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OPINIÃO

"Mad Max" traz universo caótico dos cinemas em divertido mundo aberto

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Pablo Raphael

Do UOL, em São Paulo

08/09/2015 15h02

"Mad Max" é um divertido jogo de ação em um mundo aberto enorme, inspirado na saga pós-apocalíptica de George Miller. Produzido pela Avalanche Studios (de "Just Cause"), o game não é ligado diretamente aos filmes antigos estrelados por Mel Gibson nem ao recente "Estrada da Fúria". Ao invés disso, o estúdio busca criar sua própria interpretação de Max e da terra desolada e insana ao seu redor.

"Mad Max" segue a receita de sucesso estabelecida pelos jogos de mundo aberto: cenários enormes e cheios de colecionáveis, com muitas missões paralelas regadas à pancadaria ao estilo "Arkham" e destruição e explosões de "Just Cause". O maior diferencial está no combate automotivo, marca registrada da franquia no cinema.

O mundo de "Mad Max" nos games não é tão cruel e impiedoso quanto no cinema e isso ajuda a tornar a aventura um tanto repetitiva, principalmente nos estágios mais avançados, quando Max e o carrão Magnum Opus são quase imbatíveis. No fim, "Mad Max" diverte por muitas horas, mas a duração exata disso depende da empolgação e paciência de cada jogador.

Introdução

Segunda investida de "Mad Max" nos games (a primeira foi no NES, em um distante 1991), o game da Avalanche Studios coloca o jogador em uma jornada pela Terra Desolada para recuperar seu carro, roubado pelo vilão Lorde Scrotus, e construir o bólido perfeito com a ajuda de um bizarro mecânico. No caminho, Max se alia a outros personagens, coleta recursos, aprimora fortificações, participa de corridas e luta contra as gangues que assolam as estradas.

Mad Max Review 1 - Divulgação - Divulgação
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"Mad Max" oferece legendas e menus em português, mas nada de dublagem em nosso idioma.

Pontos Positivos

Cenário enorme para explorar

"Mad Max" é mais um enorme mundo aberto, entre tantos que chegaram aos videogames em 2015. Ainda assim, a Avalanche Studios caprichou na ambientação desolada do jogo: cada região é cheia de ruínas para explorar, personagens esquisitos (mas esquecíveis) para conversar e itens para colecionar. Se você curte esse tipo de atividade, este game é um prato cheio.

O jogo também é pontuado por grandes acampamentos, bases inimigas que, assim como na série "Far Cry", da Ubisoft, devem ser tomadas dos adversários. Cada acampamento possui seus próprios desafios e é possível encontrar passagens secretas para dentro deles e outras informações conversando com batedores nas proximidades. Invadir os acampamentos é divertido e envolve eliminar atiradores e outras defesas, além de encarar gangues de bandidos no interior da base.

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Mesmo exagerando nos colecionáveis (é comum você terminar de tomar um acampamento e ainda faltar um ou dois pedaços de sucata para recolher, o que pode ser o inferno para os colecionistas), o cenário de "Mad Max" entretêm ao oferecer constantemente alguma coisa nova para fazer, seja explorar uma vila abandonada, arrancar um carro afundado na areia, derrubar espantalhos ou simplesmente sair no braço com algum salteador parado na beira da estrada.

Ação sobre rodas

O ponto alto de "Mad Max" é o combate automotivo. Enfrentar adversários motorizados é uma constante no game, mesmo quando você está só passando por uma região já "pacificada". No começo, a luta é bem simples, com batidas laterais e tiros de escopeta nos tanques de combustível, mas aos poucos novos adversários aparecem, com carros blindados e velozes, exigindo de Max novas estratégias para a vitória.

Conforme progride, você desbloqueia e evolui as armas para o Magnum Opus, como o arpão que pode ser usado para arrancar rodas, portas e até mesmo os pilotos de dentro dos carros (e sim, isso é muito prazeroso), um arpão elétrico capaz de explodir tanques de combustível melhor protegidos (ou grupos de inimigos a pé) e um rifle sniper, mais apropriado para dar cabo de torres com morteiros e atiradores de elite que vigiam os acampamentos de Scrotus.

Lutar contra veículos aleatórios é bacana e rende alguns pedaços de sucata, mas logo você percebe que é melhor apenas eliminar os pilotos e seguir em frente... mas no caso dos carros mais raros, marcados com uma engrenagem no mapa, a história é outra. Esses veículos dão mais trabalho e o ideal é capturar o carro e guiar até um dos fortes aliados de Max. Além de completar a coleção, você ganha uma boa quantidade de sucata para usar em melhorias para Max ou para o Magnum Opus.

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Há também corridas, que podem ser provas contra o tempo ou contra oponentes ensandecidos. Além de renderem sucata e até carros, essas provas contam com um placar online, onde você pode comparar seu tempo com o dos amigos.

Onde o combate automotivo realmente brilha é nos Comboios. Max encontra rotas de viagem do exército de Scrotus em alguns pontos do mapa. Ao circular por essas rotas, você vai se deparar com comboios, pequenas caravanas de guerreiros inimigos que escoltam caminhões com combustível e outras riquezas. As batalhas são velozes, explosivas e caóticas: bem parecido com o que rola nos filmes.

Beleza desolada

A Terra Desolada de "Mad Max" é um grande deserto, mas a Avalanche conseguiu imprimir beleza e personalidade em cada uma de suas regiões. Dunas de areia tomam conta de um pedaço, enquanto o leito seco do mar é a atração em outro trecho, com embarcações e outras ruínas pontuando a paisagem. Em outra parte do mapa, a terra é marcada pelo que sobrou de uma grande rodovia.

