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Kane & Lynch: Dead Men

04/12/2007

MATHEUS BOURG
Colaboração para o UOL
Desde que bancou o sucesso do excelente "Hitman", há exatos sete anos, tudo o que a Eidos mais queria era lançar um novo projeto que caísse no gosto do público como aconteceu com o assassino profissional careca - para os íntimos, Agente 47. Foi aí que surgiu a genial idéia de pedir para que o mesmo estúdio, a dinamarquesa Io Interactive, criasse "Kane & Lynch". A idéia por trás da iniciativa era, através de dois protagonistas politicamente incorretos e violentos, criar um game supreendente capaz de deixar todos de queixo caído. O resultado, todavia, é um jogo que não cumpre metade das suas promessas e irrita devido às suas inúmeras falhas.

Amigos, amigos, psicose faz parte

O traidor e o assassino
Sem sombra de dúvida, um dos únicos pontos altos de "Kane & Lynch" é a trama violentíssima que conecta Kane, um mercenário encrencado com seus ex-patrões, a Lynch, um psicopata esquizofrênico acusado de assassinar a própria esposa. A dupla se conhece no corredor da morte, pouco antes de ser resgatada pelo misterioso grupo conhecido como The 7. Formada por executivos com os quais Kane não compartilha um passado amigável, a facção exige que seu ex-funcionário recupere uma fortuna em diamantes que o cara havia roubado anteriormente. Para garantir que Kane se mantenha na linha, a organização coloca Lynch em sua cola, assassina sua mulher e seqüestra sua filha.

Pois bem, cada personagem contribui de forma significativa para que os diálogos ao longo do jogo sejam ácidos, pervertidos e - por que não? - engraçados. Isso se deve em grande parte ao carisma de Lynch, que tem lapsos de memória geralmente fatais. Durante uma missão na qual seu objetivo é cuidar de uma refém, por exemplo, o psicopata acaba assassinando a moça quando, na verdade, mirava em sua perna. O que quebra o ritmo cansativo do game é justamente a necessidade do psicopata em se explicar para o colega logo após estragar os planos alheios. Entretanto, os elogios param por aqui: nada além do relacionamento da dupla é desenvolvido como deveria.

Controles hediondos

Mesmo sendo inspirado por "Hitman", o jogo consegue a proeza de exibir uma das piores mecânicas dos últimos tempos - e olha que estragar um jogo em terceira pessoa não é uma tarefa relativamente fácil. Acontece que "Kane & Lynch" tem um sistema de mira pesado o suficiente para impedir que o jogador acerte metade dos tiros onde gostaria. Conseqüentemente, utilizar pistolas, escopetas e metralhadoras transforma-se em uma verdadeira tortura. Se tem uma palavra que define a sensação de participar de um dos inúmeros tiroteios da trama, ela é, sem sombra de dúvida, "frustração".

Vale lembrar, no entanto, que o jogador ainda pode optar por deixar as armas de lado e partir para a pancadaria. Só que não se trata de uma idéia muito inteligente - quiçá gostosa de se assistir. Basta o pressionar de um botão para que Kane agarre um inimigo ao seu redor e desça-lhe o sarrafo, mas os movimentos são tão fracos que chegam a desencorajar a brincadeira. Tudo parece uma encenação barata, já que falta violência e, principalmente, som. Fora isso, não há qualquer tipo de variedade no que diz respeito aos modos de se livrar de um inimigo: ao contrário do que as imagens do game possam sugerir, você definitivamente não pode utilizar espátulas para arrancar os olhos dos oponentes e torturá-los.

Por último, mas não menos importante, não poderíamos deixar de citar um dos aspectos que quase nos fez esquecer a maldita falta de precisão do sistema de mira: afinal, não adianta nada conseguir alcançar a cabeça de um oponente se o cara é capaz de se manter de pé até mesmo após trocentos disparos. A explicação poderia estar na dificuldade escolhida pelo jogador, mas a impressão é que as opções estão lá apenas para enfeite. Mesmo depois de acertar em cheio o peito de um soldado com um tiro de escopeta, por exemplo, é comum vê-lo de pé como quem está duvidando seriamente da sua capacidade de derrotá-lo. É como se você estivesse lutando contra Jack Bauer - é bem provável que você morra antes mesmo de machucá-lo.

