Jogos como "Civilization", "Alpha Centauri" e "Alien Legacy" já deram aos donos de PCs do mundo inteiro o gostinho de tentar colonizar e dominar um planeta. Mas quando "Master of Orion" foi lançado, o desafio foi ampliado para cobrir uma galáxia inteira. Claro, a complexidade não era muito maior, mas o gênero de jogo acabou se popularizando com os fãs de simulações mais profundas. E depois de uma longa aposentadoria, a série retorna para um terceiro episódio que faz justiça na representação do tamanho e complexidade de uma galáxia.
A apresentação de "Master of Orion III" mostra uma trama um pouco mais definida para esse novo episódio, apesar de trazer mais perguntas do que respostas. A leitura do manual se faz importante nesse ponto para entender exatamente o relacionamento entre as raças jogáveis e o grande conselho que rege a galáxia. Além disso, as predisposições históricas destacadas no texto realmente se aplicam ao game - certas raças são amigáveis, enquanto outras preferem ver algumas erradicadas. Se você preferir uma específica pode até mudar suas qualidades e defeitos em um arrojado sistema de edição que permite sincronizar esses aspectos com o seu estilo de jogo.
Aliens o suficiente para espantar Fox MulderUma vez com a raça escolhida o jogador precisa começar a colonizar o espaço. Uma rápida olhada no mapa estelar revela o tamanho da encrenca: dezenas e mais dezenas de sistemas solares configuram a galáxia, com distâncias que podem levar CENTENAS de turnos para serem cruzadas. Igualmente complexa é a interface do jogo, que conta com uma infinidade de telas e menus para gerenciar todas as opções.
O jogo progride com a expansão das colônias pela galáxia. Novas naves podem habitar os planetas (que podem ser mais ou menos hostis à sua raça), que viram bases para produção de ciência, matéria-prima, equipamento e outras coisas. O gerenciamento desses planetas é feito automaticamente (existe a opção para indicar certas prioridades) e até leva em consideração a geografia do local - eles chegam até a influenciar os rumos das pesquisas dos seus cientistas.
E você achava sua aula de física complicada...Fãs das árvores tecnológicas de "Civilization" ficarão impressionados com a biblioteca de avanços presente em "Master of Orion 3". Ela chega a ser tão longa que o jogador é forçado a escolher prioridades, pois estudar tudo durante a duração de uma partida é praticamente impossível. As tecnologias são usadas para melhorar os processos de produção das colônias e permitir a construção de novas naves e armas. O sistema de criação de frotas lembra um pouco "Alpha Centauri", e certamente facilita a vida de quem está jogando por suas opções para gerenciar toda a frota.
Toda nave construída deve fazer parte de um grupo específico. Esses exércitos podem ser movidos pela galáxia e são responsáveis pela defesa dos planetas e pelos ataques durante a expansão de seu império. Uma vez que duas facções inimigas se encontram o game inicia a seqüência de combate - que pode ser automatizada para aqueles que não curtem essa parte militar. O sistema é relativamente simples e funcional, apesar de dever muito no departamento visual (especialmente depois de "Homeworld").
No espaço ninguém consegue ver em 3DNo geral, "Master of Orion III" é um jogo graficamente sem graça. A interface lembra praticamente como seria um computador fazendo o gerenciamento de tudo - ignorando visuais especiais para muitos elementos que dariam um maior apelo plástico ao jogo. Isso acaba fazendo falta, mas os jogadores mais obstinados certamente conseguirão sobreviver se o coração do game agradar. Pelo menos o game roda bem em praticamente qualquer micro e não exige placa 3D.
Hein?Talvez o maior defeito do título seja sua falta de um bom tutorial. Imagine ser jogado de pára-quedas na função de líder de um império colonizador galáctico sem quase nenhuma explicação. O manual é extenso mas ainda assim bastante incompleto e/ou desatualizado (veja o longo arquivo Readme para uma lista de correções enorme) e a única didática presente no game é uma breve mensagem que aparece na primeira vez que você visita um menu pela primeira vez. Nada disso é suficiente para lidar com a tamanha profundidade da missão.
A inteligência artificial do game não é facilmente percebida, já que na maioria dos casos os encontros com outras civilizações não são tão comuns em jogos single-player. Mas assim como os chefes dos planetas todos parecem agir com certa naturalidade - apesar de não oferecer um desafio tão feroz quanto na maioria dos games do gênero. Além de total supremacia militar, o game traz uma interessante trama que permite que você vença a partida colecionando pedaços de um artefato ou através de diplomacia, sendo eleito líder de um conselho espacial: o sistema não é tão interessante quanto os criados para "Civilization III", mas oferecem uma maior maleabilidade para os diferentes estilos de estratégia.
CONSIDERAÇÕES
"Master of Orion III" é um jogo que exige total dedicação. Seja na hora de decifrar os arcanos controles dos menus ou na hora de gerenciar um império composto por dezenas de sistemas solares, a escala está presente e é aplicada com maestria. Fãs do gênero não devem passar essa oportunidade de comprar um game capaz de consumir meses sem perder a graça - mas os inexperientes só conseguirão acumular grandes doses de frustração.