Quando um jogo carrega uma licença, seja ela de filme, desenho animado, livro ou história em quadrinho, o designer normalmente precisa se desdobrar para ser fiel à obra original. Mas no caso de "XIII", a idéia parece ter sido oposta: a licença não foi escolhida por sua fama, mas por representar a idéia que a empresa queria para o produto. O resultado é uma obra em que o estilo predomina sobre quase todos os aspectos do game.
Quem sou eu?"XIII" (ou "Thirteen", Treze) coloca o jogador na pele de um homem com amnésia cujas únicas pistas sobre sua identidade são uma tatuagem (que diz "XIII" e lhe serve de nome) e uma chave de banco. Isso, e o fato de que, ao acordar sem memória, ele está sendo caçado por terroristas e polícia. O cenário é uma conspiração política que envolve o assassinato do presidente e tem o pobre XIII como principal suspeito.
Assim como na história em quadrinhos, XIII não sabe se ele realmente foi responsável pelo crime, e passa boa parte da ação tentando saber mais sobre si mesmo e o atentado. Mas ao contrário de jogos baseados em obras como "O Senhor dos Anéis", as chances são que o jogador não conhece o final - e é nisso que a Ubi aposta.
Insira seu balão aquiCada seqüência de "XIII" esbanja não só no estilo visual (graças ao visual Cell Shaded mais sangrento do mercado), mas em toda a apresentação. XIII tem vários flashbacks interativos que ajudam a desenrolar a trama e aprofundar ainda mais o jogador na atmosfera. Aproveitando-se da sua herança de HQ, o game usa convenções dessa arte em sua fórmula: mortes elaboradas são montadas como séries de quadrinhos em zoom na tela, sons de passos são localizados com onomatopéias (é fácil seguir alguém atrás de uma parede quando você VÊ o "tap tap" de seus sapatos) e recordatórios ajudam a explicar a trama.
Apesar de tudo isso adicionar à fórmula e inovar os padrões dos jogos de tiro em primeira pessoa, a Ubi Soft acabou pisando em aspectos básicos de produção. A inteligência artificial dos oponentes beira ao ridículo, e os seus aliados não são muito melhores, se jogando nos inimigos quando você precisa defendê-los. E como boa parte do game depende de eventos pré-programados para continuar, é uma pena que muitos só sejam ativados com alguma dificuldade simplesmente porque o jogador não encontra a posição certa para prosseguir.
Quadrinho (pouco) interativoO jogo é totalmente linear e os maiores desafios (além de se manter vivo) são encontrar os pontos onde se prender com um gancho-guindaste e defender personagens secundários. Com suas poucas armas e ausência de planejamento tático, o game pode se tornar um pouco maçante.
CONSIDERAÇÕES
O que prende o jogador no final das contas é a trama e a atmosfera, que são capazes de manter qualquer curioso preso nessa fórmula medíocre até o final para descobrir o segredo do misterioso atentado contra o presidente. Se o que você procura é uma HQ interativa, então "XIII" é exatamente o que você quer.