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Payday 2

Felipe Fonseca

do Gamehall

30/08/2013 08h05

"Payday 2" é uma grata evolução de "The Heist", primeiro jogo da série de 'assalto à banco' lançado em 2011. Com muito mais missões e cenários possíveis, o jogo surge como uma sonhada adaptação jogável do clássico filme "Fogo Contra Fogo".

A tensão é palpável a todo instante e o trabalho em equipe bem coordenado é fundamental para o sucesso das missões, especialmente as mais complexas. Uma trilha sonora contagiante dá o tom cinematográfico, e os efeitos sonoros dos tiros merecem destaque, surgindo mais reais e impactantes do que muitos jogos de tiro de grandes estúdios costumam entregar.

A qualidade da experiência de "Payday 2" depende diretamente da sua própria paciência e desejo de trabalhar em grupo. Possuindo isso, é um jogo com fator 'replay' imenso.

Introdução

"Payday: The Heist" foi lançado em 2011 pela desenvolvedora Overkill. Com uma mecânica de cooperação entre quatro pessoas, similar ao que ocorre na série "Left 4 Dead", o jogo trazia boas idéias, mas a pouca variedade de missões e cenários certamente contribuíram para uma curta vida útil. É aí que "Payday 2" aprimora a série. O jogo não possui uma campanha principal. Há uma série de trabalhos a serem executados e que são fornecidos pelos contatos Vlad o Ucraniano, um político misterioso conhecido como "O Elefante" e o traficante mexicano Hector.

Você pode executar os trabalhos em partidas online ou sozinho, contando com comparsas digitais. O grupo tem sempre quatro integrantes. Se você estiver jogando online, mas só encontrar uma pessoa para um trabalho, as outras duas posições serão ocupadas pelos comparsas digitais.

Contemporâneo, "Payday 2" oferece suas missões através da rede social fictícia CRIMENET. Espalhados pelo mapa da cidade, os 'trabalhos' surgem de maneira aleatória na tela. No modo online, é possível se juntar a um trabalho em andamento ou em planejamento, ou você pode se tornar o cabeça do crime, em missões ainda sem dono. Existem diversos níveis de dificuldade para todas as missões, o que aumenta o desafio e também o pagamento recebido.

Pontos Positivos

Imprevisibilidade

Fossem apenas os trabalhos oferecidos em "Payday 2" e suas versões de maior dificuldade, o jogo não duraria muito e cansaria rapidamente. A grande sacada da Overkill é a imprevisibilidade trazida a todos os cenários.

Um roubo a uma joalheria provavelmente é o primeiro que a maioria dos iniciantes pratica, pelo nível de dificuldade. Roubar o máximo de joias que conseguir, levar todas as sacolas para uma van de fuga e fim de papo. Simples. Ou não?

Numa segunda visita a esse mesmo cenário, qual não foi minha surpresa ao me deparar com uma cerca em uma viela que outrora servira de rota de fuga para mim? O caos começou a se instaurar quando percebi que a única saída possível seria pela porta da frente da joalheria, repleta de policiais, equipe tática e atiradores de elite. Pra complicar ainda mais, a van de fuga estacionou em um lugar completamente diferente da primeira vez em que joguei (um lugar bem mais ingrato, por sinal).

Por mais vezes que tenha executado um trabalho, ele jamais será o mesmo. Porque além do cenário e da ação da polícia, os seus parceiros online são como todo o resto, imprevisíveis. Alguém que executou perfeitamente um trabalho em uma ocasião pode parecer o mais novato dos jogadores em outra. E isso faz com que a vontade de jogar novamente seja difícil de vencer.

Trabalho em equipe

A cooperação é fundamental em "Payday 2". A maior prova disso é a dificuldade (e na maioria das missões, impossibilidade) de se realizar um trabalho sozinho. Mesmo jogando em grupo, basta um deslize de alguém para colocar tudo a perder.