Cadê a direção de arte?

Havana como você nunca viu
"Kane & Lynch" possui um bom apanhado de missões e é capaz de render um bom caldo, mas a verdade é que o game se resume a dois momentos: do início até a missão no clube noturno, você é capaz de jogar sem qualquer chateamento. O problema é que, a partir da missão situada em Havana, torna-se praticamente impossível seguir adiante. No caso do Xbox 360 há uns mirrados pontos de gamerscore em jogo, mas nada justifica a tentativa no que diz respeito às demais versões.

Esse estágio na boate, na verdade, é um dos poucos momentos do jogo em que o visual se sobressai e você é capaz de soltar um "nossa!". A quantidade de pessoas na pista de dança impressiona e não há qualquer queda no fluxo de tela. Já em se tratando das missões em Cuba (e, posteriormente, na América do Sul), a impressão é a de que a chamada nova geração ainda está longe de chegar nos confins gelados da Io Interactive. Para que você tenha uma idéia, a situação é tão feia que seríamos capazes de citar inúmeros jogos mais bonitos disponíveis em consoles como o PS2. O que mais incomoda é a falta de vida dos cenários. Tudo é pálido demais.

Em se tratando do som, basta dizer que quem assina a trilha é Jesper Kyd, o mesmo responsável pelas faixas e efeitos sonoros da série protagonizada pelo Agente 47. As músicas são bacanas e a dublagem, embora às vezes destoe do perfil dos protagonitas por parecer jovem demais, não chega a decepcionar.

De dois é mais legal

Conheça o modo multiplayer
De fato, a recomendação mais sensata em se tratando de "Kane & Lynch" é a de que o jogo seja apreciado em dupla: neste caso, o controle de Lynch salta do computador para o controle mais próximo conectado ao console ou ao PC. Não há a possibilidade de fazer isso online, o que é uma pena, mas a tela dividida não deixa de ser uma boa opção. Afinal, você não sofre sozinho e, bem ou mal, acaba se divertindo com isso.

Online, mesmo, só há uma modalidade. Batizado como Fragile Alliance, o modo de jogo consiste em uma disputa entre bandidos e policiais nos melhores moldes de "Saint's Row", disponível para Xbox 360. A princípio, todos os jogadores são bandidos e devem roubar o que houver de mais valioso em cenários como shoppings, joalherias e restaurantes - à medida em que os participantes morrem, porém, transformam-se em policiais que devem eliminar os sobreviventes. O legal disso tudo é que, caso não deseje dividir a grana com seus colegas, você pode simplesmente matá-los e, conseqüentemente, ser tratado como um traídor. Não obstante a isso, vence a figura que arrecadar mais grana.

CONSIDERAÇÕES

Não passa de uma teoria, mas é bem provável que Eidos não tenha anunciado uma seqüência para "Kane & Lynch" à toa. Chega a ser decepcionante pensar que a produtora fez vista grossa para tantos erros apenas com o intuito de lançar o jogo às pressas e lucrar com continuações e adaptações cinematográficas. Tudo por aqui não passa de promessas não cumpridas e expectativas não alcançadas - infelizmente, já estamos cansados de saber que um jogo não se faz apenas de boas idéias. "Kane & Lynch" poderia ter um visual excelente e dezenas de opções onlines e, ainda assim, continuaria na mesma situação precária caso mantivesse a jogabilidade frustrante e inexata que faz parte deste primeiro episódio. Se você quer prestigiar o trabalho da Io Interactive, as quatro edições de "Hitman" são mais que o suficiente.
Matheus Bourg é colaborador-fixo das revistas "Dicas & Truques para PlayStation" e "Game Master". Também colabora com as publicações "Ngamer" e "Revista Oficial do Xbox 360", todas publicações da Editora Europa.

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    Kane & Lynch: Dead Men (Pc)

    178 imagens

    FICHA TÉCNICA
    Fabricante: Io Interactive
    Lançamento: 13/11/2007
    Distribuidora: Eidos
    Suporte: 1-8 jogadores, multiplayer online
    Configuração mínima: Windows
    Outras plataformas: PS3 X360
    DispensávelAvaliação:
    Dispensável

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