O ciclo de dia e noite de "Mad Max" dá um colorido extra ao jogo, com estrelas cadentes riscando o céu noturno e um amanhecer que pinta o céu de vermelho - praticamente um convite para correr por aí e afundar a cara das gangues de Scrotus. As tempestades de areia, por sua vez, transformam o cenário em uma verdadeira luta pela sobrevivência, onde os mais insaos (leia-se, os jogadores) correm desviando de raios e pescando caixas voadoras cheias de sucata.

Apesar do game sofrer com quedas violentas na taxa de quadros de animação sem motivo aparente, o cenário devastado de "Mad Max" é envolvente e vale a pena parar o carro para apreciar a vista dos penhascos ou acampamentos... E até aproveitar os recursos do modo de Captura e fazer belas fotos do jogo.

Personalização

Ao optar por não reproduzir a imagem de Mel Gibson ou de Tom Hardy e se livrar do icônico V8 Interceptor logo nos momentos iniciais de "Mad Max", a Avalanche Studios deu ao jogador a liberdade para personalizar tanto o motorista quanto seu novo carro, o Magnum Opus.

Opções não faltam: desde novos movimentos de luta, trajes e acessórios até mudanças de aparência. Eu, pessoalmente, gosto de jogar com Max cabeludo e barbudo, mas você pode optar por pintar a cara do protagonista com tinta ou óleo, usar um penteado mais comportado e assim por diante. Além de garantir o visual "bad boy", os trajes e acessórios acrescentam bônus de defesa para o combate corpo a corpo.

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O Magnum Opus conta com vários tipos de peças para escolher, tanto itens cosméticos (como pinturas e adesivos) como peças de armadura e melhorias de performance. Você também pode trocar a carroceria e criar os chamados Arcanjos, modelos predeterminados para o carro.

Há também vantagens passivas que você libera conforme vai subindo de nível com Max, como aumentar a saúde ou melhorar a chance de encontrar munição ou a durabilidade das armas. Porém, não basta subir de nível: é preciso procurar por Griffa, um místico que surge na região de tempos em tempos. É uma coisa simples, mas que acrescenta sabor de "Mad Max" ao jogo.

As vantagens passivas são as únicas melhorias que você habilita em "Mad Max" sem gastar sucata. Administrar o recurso nas primeiras horas é um desafio: evoluir o carro ou Max? Comprar uma jaqueta melhor ou aprimorar o arpão? São escolhas que instigam o jogador a buscar por todos os pedacinhos de sucata escondidos pelo cenário - ou arrebentar carros inimigos nas estradas para coletar uns pontinhos extras. Infelizmente, esse é um desafio que se torna irrelevante quando você já está forte e com grupos de exploradores coletando material até mesmo quando o jogo está desligado.

Pontos Negativos

Combate

"Mad Max" adota um sistema de combate similar aos dos jogos do "Batman" e "Shadow of Mordor", mas sem o refinamento dos jogos citados. Tudo bem que Max não é um artista marcial como Bruce Wayne e sua troca de socos, pontapés e agarrões lembra mais a luta de rua desesperada que você espera encontrar depois do apocalipse, mas o problema está nos controles: você vai perder a conta de quantas vezes levou um golpe mesmo tendo apertado o botão de defesa no momento exato.

As lutas em geral são simples de resolver e mesmo em arenas com muitos inimigos, onde os controles imprecisos se aliam à câmera que deixa vários inimigos fora do seu campo de visão (impossibilitando bloquear todos os ataques), o sistema de "save" do jogo é bem generoso. Quando Max morrer numa situação dessas, vai reaparecer um pouco antes da arena, pronto para tentar de novo.

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É uma pena que os controles não sejam bem ajustados, pois a pancadaria em "Mad Max" tinha tudo para ser gratificante, principalmente quando você ativa o modo Furioso e sai distribuindo agarrões que deixariam muitos praticantes de luta-livre e jiu-jitsu com inveja... ou quebrando braços e pernas sem a menor piedade.

Falhas técnicas

Outra coisa que irrita em "Mad Max" são as pequenas falhas técnicas, desde a queda notável na taxa de quadros de animação que acontece em algumas áreas do jogo, sem motivo aparente, até a câmera incômoda durante o combate.

É notável também como a Avalanche não dedicou muito tempo para desenvolver melhor a movimentação do personagem: Você tem um botão de pulo que não serve para quase nada e só pode se agarrar e subir em pontos específicos dos cenários, marcados em amarelo. Comparado aos outros jogos de ação atuais (e mesmo à jogos mais antigos, como "Assassin's Creed" e o próprio "Just Cause", da Avalanche), é um sistema bastante ultrapassado.

Controlar o Magnum Opus é divertido, mas não quando você precisa se mover em passagens estreitas no meio de desfiladeiros durante uma batalha contra um comboio. Nessas horas, a falta de precisão ao volante é notável e dificulta bastante a vida.

Jogo repetitivo

Talvez o maior problema de "Mad Max" esteja na repetição das atividades. Cada nova região traz espantalhos para derrubar, sucata e outros objetos para coletar e aprimoramentos para fazer na fortificação principal, sempre pertencente a um aliado de Max. Com exceção dos acampamentos inimigos e dos comboios, que envolvem bastante ação, os outros objetivos são realizados dirigindo e explorando o local marcado no mapa.

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No fim da aventura, Max terá brigado contra as gangues da Terra Desolada, derrotado Lorde Scrotus e explorado muitas ruínas em busca de recursos para melhorar os fortes dos outros e o Magnum Opus. Para alguns, fazer isso tudo é o bastante, mas é preciso admitir que são tarefas repetitivas e nem todo jogador consegue se divertir fazendo sempre a mesma coisa. Se ao menos o jogo tivesse uma narrativa mais envolvente, talvez a repetição contínua das atividades não ficasse tão aparente.

Nota: 7 (Bom)

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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL