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PlayStation 2

Bully

27/10/2006

AKIRA SUZUKI
Colaboração para o UOL
O que a produtora Rockstar tinha na cabeça para batizar seu novo jogo como "Bully"? O termo se refere aos maus tratos físicos e psicológicos que alguns alunos sofrem nas escolas, um fenômeno muito sério em alguns países e que estaria ligado a tragédias de estudantes baleando seus colegas, como no caso da cidade de Columbine. O nome rendeu tantas polêmicas que a produtora se viu obrigada a trocá-lo na Europa e na Austrália para o horrível "Canis Canem Edit", termo em latim que significa "cão come cão".

Alguns conservadores consideraram, diante de informações preliminares, que "Bully" seria um novo tipo de "Grand Theft Auto", uma das séries de maior controvérsia na história dos jogos eletrônicos, ou, pior, de "simulador de Columbine", cunhado por um conhecido advogado anti-videogame. O fato é que o título é muito mais polêmico que seu conteúdo. Mas a melhor notícia é que o jogo está à altura da publicidade que se gerou em torno dele.

Minha nada mole vida escolar

"Bully" é um jogo de ação com estrutura aberta de fases, permitindo bastante liberdade e exploração, graças a um mapa bem extenso. Escrevendo assim, até parece a descrição de "Grand Theft Auto" e, de fato, os dois títulos guardam muitas semelhanças. Mas o assunto de "Bully" é mais específico, o que significa um mundo muito menor, mas que permite ser explorado mais profundamente.

Quase tudo funciona da mesma forma que o game carro-chefe da Rockstar, mas adaptado à vida escolar: em vez de crimes, delinqüências juvenis - ou, se quiser, um senso de justiça todo peculiar -; no lugar de policiais, inspetores de escola; e, na hora de tirar as diferenças, nada de artilharia pesada, mas socos, chutes e algumas armas caseiras, como estilingue e bolinhas de gude.

Apesar de mais inocente, o título tem sua cota de controvérsia, mas muito mais leve que um "Manhunt" ou próprio "GTA", tanto que ganhou a classificação "Teen" (apropriado para acima de 13 anos) pela ESRB, órgão americano que determina a indicação etária para os jogos.

No mundo de "Bully", muitos personagens têm desvio de moral, desde o protagonista Jimmy Hopkins, 15, um pestinha de marca maior, até os altos quadros da Academia Bullworth, a instituição na qual Hopkins é matriculada por sua mãe e o novo marido rico dela. Assim, o casal fica livre para fazer uma longa lua-de-mel.

Aqui, o limite da violência é espancar o adversário com um taco de beisebol, por exemplo, mas sem mortes. Um pouco mais espinhosa é a violência moral, pois você pode aplicar um "bullying" nos oponentes, que, consiste, basicamente, em humilhá-los, ainda que o game não incentive essas ações. No lado amoroso, o máximo que acontece são beijos na boca com várias garotas (e também com alguns garotos). Drogas, nem pensar. Enfim, não tem nenhum conteúdo mais forte que outros jogos ou filmes da mesma classificação etária.

Conhecimento é poder

Apesar do forte desse tipo de jogo ser a liberdade, no começo, talvez para introduzir o aluno pouco a pouco na vida da Bullworth Academy, as coisas começam um pouco devagar. O jogador é apresentado aos vários elementos do game, como o funcionamento dos combates e da interação social, ambas de grande importância.

No começo, existem apenas algumas missões por dia, já que você tem que comparecer às aulas. Existe um relógio interno que governa os eventos. Não se trata de nada rígido, mas o tempo definitivamente determina alguns limites. O dia começa às 8h, com aulas às 9h e 13h. Às 19h, fica proibido de entrar na escola e o toque de recolher soa às 23h. Essas são as regras, mas você tem a opção de não cumpri-las. Apenas fique longe dos inspetores. A única lei que não pode ser quebrada é a das 2h da madrugada, quando Hopkins literalmente "capota". Pelo jeito, não se vende guaraná em pó em Bullworth.

Intencional ou não, a mensagem de "Bully" é que o estudo é importante. Nesta instituição, as aulas não apenas adicionam vantagens para o personagem, mas também são divertidas. Todas elas funcionam como um minigame e muitas vezes homenageiam clássicos dos videogames. A de química é como um game musical, em que se deve pressionar os botões indicados no tempo certo. Na de arte, o esquema é igual a "Qix", ou seja, usando um cursor deve-se delinear uma área e assim revelar um desenho. As aulas de queimada são semelhantes a "Super Dodge Ball". Mas a homenagem mais memorável e divertida são as lutas de boxe, que remetem ao clássico "Punch-Out" da Nintendo, mas com um controle muito mais completo.

Essas atividades conferem novas habilidades para Hopkins. A disciplina de inglês melhora sua lábia, como a de dar desculpas para os inspetores; com a Química, fazem-se itens como fogos de artifício; as lutas de luta-livre conferem novos golpes de agarrão e por aí vai. É uma pena que haja apenas cinco aulas para cada disciplina. Depois disso, a freqüência passa a ser facultativa. Mas, provavelmente você não voltará mais, pois não há nenhuma recompensa.

Te pego lá fora!

