Sid Meier's Pirates!

da Redação

Apesar de ser um gênero menos cultuado do que os épicos medievais com mitologia céltica, a pirataria já foi o tema de diversos sucessos, como "Monkey Island", e serviu de inspiração para títulos como "Elite" e seus clones "Wing Commander Privateer" e "Freelancer". Mas um jogo em específico mergulhou fundo na história e mitologia dos bucaneiros: "Pirates!", de Sid Meier - o mesmo criador de "Civilization". Lançado em 1987, o jogo reunia diversos aspectos na forma que pequenos módulos de uma aventura totalmente aberta que capturou a liberdade da vida desses anti-heróis dos mares. Apesar de já ter recebido um pequeno remake, a obra agora foi totalmente remodelada para se aproveitar das novas tecnologias.

Este novo "Pirates!" mantém o mesmo espírito, mas ganhou uma trama central: jogadores controlam um jovem aristocrata que teve sua família roubada e transformada em escravos por um capitão mal intencionado. Como o único a escapar da tragédia, ele jura vingança e vira recruta em um navio - que depois de um motim, o elege capitão. Com apenas o vento do Caribe e a raiva em seu coração para levá-lo adiante, ele parte em sua missão.

Içando novas velas

Talvez a maior surpresa para os jogadores é que o coração do game continua virtualmente intacto. Cada um dos pequenos módulos do game representa uma face da vida dos piratas reais e fictícios - combate marinho, duelos de espada, comércio, contratos com reinos europeus e tantas outras atividades, que aparecem na forma de passatempos. O choque vai além: você ainda controla tudo com os nove dígitos do teclado alfanumérico (com a ocasional ajuda de Shift e Ctrl). Existe uma opção de controle com mouse, mas é desaconselhada pelo próprio game. E não é à toa, visto que o teclado funciona bem com a simplicidade desse sistema. O mouse, porém, deve ser utilizado para navegar pela tela de comércio (bem simplificada), para conversas, nos mapas e afins.

A tendência mais natural dos jogadores modernos é testar o game por três minutos e ficar decepcionado com a exagerada simplicidade das partes individuais de "Pirates!". Mas não deixe isso enganá-lo: a mecânica desses "passatempos" pode parecer diminuta, mas esconde as mesmas riquezas de uma ilha do tesouro . Na medida em que você vai explorando o Caribe, descobre estratégias melhores para abordar navios, pilhar cidades, seduzir filhas de governadores e conseguir o favor da nobreza. E a beleza de tudo é que o game é acessível para virtualmente qualquer pessoa!

Outro aspecto que não pode ser deixado em branco é a natureza aberta da fórmula de "Pirates!". Se você quiser só buscar vingança e procurar sua família, pode fazer isso. Se preferir virar um temível pirata e juntar enormes riquezas roubadas, nada o impede. Ou então procurar contrato com um dos reinos europeus e ganhar títulos de nobreza cometendo atos de pirataria para eles. Mas quem não quiser uma vida de crimes pode simplesmente se tornar um mercador e juntar fortunas. Tudo isso não é apenas possível e estimulado pelo jogo, mas medido quando seu pirata se aposenta - evento que o jogador decide quando ativar. Sua riqueza, fama e outros elementos são medidos e transformados em um placar, que lhe dá vontade de começar tudo de novo para ver onde você vai chegar.

E uma garrafa de rum!

Todo esse pacote é complementado de maneira excepcional por uma profunda pesquisa histórica e da ficção relacionada ao tema. Além de criar um bom panorama do Caribe do século 17, o game gerencia a economia e domínio dos diferentes reinos de maneira totalmente orgânica - fazendo com que cada partida resulte em um universo único para o jogador. E se isso não for o suficiente, o game acompanha um manual exemplar, que serve de excelente leitura e ótima referência - incluindo até um mapa colorido em separado. Apesar de extremamente didático e simples, alguns jogadores podem sentir a falta de um tutorial sistemático no próprio game.