliado ao número relativamente pequeno de heróis disponíveis nas primeiras semanas.

Heróis diversificados

Os personagens de "Heroes of the Storm" vêm de todos os jogos da Blizzard, principalmente das franquias "Warcraft", "StarCraft" e "Diablo", mas também há espaço para jogos clássicos, como comprovam os bárbaros de "The Lost Vikings".

Boa parte dos personagens é bem simples e direta de entender: Raynor usa um tiro poderoso para desacelerar e causar muito dano aos inimigos, Diablo agarra o oponente e o arremessa no chão, deixando-o tonto e (se bem usado) em uma posição de desvantagem. Sonya, a bárbara de "Diablo III",  puxa o herói adversário para junto de si e aplica golpes poderosos. Lili, uma pandaren de "WoW", arremessa poções curativas para os aliados.

As coisas ficam mais interessantes quando você joga com personagens mais exóticos: o Murkinho, por exemplo, é um bebê murlock, espécie de monstro anfíbio fracote de "World of Warcraft". Murkinho morre muito mais fácil que qualquer outro herói, mas retorna ao jogo imediatamente. É um herói cujo papel consiste em incomodar e atrapalhar o time adversário, fazendo heróis consumirem habilidades com ele enquanto os companheiros avançam na arena. Os vikings são três personagens em um e jogar com eles permite estratégias bem diferentes, seja lidando com monstros ou 'farmando' experiência eliminando peões nas três vias da arena ao mesmo tempo.

Trabalho em equipe

A abordagem simplificada de "Heroes of the Storm" também afeta detalhes técnicos que tornam o jogo mais orientado para o trabalho em equipe, como a ausência de "last hit" na hora de determinar para quem vai a experiência ao abater inimigos. Não importa quão bom você seja, dificilmente vai se sobressair muito e carregar o time, o que deixa as partidas menos empolgantes para os jogadores profissionais acostumados com "LoL", mas facilita a inclusão dos iniciantes.

Objetivos dão variedade ao jogo

Cada arena de "Heroes of the Storm" oferece objetivos secundários que impactam no avanço da partida. Geralmente, esses objetivos envolvem coletar algum tipo de item para ativar um navio pirata, invocar uma aranha gigante ou disparar raios laser sobre as torres inimigas. Algumas vezes é preciso dominar um ponto estratégico e enfrentar monstros para obter a vantagem.

Essa disputa muda o ritmo da partida mas perde o gosto da novidade em pouco tempo - é só algo a mais para fazer e nem todos os jogadores se interessam por cumprir esses objetivos. O ideal é que parte do time cuide disso enquanto outros continuam avançando/defendendo o território, pois descuidar totalmente dos objetivos secundários é praticamente entregar a partida para o outro time.

Pontos Negativos

Heróis infantilizados

O que mais me incomodou em "Heroes of the Storm" é a infantilização dos personagens da Blizzard. Mesmo quando são Heróis e vilões sombrios de "Diablo" e "StarCraft" ganharam características mais bobas. O fuzileiro Tychus, de "StarCraft II" perdeu o charuto para o jogo atingir uma classificação indicativa mais abrangente. De forma geral, os personagens parecem mais bonecos deles próprios do que os heróis e vilões dos jogos originais, na aparência e nas falas.

Ao menos a sensação de jogar com eles ainda lembra os games de onde vieram. A cruzada Johanna, de "Diablo III", é tão apelona quanto um cruzado com habilidades de arremesso de escudo consegue ser no RPG. O Sargento Marreta funciona exatamente como um Siege Tank de "StarCraft II", com modo de cerco e tudo. O paladino Uther, de "WoW" tem os poderes típicos da classe.

Mesmo bem representados em suas mecânicas de jogo, é estranho ver personagens sombrios como Arthas, Illidan e Kerrigan nas versões mais suaves de "Heroes of the Storm".

Grátis, mas nem tanto

"Heroes of the Storm" é grátis para baixar e jogar. Mas se você quer participar das partidas ranqueadas sem gastar dinheiro, é bom se preparar para passar muito tempo jogando e coletando moedas. Para entrar na liga ranqueada, é preciso alcançar o nível 30 de jogador e possuir 10 personagens em sua conta (sem contar os que são liberados para uso gratuito na rotação semanal).

Comprar personagens básicos com as moedas é até fácil, seus preços variam entre 2 mil e 4 mil moedas de ouro. Você ganha 20 ou 30 moedas por partida, cerca de 2 mil como bônus ao alcançar certos níveis e um pouco mais se estiver jogando com um amigo ou usando um nitro para melhorar os ganhos. As missões diárias dão algumas moedas também. Mas se você quiser um personagem mais avançado, se prepare para juntar muitas moedas ou abrir a carteira.Os preços de "Heroes of the Storm" parecem um tanto exagerados, com heróis custando R$ 20 ou mais.

O mesmo vale para os trajes alternativos, que em geral não são lá muito inspirados, mas sempre são bem caros. Compra quem quer? Claro, mas seria bom a Blizzard fazer alguns ajustes na tabela de preços.

Nota: 8 (Ótimo)