Depois de alguns capítulos, o protagonista ganha liberdade quase plena, sem muitos compromissos. É quando o jogo atinge seu potencial máximo, com um grande número de missões para realizar. Há vários tipos deles, entre principais e alternativas. Essa segunda categoria atende geralmente a "tribos" específicas. Você provavelmente já deve ser visto isso vários filmes que retratam as escolas americanas: os nerds, os grandalhões do futebol americano, os nativos da cidade etc.

E, por fim, há os favores pessoais, em que colegas pedem para fazer algum tipo de serviço, geralmente sujo. As missões dão dinheiro, que servem para comprar comida, roupas e outras coisas úteis, e também respeito com cada uma das tribos. Mas nem sempre é possível se dar bem: às vezes, ganha-se em uma ponta, mas perde-se em outra.

O maior mérito de "Bully" é que, não obstante a quantidade de missões ser bastante alta, traz uma variedade enorme de ação, como entregar e receber de objetos, proteger certos alunos, fazer travessuras e participar de diversas competições. Essas missões podem na forma de minigames, como o arrombamento de armário, ou por mecanismos variados, como um de quase tiro em primeira pessoa, usando o estilingue. Além disso, Hopkins pode andar de bicicleta e skate, com direito a manobras. Mas a ação mais usada são as lutas.

O sistema de combate é amigável para novatos, mas oferece boa variedade ao usuário experiente. Na maioria dos casos, basta marcar um oponente (usando o botão L1, que também serve para defesa) e pressionar o botão de ataque sem parar. Mas, para quem quiser variar, há uma ampla gama de ataques mais bonitos e eficientes. Há diversos tipos de "combos" e golpes de agarrão. Além disso, é possível chutar o oponente quando ele estiver no chão ou até mesmo montar nele e desferir golpes desta posição. A variedade de golpes aumenta com aulas de educação física e com um veterano da Guerra da Coréia que mora no campus.

Agenda cheia

A boa notícia para uma grande parte dos jogadores é que as missões são relativamente fáceis, muito mais convidativas que as de "Grand Theft Auto", por exemplo. Mas quem já conhece esse tipo de título, não terá quase nenhum desafio, a não ser completar 100% o game, procurando os vários itens escondidos. Ainda assim, as missões divertem pela variedade e por serem interessantes.

Os mapas não são tão grandes como os da famosa série da Rockstar, mas têm um tamanho considerável, com muitos lugares para visitar. Sem um veículo rápido - há bicicletas e skates - cruzar toda a Bullworth pode ser bem demorado. Mas os cenários são bem variados, assim como a população que circula pelas redondezas.

Todos os personagens parecem ser diferentes uns dos outros, aliás, depois um tempo, você provavalmente estará reconhecendo cada um de seus colega, ao menos aqueles mais excêntricos. Nas partes iniciais, acontece uma festa de Dia das Bruxas na Academia e há uma variedade incrível de fantasias. Mas há alguns contratempos também: a exploração não é livre de "loadings": toda vez que você entra num novo prédio, há uma interrupção para carregar dados.

O título já é divertido por si só, mas o ótimo roteiro contextualiza cada uma das missões, dando coerência às ações. No geral, todos os textos estão muito bons, mas algumas cenas não-interativas são simplesmente impagáveis. Vale a pena se esforçar para entender as tiradas em inglês. Essa qualidade no roteiro já é uma tradição da Rockstar, como já se viu em "Manhunt" e "The Warriors".

Atores digitais

O visual de "Bully" não chega a encher os olhos, mas é muito competente, mais detalhado e complexo que "Grand Theft Auto", por exemplo. Os cenários têm uma modelagem bem variada, além de contar com uma grande quantidade de objetos interativos - há até uma bola de futebol. As texturas também foram bem utilizadas, como no caso da roupa dos personagens, simulando o material e os vincos das peças.

Os bonecos também têm um bom nível de detalhes, mas o que brilha neles é a parte artística. Cada um deixa transparecer sua personalidade, também estruturada de forma brilhante por dentro, em seu nível psicológico. Basta ver algumas cenas não-interativas para perceber a riqueza de expressões dos personagens. Até mesmo os modelos 3D que fazem papéis secundários, que soma quase uma centena, receberam atenção da equipe, tendo bastante distinção entre eles.

A quantidade de objetos e pessoas numa mesma tela, além de um cenário complexo, cobra seu preço em forma de queda de desempenho. O fluxo de tela não pode ser considerado suave nem em sua velocidade máxima, mas, mesmo na pior das hipóteses, ainda é aceitável, sem prejudicar muito a controlabilidade.

Completam o trabalho de caracterização, além dos ótimos diálogos, as excepcionais interpretações dos dubladores de alto gabarito e que souberam se adaptar clima do game. As músicas, compostas originalmente para o game, esbanjam personalidade. Tem um pouco de espírito brincalhão, como na peça que toca depois de fazer as missões com sucesso.

Liberdade para as massas

"Bully" é menos grandioso que "GTA", mas definitivamente tem suas próprias qualidades. Trata-se de uma obra mais "amigável" para novatos, sem detrimento da experiência de jogo, além de ter uma cota de escândalos bem mais leve. Com um roteiro de primeira linha, a vida escolar nunca foi tão divertida como na Academia Bullworth.

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    Bully (Playstation 2)

    57 imagens

    FICHA TÉCNICA
    Fabricante: Rockstar Vancouver
    Lançamento: 16/10/2006
    Distribuidora: Rockstar Games
    Suporte: 1 jogador, cartão de memória
    Outras plataformas: PC WII X360 XB
    ImperdívelAvaliação:
    Imperdível

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