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OPINIÃO

"Hotline Miami" traz experiência madura e viciante, porém curta

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Imagem: Divulgação

Guilherme Solari

Do UOL, em São Paulo

05/11/2012 16h11

A ação de "Hotline Miami" é extremamente simples, mas viciante e bem implementada. O que poderia ser um webgame que você esquece depois de uma tarde de jogatina se torna algo maior pela atmosfera sombria e perturbadora.

Muito jogo por aí se diz maduro só por ser violento, mas "Hotline Miami" traz uma violência com propósito narrativo. Assim como o protagonista massacra edifícios inteiros apenas por receber uma ligação para ir a tal lugar, quando a tela estiver repleta de sangue ao final da fase o jogador pode também se perguntar porque cometeu aquela carnificina. Quem sabe apenas porque os inimigos estavam ali.

O jogo se especializa em trazer uma experiência simples - porém enxuta - de ação, e ganha pontos pela atmosfera impecável.

Introdução

Em "Hotline Miami", o jogador controla um assassino que lava com sangue o submundo de Miami do final dos anos 1980 ao receber uma série de telefonemas misteriosos.

Ao longo de cerca de 20 fases curtas, é revelada a origem sombria dos telefonemas. Um top down shooter independente que logo se tornou cult pela dificuldade, violência crua, atmosfera retrô e perturbadora e ação rápida.

Pontos Positivos

Ação implacável

"Hotline Miami" às vezes é como uma versão em jogo de um relacionamento abusivo que te esfaqueia, baleia, espanca e explode, mas que você não consegue evitar de apertar "R" para tentar mais uma vez.

A ação com tiros e ataques corpo a corpo de "Hotline Miami" é veloz e implacável. Hesitar pelo tempo de meia respiração é suficiente para ter os pixels de seu cérebro esparramados pelo chão e parede. É um jogo que traz uma bem-vinda dose de dificuldade digna de títulos antigos, aliada à conveniência de poder voltar a jogar quase que de imediato.

Hotline Miami Review 1 - Divulgação - Divulgação
Imagem: Divulgação

O game te ensina do jeito difícil, mas como basta apertar uma tecla para retornar à carnificina, não chega a ser frustrante. Semelhante a "Super Meat Boy", isso faz com que você eventualmente ganhe habilidades de "nível ninja". Depois de terminar o jogo e voltar às fases iniciais você nota como aprendeu sem perceber, tirando de letra trechos em que empacava.

Atmosfera

Este é o quesito que justifica a nota alta de "Hotline Miami" e o diferencia de ser só um game bem simples de ação. "Hotline Miami" tem uma atmosfera psicótica, surreal e cocainômana. Uma homenagem digna a "Miami Vice" e "Scarface".

A história, ambientada no final dos anos 1980, não é propriamente contada, mas sugerida. O personagem do jogador recebe na secretária eletrônica mensagens inocentes para ir a tal endereço retirar um objeto ou encontrar alguém, porém o resultado é sempre o mesmo: ele veste uma máscara de animal e chacina o lugar inteiro.

O próprio jogo tem um visual sujo, como se você estivesse jogando em um televisor antigo, com estática e tremedeira na imagem. Ao longo das fases, acompanha-se a deteriorização mental do protagonista. Seu apartamento fica cada vez mais caótico e detalhes comicamente pacatos da rotina entre missões, como comprar uma pizza ou alugar uma fita, se tornam cada vez mais assustadores.

Hotline Miami Review 2 - Divulgação - Divulgação
Imagem: Divulgação

Trilha sonora marcante

Semelhante a outros títulos independentes como "Bastion" e "Swords & Sworcery", a trilha sonora de "Hotline Miami" é de fazer muito jogo AAA passar vergonha.

As músicas remetem diretamente às faixas de "Miami Vice" feitas por Jan Hammer, capturando essa estética de "violência kitsch" que marcou os anos 1980. Lembra também o uso de sintetizadores de filmes oitentistas de John Carpenter, como "Fuga de Nova York".

As músicas dão o pique de adrenalina durante os combates, assim como o tom sombrio entre enfrentamentos. Uma excelente demonstração de como a música pode aprimorar - muito - a experiência, assim como dar uma personalidade única para um jogo.

Pontos Negativos

Gráficos pobres

É sempre ponto polêmico criticar gráficos de jogos independentes, especialmente quando eles são mais fruto de uma escolha estética do que de limitações, como em "Hotline Miami". A simplicidade ajuda a construir o visual sujo e decadente que o jogo propõe.

Tendo dito isso, os gráficos de "Hotline Miami" são algo que você aprende a gostar quando saca a personalidade do jogo, mas são uma barreira inicial para entrar na experiência. Considere, no entanto, este o menor dos pontos negativos.

Curto

"Hotline Miami" é, com o perdão da piada, criminalmente curto. A primeira passagem demora mais, mas dependendo do quão bom você se tornar em suas habilidades de top down shooter, o game pode ser vencido em menos de uma hora.

Hotline Miami Review 3 - Divulgação - Divulgação
Imagem: Divulgação

A longevidade do jogo pode aumentar para gamers completistas ou que curtem speedruns e aprimorar highscores, mas há pouco incentivo para revisitar "Hotline Miami" além desses.

Pouca variedade

O jogo apresenta praticamente dois tipos de inimigos e por mais que existam 35 armas a serem bloqueadas, a funcionalidade delas não varia muito. Os mapas parecem quase todos variações de um ou dois estilos de prédios também.

Entre as fases, apenas uma traz elementos de furtividade e foge da fórmula "massacre tudo o que aparecer pela frente". Os raros encontros com chefões variam bem pouco essa dinâmica.

Nota: 8 (Ótimo)

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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL