Sam & Max Episode 5: Reality 2.0

da Redação

O retorno de "Sam & Max", na forma de capítulos vendidos via download, mereceu críticas e elogios até agora. As críticas, em sua maioria, concentram-se nos quebra-cabeças, às vezes demasiadamente fáceis, e na repetição excessiva de cenários, enquanto o aspecto mais celebrado é justamente o humor e o "espírito" do adventure, preservados com maestria mesmo após tantos anos.

Após ameaçar uma queda de apelo por volta do terceiro episódio, "Abe Lincoln Must Die!" recolocou a temporada nos trilhos e, de quebra, o coelho Max na presidência dos Estados Unidos. Em "Reality 2.0", a reação positiva é comprovada no melhor episódio até agora, com sabor especial para a geração "geek", pelas inúmeras referências e piadas relacionadas ao universo da tecnologia - em especial, à internet e aos games.

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Em "Reality 2.0", a ameaça é uma "vilã" bastante conhecida dos tempos atuais: a Internet, sugestivamente reproduzida através de um avatar feminino inspirado em SHODAN, de "System Shock". Aliada a um game infectado por um vírus, a Internet está causando uma crise global e, como não poderia deixar de ser, cabe à dupla de detetives investigar (e resolver) o caso, antes da falha total do sistema.

Muito embora os cenários sejam os mesmos já explorados à exaustão nos capítulos anteriores, desta vez a Telltale aproveitou o enredo para criar uma versão alternativa dos locais manjados. Diante disso, a loja de inconveniências de Bosco, por exemplo, virou uma loja de itens e poções típica dos RPGs de fantasia - e Bosco, por sua vez, interrompeu os disfarces baseados em nacionalidades para encarnar um meio-elfo.

Mas, antes de embarcar nessa realidade alternativa, o início é semelhante ao dos demais episódios - ou seja, na época atual. A diferença é que aparentemente Max continua na presidência dos Estados Unidos e, por isso, há muitas piadas e diálogos novos com objetos antigos do escritório (e mesmo no decorrer do game), um convite irresistível a explorar novamente todos os cantos.

Mas o melhor está reservado mesmo à realidade alternativa, repleta de referências à cultura digital. Como o universo está em "versão beta", segundo o próprio jogo, não faltam banners com propagandas ou o famoso "Erro 404", que tanto irritam os internautas na vida real. De longe, é o trabalho de arte mais admirável da primeira temporada, proporcionando três horas de jogo muito gratificantes.

A trilha sonora, por sua vez, não repete o mesmo brilho de outrora, sem nenhum aspecto em especial a se destacar. Aliás, considerando as inúmeras possibilidades proporcionadas pelo tema, músicas e efeitos sonoros poderiam ser muito melhor aproveitados.

Viva o spam

Diferentemente dos episódios anteriores, os quebra-cabeças de "Reality 2.0" têm maior relação entre si, que você consegue acompanhar com clareza durante o jogo, tornando a trama mais envolvente. Além disso, finalmente o vilão por trás de todos os capítulos se revela, embora o principal fique mesmo para o desfecho da temporada.

Os enigmas não chegam a ser mais difíceis que o de costume, pelo contrário: alguns são tão óbvios que, por isso mesmo, podem demorar um pouco mais até serem solucionados. Na maior parte do tempo, você vai se ocupar na busca por cinco moedas de ouro para comprar um item na loja de Bosco. É claro que os quebra-cabeças usam e abusam das referências a web e aos games, com direito a uma luta contra um filtro de spam. Até mesmo o final é à altura do enredo, mas contar mais estragaria a surpresa.

Chegando ao penúltimo episódio, incomoda um pouco o fato de que cada um deles tem quase nenhuma conexão com os demais. Tudo bem, afinal, em geral todos são bem produzidos, divertem etc e tal, mas, mesmo assim quem gosta de se envolver com a história - ainda que esta se enquadre nos padrões estapafúrdios de "Sam & Max" - pode sentir falta desta interconexão.

Geek até a morte

"Sam & Max Episode 5: Reality 2.0" é o melhor capítulo da temporada até o momento: inova no humor e no sarcasmo e ilustra vertentes da cultura digital, fazendo emergir aquela divertida sensação "nerd". Tudo isso sem perder a qualidade e o requinte típico do adventure, o que mostra que a Teltalle está afinada com a série. A impressão que se tem é a de que a equipe se divertiu muito desenvolvendo "Reality 2.0". Agora, é a sua vez.