Neverwinter Nights 2: Mask of the Betrayer

OTÁVIO MOULIN
Colaboração para o UOL

Mesmo assombrado por uma série de graves bugs e por parecer pesado demais - ainda que os gráficos nem sejam tão bonitos assim -, "Neverwinter Nights 2" ainda apresentou qualidades suficientes para manter a franquia em alta entre os fãs de RPGs. Não por acaso, o trabalho foi realizado pela Obsidian, formada por veteranos do antigo estúdio Black Isle, parceiro da consagrada BioWare, autora do clássico jogo original. "Mask of the Betrayer" é uma expansão que requer o segundo jogo instalado para rodar, e amplia de maneira espetacular este universo, baseado, por sua vez, em uma das várias vertentes do lendário RPG de mesa "Advanced Dungeons & Dragons".

Personagem épico

Como uma boa expansão, "Mask of the Betrayer" aproveita todo o esforço que o jogador teve na campanha anterior, possibilitando a importação do personagem utilizado. Como o limite do nível do herói foi aumentado para o que o jogo chama de épico, o mínimo para o início da nova aventura passa a ser 18, portanto o personagem antigo ganhará uma pequena promoção se não preencher este requisito. Agora, caso queria recomeçar do zero, é possível rolar um novo protagonista, que virá já com um arsenal bem completo. É bom frisar que, como se trata de uma expansão, o game não faz questão de pegar o jogador pela mão e ensinar sua mecânica e histórico, portanto marinheiros de primeira viagem devem ser cautelosos e, preferencialmente, iniciar a aventura desde o início, com "Neverwinter Nights 2".

A história leva em conta eventos finais da campanha anterior e mostra seu personagem um tanto quanto perdido, acordando dentro de um misterioso círculo de pedra. Logo ele encontra a feiticeira Safiya, que pede ajuda para chegar até uma cidade próxima. O relacionamento com os dois se torna a chave para uma grande aventura que dura mais de vinte horas, caso você resolva fazer todas as missões paralelas, envolvendo um demônio devorador de almas e a luta do protagonista para descobrir o que há de errado com ele.

Devido à natureza mais sombria, a trama é bastante densa e sua mecânica tira muito bom proveito disso. A ação é mais compacta, cadenciada e há mais oportunidades para que você pare e converse com todos. Seguindo o exemplo dos RPGs da Bioware, há várias opções de diálogos e muitas vezes os rumos dessas conversas irão ditar o sucesso e o fracasso de suas missões, influenciando também o final, como é de se esperar. Escolhas são fundamentais até mesmo para formar o seu grupo, uma vez que, por exemplo, um determinado personagem só será disponibilizado diante de certas circunstâncias, incluindo aí a ausência de outro no seu grupo.

Novas opções também não faltam. A Obsidian adicionou mais de 100 novos feitiços e perícias novas, incluindo também novas classes, todas voltadas para o aspecto mágico e arcano da expansão. Três novas raças também fazem sua estréia - Genasi, Half-drow e Wild-elf -, ampliando ainda mais o leque de customização de personagens, algo fundamental em qualquer RPG que se preze.

Grande e pesado

Com uma série de atualizações a Obsidian conseguiu consertar boa parte dos problemas do "Neverwinter Nights 2" original, ainda que tenha sempre parecido pesado demais. "Mask of the Betrayer" é mais estável só que continua a exigir bastante da máquina. Não é um grande absurdo, mas não é o tipo de jogo que conta com os efeitos mais modernos do mercado para pedir tanto. Há alguns efeitos especiais novos, principalmente nos novos poderes e alguns efeitos de portais e sombras, mas nada que realmente deixe alguém surpreso. No mais, há alguns novos modos de câmera que são um tanto estranhos demais, pelo menos para os jogadores que, a esta altura, já se acostumaram com a padrão, e nada muito além.