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PlayStation 2

Beatdown: Fists of Vengeance

07/03/2006

AKIRA SUZUKI
Colaboração para o UOL
Os jogos de briga chamados de "beat'em up", populares até o final da década de 80 e tendo títulos como "Double Dragon" e "Final Fight" como símbolos, andaram meio esquecidos. Agora, mais de 15 anos depois, algumas produtoras resolveram revisitar o estilo, como "The Warriors", título da Rockstar Games baseado no filme "Os Selvagens da Noite", e esse "Beat Down: Fists of Vengeance", da produtora Cavia, mais conhecida por "Drakengard", para PlayStation 2.

Distribuído pela Capcom, notadamente uma especialista quando o assunto é luta, o título traz boas idéias, porém, a execução acaba sendo pobre. Mas o que enterra quaisquer ambições a que possa aspirar é a extrema repetição e um ritmo lastimável, parando o andamento para carregar dados a todo instante.

A lei dos punhos

"Beatdown" é um jogo de ação com exploração, com foco nos combates corpo-a-corpo, seja contra uma multidão - daí a relação com "Final Fight" - ou em lutas tête-à-tête, mais similar a um "Street Fighter". Assim como o clássico que trazia um prefeito que brigava política e fisicamente contra gangues de Metrocity, o assunto do presente título aborda grupos organizados de violência em guetos.

A história do jogo envolve cinco membros da quadrilha liderada por Zanetti, uma de muitas na cidade de Las Sombras. Os problemas surgem quando um time vai para uma negociação com traficantes de drogas, mas quando chega ao local combinado encontra todos mortos. Logo em seguida, os cinco companheiros se vêem cercado por sua própria gangue, sinal de que algo está muito errado. Assim, eles se dividem e procuram um meio de fugir da encrenca.

Essa cena de fuga, os primeiros momentos controláveis do game, funciona como um tutorial. Aqui, o jogador aprenderá os comandos básicos, que incluem socos, chutes, agarrões e defesa. Naturalmente, existem seqüências de golpes, típicas de jogos de luta 3D, que tiram mais energia que ataques independentes, em geral. Além disso, existem pancadas que vão um pouco além do básico e ecigemm uma certa combinação de toques no direcional e nos botões de ataque.

Como se trata de briga de rua, armas brancas, improvisadas ou não, também fazem parte do cotidiano dos lutadores. Naturalmente, elas provocam mais danos que socos ou chutes e não podem ser defendidos apenas com os punhos - é necessário também ter uma arma. Por outro lado, tendem a serem mais lentos.

Mas quem estiver desarmado pode usar de certos truques para reverter a situação. Golpes que derrubam o oponente também fazem com que este deixe cair a arma no chão. Além disso, existe um movimento que tira os objetos diretamente das mãos do adversário. Muitas das armas, principalmente as improvisadas, como paus e canos, têm uma durabilidade limitada.

É na rua que se aprende a brigar

A liberdade de movimento nas brigas contra uma "galera" é maior, permitindo golpear para quaisquer direções, uma vez que os alvos podem estar em todos os lados. Quando todos estiverem derrotados, o jogador pode chegar perto dos corpos caídos e roubar-lhes seus pertences, que podem ser dinheiro ou itens. Nesse modo de briga, existe o tradicional golpe que permite escapar de situações difíceis, em troca de uma parte de sua energia física.

Já os combates um-contra-um, os comandos funcionam como um jogo de luta no estilo de - guardadas as devidas proporções - "Tekken", por exemplo. Não espere uma quantidade de golpes imensa, apenas o suficiente para não ficar em socos e chutes básicos e imprimir um pouco de personalidade a cada um dos cinco membros da gangue. Aqui, um eixo imaginário amarra os dois lutadores, mas há movimentos que permitem desviar para o fundo ou para um plano próximo da tela.

Em ambos os modos de combate, a técnica para realizar combos será pouco valorizada, já que as armas e principalmente os arremessos são muito poderosos. Alguns desses agarrões merecem destaque por parte do game em forma de apresentações especiais, com uma câmera pegando esses momentos em close. Nada como ver o rosto do oponente colidindo contra uma parede - aliás, a quantidade de sangue e de violência gratuita é alta. O cenário também tem influência nos confrontos e, em determinados lugares, os lutadores podem ser atropelados por trens ou carros.

Por falar em câmera, a visão é um dos maiores inimigos em "Beatdown". Na configuração inicial, o sistema está programado mudar o ângulo conforme a direção em que estiver caminhando o personagem. O resultado disso é que você praticamente não conseguirá andar reto, tal e qual um bêbado, e durante as lutas, o giro da visão é tão freqüente que não é difícil ficar desorientado. Faça um favor para si mesmo e desligue a "inteligência" da câmera - os controles agradecem. Mesmo no modo manual, ainda há problemas de visão, sobretudo em ambientes mais estreitos, mas, ao menos, você poderá andar sem ser em ziguezague.

Dupla nada dinâmica

Depois do breve tutorial, o jogador será apresentado às ruas de Las Sombras e logo descobre um bar onde funcionará como quartel general. Ali, você poderá salvar o jogo e receber dicas de Tracy para realizar as missões principais do game. O barman Melvin é responsável por servir drinques, que enchem a energia do seu personagem e de um eventual aliado, além de oferecer trabalhos rápidos que rendem algum dinheiro. Ainda, ensina alguns golpes novos se tiver nível de técnica compatível.

