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Lord of the Rings: Battle For Middle-Earth

17/12/2004 20h01

Para descrever a trilogia de filmes "O Senhor dos Anéis", "épico" seria uma boa escolha. É exatamente esse sentimento que a equipe de "Command & Conquer: Generals" tentou capturar em seu jogo de estratégia inspirado nos longas-metragens da New Line.

Por questões técnicas, seria demais esperar algo na mesma escala que acontece nos filmes, mas "Battle for Middle-earth" certamente se destaca em termos de apresentação: cada batalha é repleta de detalhes reconhecíveis dos filmes (inclusive até algumas pequenas cenas reproduzidas no canto da tela), comentários pertinentes ao contexto dos participantes e grupos enormes de soldados - não tão gigantescos quanto os do filme, mas acima da média dos games do gênero.

O sistema do game é quase totalmente voltado à recriação de aspectos da narrativa e ação dos filmes, empregando referências diretas à obra original. "Battle for Middle-Earth" é claramente feito para fãs, mas isso traz o efeito colateral: o sistema do game é bastante simples, e pode irritar os veteranos do gênero.

Escolha seu lado

Jogadores começam campanhas (que podem ser tanto pelas forças da Sociedade do Anel como pelas tropas de Sauron) em um mapa tridimensional e animado da Terra-média. Entre combates, cabe ao estrategista escolher qual território atacar (ou ser obrigado a defender) para ganhar certos bônus. Jogadores vão ficar impressionados mais uma vez com o detalhismo do game, mas depois de títulos como "Total War", essa parte serve apenas para permitir que você conquiste mais territórios antes de avançar a história, aproveitando o sistema de experiência e limites de recursos para ficar mais poderoso para combates subseqüentes.

Uma vez tendo escolhido seu alvo, o game entra na parte de estratégia em tempo real. Missões consistem em defender cidades ou derrotar todos os inimigos, oferecendo uma série de objetivos secundários para ganhar pontos extras. O game faz questão de recriar virtualmente todas as criaturas e heróis vistos nos filmes, além de criar fraquezas e especialidades contra outros tipos de tropas. Na tentativa de diminuir o gerenciamento de recursos, "Battle for Middle-Earth" limita a produção de estruturas a certos locais pré-definidos no terreno.

Jogadores perceberão rapidamente que qualquer tentativa de usar estratégia avançada será frustrada pelo sistema do game. Combates se resumem quase sempre à perícia pré-definida de um tipo de soldado contra o outro, assim como a quantidade de cada lado. Golpes especiais de heróis ajudam a aumentar um pouco a variedade, mas é muito fácil não encontrá-los na confusão dos maiores combates (nessas horas, os poderes globais são mais interessantes).

Industrialismo problemático

O game estimula a criação de tropas e envio maciço das mesmas através dessa peculiaridade, mas isso fica ainda mais claro com o sistema de experiência e limite de recursos. Jogadores não controlam diretamente a coleta de recursos, que acontece em intervalos de tempo em estruturas específicas e em função das conquistas no mapa global. Só que essa mecânica também influencia o número total de tropas. Enquanto os guerreiros ganham experiência matando inimigos, os prédios ganham experiência criando tropas. Isso algumas vezes força o jogador nas dificuldades maiores a causar o suicídio de guerreiros fracos para poder criar unidades mais fortes.

No contexto de um jogo mais elaborado, isso pode ser visto como uma fraqueza. Mas "Battle for Middle-earth" deixa claro que sua principal atenção é oferecer uma experiência visualmente envolvente e acessível mesmo para quem não está habituado ao gênero. Vencer as muitas missões da campanha não será um grande desafio para os iniciantes pacientes que ficarem treinando suas tropas e dominando todos os territórios do game.

O que merece destaque são as principais diferenças entre os dois lados do game (cada qual dividido em duas sub-facções). Enquanto os heróis contam com unidades especializadas e grandes fortalezas, as tropas de Sauron se destacam por contar com grandes números e poderes altamente destrutivos. É interessante ver o impacto do desmatamento causado por Saruman ao criar suas bases, reforçando a importância da experiência visual. A única coisa estranha é ver a cronologia do jogo e filme sendo desrespeitada: você pode deixar Boromir morrer a qualquer momento (ou matá-lo, jogando pelo lado mau) e ele continua voltando - mesmo nas últimas batalhas depois de sua suposta morte na trama!

A interface é inspirada na palantír do filme, e reúne os principais elementos de comando na forma de círculos ao seu redor. Menus são reduzidos ao menor número possível e é perfeitamente viável jogar com apenas um mouse de dois botões (apesar dos tradicionais atalhos no teclado comuns neste tipo de game estarem disponíveis).

Anéis na rede

"Battle for Middle-earth" oferece as tradicionais opções de skirmish e multiplayer online. O game é inteiro amarrado por menus bastante caprichados e um sistema de procura de desafiantes extremamente elaborado. Apesar da mecânica simples não se prestar muito para esse grau de rejogabilidade, a Electronic Arts fez questão de caprichar nessa porção do software.

Nota: 8 (Ótimo)