Sam & Max Season 2: Ice Station Santa

THÉO AZEVEDO
Da Redação

Com o pé direito, "Ice Station Santa" estréia a segunda temporada do adventure e mostra o quão afinada está a Telltale Games com o formato de distribuição de conteúdo por episódios. O game está mais amigável aos novos jogadores (e potenciais futuros fãs), mas não descuida nem um instante daqueles que acompanharam a temporada inicial, repleto de referências a episódios passados, além de um humor dos mais inspirados.

Papai Noel enlouqueceu

Em "Ice Station Santa", Sam e Max recebem um bizarro presente do Papai Noel: o Maimtron 9000, um robô gigante que, além de causar destruição nos arredores do escritório da dupla de detetives, dedica-se a "desenterrar" pérolas do pop, de Michael Jackson a Devo. Na verdade, autômato é parte de uma trama do bom velhinho, que enlouqueceu e decidiu distribuir presentes "exóticos" por aí. É lógico que está nas mãos da dupla a missão de detê-lo, em um conto de Natal como você certamente nunca viu.

Pelo início da segunda temporada, percebe-se que a Telltale está antenada com a busca por um formato ideal para a distribuição por episódios: logo de cara, ao som das piadas dos velhos computadores de "Reality 2.0", o jogador tem a oportunidade de determinar a resolução gráfica, o nível de auxílio do computador na solução dos enigmas - variando de nenhum a muito freqüente - e até mesmo passar por um tutorial. Embora faça muitas referências à temporada anterior, até os principiantes podem se divertir com "Ice Station Santa", já que os diálogos procuram, didaticamente, contextualizar os fatos.

Os fãs também não têm do que reclamar: uma das principais queixas, a repetição exaustiva de locais, foi amenizada, com a introdução de áreas como o restaurante Stinky's Diner, a loja PimpleCar e, claro, o Pólo Norte, à medida que a dupla de detetives não perde a oportunidade de ir até o Papai Noel - que não os recebe nada bem, só para constar. Mesmo os locais conhecidos, como a loja de Bosco e o escritório, estão diferentes, com uma série de objetos inéditos e, conseqüentemente, novas formas de interação.

Ao jogar "Ice Station Santa", a impressão é a de que a série está em sua melhor fase: roteiristas, designers e a equipe de produção como um todo mostram uma sintonia brilhante, que se reflete em enigmas interessantes, interligados um com o outro - quem joga "Sam & Max" sabe muito bem que, às vezes, os quebra-cabeças simplesmente não fazem sentido - e, especialmente, em uma inspiração admirável nos diálogos. A diversão está em clicar em cada objeto e explorar cada diálogo, para espremer até a última gota as tiradas e piadas do game.

Velhos conhecidos

"Ice Station Santa" também é pródigo em fornecer material para, futuramente, ser referência em futuros episódios, não apenas por Maimtron 9000, mas também na singular representação de Papai Noel e de seus duendes. O problema é que detalhar mais sobre o assunto seria estragar muitas das surpresas que fazem o episódio valer a pena. De todo modo, figuras conhecidas, como os Soda Popper e até Flint Paper, truculento investigador do "Sam & Max" original, também aparecem.

Antenado, o episódio é ainda recheado de citações às culturas pop e "nerd", por assim dizer. Em suma, a série chegou a um estágio em que conhece muito bem seu público e, por isso, pode se dar ao luxo de criar conteúdo bastante direcionado.