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The Walking Dead: 400 Days

Pablo Raphael

Do UOL, em São Paulo

10/07/2013 19h03

Episódio de ligação entre a excelente primeira temporada de "The Walking Dead" e sua continuação, "400 Days" é uma experiência e tanto para a Telltale Games: ao invés de resgatar personagens queridos aos jogadores, a produtora nos coloca no controle de cinco rostos novos, em momentos distintos do pós-apocalipse zumbi.

São aventuras curtinhas, conectadas apenas pelo cenário, que não perdem tempo em levar você a questionamentos difíceis: é mais fácil matar alguém que não fala sua língua? Ajudar um desconhecido ou deixar que outra pessoa resolva isso? Escolhas de vida e morte dividem o tempo do jogador com decisões morais, que não são mais fáceis por envolver personagens recém-apresentados. Personagens esses que são, em seus 20 e poucos minutos de vida, mais profundos e completos do que a maior parte dos protagonistas de outros games.

Introdução

Em "400 Days" você acompanha cinco pequenas histórias envolvendo personagens que passaram por um posto de gasolina numa estrada da Geórgia - a mesma estrada que serviu de palco para alguns dos episódios da primeira temporada de "The Walking Dead".

Cada aventura se passa em um período diferente: uma delas mostra um grupo de presidiários acorrentados em um ônibus, no exato dia em que os mortos-vivos se levantaram. Outra, vários meses depois, mostra o posto cercado de zumbis, com pessoas paranóicas que já não confiam umas nas outras e menos ainda em estranhos.

O jogo segue a mecânica de 'apontar e clicar' da temporada anterior e mantém o foco nas relações humanas - os zumbis famintos ao redor são um perigo constante, mas servem mais como pano de fundo para as coisas que realmente importam.

Pontos Positivos

Personagens cativantes

A Telltale consegue construir personagens mais profundos e complexos em 20 minutos do que outras produtoras fazem com dezenas de horas. "400 Days" apresenta cinco protagonistas e alguns personagens secundários e você vai se conectar com alguns deles nesse curto intervalo de tempo - é a duração de cada aventura do jogo.

As tramas individuais são pontuadas de situações difíceis, algum drama e até mesmo ação, com tiroteios aqui e ali. O adventure não poupa o jogador da tensão dos episódios anteriores, na verdade, pela curta duração de cada aventura a tensão parece ampliada: você conhece o personagem, a situação ao redor e logo se vê decidindo questões complicadas de vida e morte.

Para os fãs da série da Telltale, é interessante notar que alguns dos personagens de "400 Days" estarão na segunda temporada do adventure. Quais deles - e de que forma - são detalhes que apenas as suas escolhas vão responder.

Mecânicas refinadas

Em "400 Days", a Telltale parece admitir que sua habilidade para contar histórias é muito maior do que a técnica para fazer jogos - as infames sequências de QTE, onde se pressiona um botão loucamente para alcançar um determinado resultado, como se livrar das garras de um zumbi - ou os fracos tiroteios com uma retícula lenta demais, são substituídas durante quase todo o jogo por diálogos e escolhas.

Mas quando aparecem, são bem feitas. O tiroteio no pântano é uma cena bastante superior a outras lutas na temporada inicial. Já os QTEs são utilizados com moderação - e até mesmo de forma subvertida, em uma das sequências mais dramáticas de "400 Days".

Aqui, a mecânica de jogo funciona como um suporte para a narrativa, não tirando o jogador do 'mundinho' de "Walkind Dead" com sistemas arrastados ou travamentos desnecessários.

Pontos Negativos

Muito curto

Após esperar meses por um novo episódio de "The Walking Dead", é difícil aceitar que "400 Days" dure apenas cerca de duas horas de jogo. Fica a vontade de explorar mais a vida desses novos sobreviventes, acompanhar seus passos após as aventuras apresentadas no game.

Você sempre pode jogar de novo, tentar escolhas diferentes - mas aí se perde um pouco da surpresa dos resultados. Melhor viver com suas escolhas e esperar o começo a próxima temporada.

Nota: 9 (Excelente)