Um dos primeiros acontecimentos do bar é uma briga que demonstra um dos principais recursos de "Beatdown", o de fazer aliados. No caso, o sistema consiste em acabar com o moral do oponente, aplicando golpes ou fazendo provocações, para depois fazer-lhe ameaças. Pode-se exigir que seja um aliado, roubar-lhe os pertences, extrair uma informação ou simplesmente espancá-lo de forma brutal.

Essas lutas também rendem experiência e com o aumento de "level", como um RPG, é possível dedicar pontos para fortalecer três atributos do personagem: resistência (influencia na energia física), força (os golpes danificam mais os oponentes) e técnica (permite aprender novos golpes e prolongar a vida útil das armas).

Uma vez do seu lado, os aliados ficam sempre disponíveis numa lista e você pode recrutá-los quando quiser. O game aceita apenas um assistente por vez, que luta junto nas batalhas contra uma multidão ou fica como um "reserva" nas lutas mano-a-mano, e entra em ação caso o lutador principal perca o combate. Alguns personagens exigem a companhia de uma determinada pessoa para entrar em seu grupo. Existe também como fazer negociações pacíficas, oferecendo dinheiro, por exemplo.

Banquete de lutas e interrupções

O game oferece um modo de exploração, em que poderá percorrer a cidade livremente, ou quase. Apesar de o mapa ser ridiculamente pequeno - são sete áreas principais e muitas não passam de uma esquina ou uma quadra da cidade - você é constantemente interrompido por brigas aleatórias e o carregamento de dados.

É que, como um membro de gangue, o personagem não é bem-visto nem pela polícia, nem por grupos rivais, sendo que, quando ocorre um encontro com alguns deles, uma luta pode ser desencadeada. O jogador pode diminuir a incidência desses combates ao utilizar novas roupas ou até mesmo passar por operações plásticas. É possível usar algumas opções bizarras, como colocar rosto de mulher num corpo de homem. Por mais que seu disfarce seja perfeito, na medida em que o jogo avança, o nível de reconhecimento volta a subir, sendo necessário sempre ficar investindo para manter o nível baixo. Ou seja, é quase impossível escapar desses combates aleatórios.

Além de tudo, o ritmo é prejudicado pelo excesso de "loadings". Numa época em que jogos têm mapas enormes e se esforçam para evitar o máximo de interrupções, "Beatdown" aparece como um mau exemplo, ainda mais com ambientes tão pequenos. A tela de carregamento de dados aparece até quando se entra numa simples loja, formado exclusivamente por um cômodo. Isoladamente, a espera não é longa, mas a freqüência com que isso ocorre é de enervar qualquer jogador. Como se não bastasse, a cada nova luta, há um momento de preparação, numa tentativa de dissimular o acesso ao disco.

Mas o pior defeito do título é mesmo não oferecer variação. As missões sempre se revolvem com lutas e é isso que você fará do começo ao fim. Não há minigames ou algo diferente da fórmula para tentar sair da repetição. É um ciclo que alterna somente deslocamento e combates.

Além da aventura para um jogador, o game também conta com um modo para dois lutadores se digladiarem, como um título de luta tradicional. Mas com poucos golpes para cada personagem e o desequilíbrio entre os diversos golpes - como dito, os arremessos combinam simplicidade de acionamento e poder avassalador - faz com que não exista muita competição.

Modelos do gueto

Visualmente, o game tem dois momentos distintos. Enquanto os personagens principais possuem boa modelagem e muito estilo - os rostos, particularmente, são muito detalhados - os cenários não passam de uma maçaroca. Além de pequenos, são simples e com texturas indefinidas.

Os personagens, ainda, têm opções variadas para trocar de roupas, entre coletes, ternos, calças, sapados e todo o tipo de acessórios. De maneira geral, todas as roupas caem muito bem nos esbeltos lutadores. Ainda, é possível mudar a aparência trocando o cabelo, ou partir para procedimentos mais radicais, como modificar os olhos e boca, por exemplo, sob desculpa de ser uma cirurgia plástica. À medida que recebem golpes, o rosto deles pode ficar desfigurado, sendo necessário um tempo para se recuperar das escoriações.

Por outro lado, todos os personagens que não sejam importantes na trama têm um tratamento menos personalizado. Alguns poucos modelos genéricos pouco inspirados foram usados para representar os transeuntes e policiais. Ao menos, o fluxo de tela é sem falhas, rodando de maneira muito suave.

Já o departamento sonoro não oferece nada de compensador. A trilha musical, se é que assim pode ser chamada, se resume em repetições de clipes de cerca de 30 segundos, que, variam do inócuo à irritação total. As dublagens sofrem mais com o texto ruim do que com as interpretações, que, se não são de todo ruins, também estão longe de soarem naturais ou autênticos.

Tempo de violência

"Beatdown: Fists of Vengeance" soa como uma oportunidade perdida. O sistema de aliciar aliados renderia uma variação interessante nas missões, mas qualquer boa idéia não suportaria um título repetitivo e que pára a toda hora para carregar dados. Mas se você gosta de jogos de luta e principalmente de violência gratuita, poderá encontrar doses maciças por aqui.

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    Beatdown: Fists of Vengeance (Playstation 2)

    46 imagens

    FICHA TÉCNICA
    Fabricante: Cavia
    Lançamento: 23/08/2005
    Distribuidora: Capcom
    Suporte: 1-2 jogadores, cartão de memória
    Outras plataformas: XB
    RegularAvaliação:
    Regular

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