Os trabalhos podem ser executados de inúmeras formas, realmente depende do grupo que está trabalhando nele. Tentar efetuar um roubo sem disparar alarmes é sempre bacana, mas é muito, muito difícil de conseguir. O que geralmente ocorre é a intervenção da polícia ou da segurança do local.

Muitas operações requerem o carregamento de diversas malas (com ouro, dinheiro, drogas). Essa tarefa tem que ser dividida e orquestrada para que seja efetuada com o maior lucro possível. Quanto mais integrantes completam a missão vivos ou livres, mais dinheiro e experiência todos ganham. "Não deixar nenhum homem para trás" é um lema, e sem trabalho em equipe, fica difícil.

Personalização

Como em um RPG, em "Payday 2" você escolhe entre quatro classes para seu personagem: 'Mastermind', especializado em controlar a situação e influenciar as pessoas, podendo até mesmo converter reféns e policiais para o lado dos bandidos; "Enforcer", o brutamontes que pode se especializar em armas pesadas e serras para abrir mais rapidamente caixas forte; "Technician", que pode desenvolver brocas silenciosas para efetuar roubos sem chamar a atenção ou explosivos que facilitam a abertura de cofres; e o "Ghost", classe de gatuno que pode se especializar em roubos onde usar uma arma seria o último recurso.

O bacana é que você não fica preso a uma das classes. Os pontos ganhos a cada nível de evolução do personagem podem ser distribuídos em todas as quatro. Além disso, você pode modificá-los e redistribuí-los entre as partidas, possibilitando ao jogador se preparar para um trabalho específico, por exemplo.

O bom balanceamento entre as habilidades e equipamentos do grupo também é muito importante, e pode fazer a diferença em uma missão. Se nenhum dos quatro leva um kit de primeiros socorros, a tragédia está anunciada.

A personalização também é estética, com diversas modificações que podem ser feitas nas armas e, é claro, nas máscaras. Em relação às máscaras, a brincadeira só fica mais divertida quando você alcança níveis elevados, já que a personalização delas é bem cara.

Pontos Negativos

Jogar sozinho é uma droga

Se o trabalho em equipe é um dos pontos positivos, sem dúvida jogar sozinho é uma droga. Além da inteligência artificial questionável dos seus comparsas virtuais, é importante levar em consideração a sua conexão com a internet - o jogo já apresenta 'bugs' demais sem você ter que se preocupar com lag ou quedas de conexão.

A inteligência artificial dos companheiros é bem fraca. Eles são ótimos para ajudá-lo caso você seja abatido e precise ser reanimado, mas são uma negação para todo o resto. Ficam onde não devem ficar, não são efetivos para combater a polícia e, principalmente, não ajudam em nada na hora de carregar as malas. E ter que carregar as malas com o produto do assalto sozinho é morte quase certa, esteja você online ou não. É como diz o ditado: "Vergonha é roubar e não conseguir carregar".

Faltou polimento

Para um jogo que oferece tanta diversão, muito mais baseado na originalidade do que na ostentação, "Payday 2" merecia um acabamento melhor, tanto no visual quanto em elementos de jogo: com uma engine mais poderosa, um sistema de tiro e mira mais precisos, e alguns bugs fossem resolvidos, a experiência seria melhor.

É frustrante dar tiros que você vê que estão acertando um inimigo, mas que o jogo simplesmente não registra. Ou uma mala que você quer pegar, mas que o 'Sr. Bug' resolveu não permitir.

O jogo não é feio, mas seu visual é quase retrô na simplicidade. Se tivesse sido lançado no começo dos anos 2000, seria um jogo com visual bacana. Para um lançamento de 2013, os gráficos de 2013 parecem datados. É óbvio que gráficos não são tudo em um jogo, como os pontos positivos devem ter deixado claro, mas não consigo deixar de imaginar como seria "Payday 2" com a engine de "Battlefield 4".

Nota: 7 (Bom)